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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Vale da Vilariça (Torre de Moncorvo)

 O Vale da Vilariça tem uma área aproximada de 34.000 hectares, constituindo uma pequena planície aluvionar de 5000 hectares, da ribeira que lhe dá o nome, e que nasce a cerca de 25 kms na Serra de Bornes.


O Vale da Vilariça corresponde a uma mega fractura activa, que atravessa o distrito de Bragança no sentido N/S, provinda da Galiza e que se prolonga pelo distrito da Guarda. Esta falha alargou-se no curso inferior do rio Sabor e na ribeira da Vilariça. É esta grande estrutura que obriga o Douro a dar um meandro caprichoso na Quinta Vale de Meão (a quinta que a uns anos atrás produzia o vinho tinto mais famoso de Portugal (o Barca Velha) (*).

A Rebofa do Vale da Vilariça

Quando o caudal do rio Douro é maior, impede as águas de rio Sabor de desaguar naquele. É o refluxo do rio Sabor que possibilita a sedimentação de nutrientes no fundo do vale tornando-o muito fértil- é a rebofa. A regularização do curso do Douro, primeiro com o rompimento do Cachão da Valeira no final do século XVIII e mais recentemente com a construção de barragens, tem vindo a diminuir a intensidade das rebofas do passado.

O Vale da Vilariça tem grande produtividade agrícola

Durante séculos a cultura do cânhamo dominou o vale da Vilariça, decrescendo a sua importância após meados do século XVIII, com o encerramento da Real Feitoria dos linhos cânhamos e com o desenvolvimento da cultura da seda. A partir daí são as culturas cerealíferas e hortícolas em regime intensivo que ocupam as atenções dos lavradores da veiga.

São famosos, apesar de cada vez mais esquecidos, os melões, «Carrasco» e «Lagarto», variedades regionais oriundas do Vale. 

Embora aqui ou ali se vejam alguns tractos de vinha, esta espalha-se mais- tal como as amendoeiras, as oliveiras e as laranjeiras- pelas encostas que ladeiam o vale. A produtividade das terras da Vilariça é notável, permitindo o desafogo financeiro das populações do Concelho de Torre de Moncorvo.

Grande riqueza arqueológica nas escarpas adjacentes ao Vale da Vilariça

As escarpas graníticas vigorosas delimitam o Vale da Vilariça e no seu topo, em cabeços, implantaram-se vários povoados pré-históricos: Baldoeiro (*), Santa Cruz da Derruída, Castelo da Mina, Senhora do Castelo na Adeganha (*), todos eles ricos em vestígios arqueológicos. Destes “castros”, por vezes inacessíveis ao vulgar turista, colhem-se belas visões panorâmicas do vale, com o amplo xadrez geométrico dos seus campos verdejantes.

Mas há um grande senão nesta beleza. Nos dias quentes de Verão o calor húmido torna-se insuportável, e as sombras não abundam. A insalubridade do estio no passado deve ter provocado a demanda das populações destes povoados abandonados; isto também pode explicar que a população de Santa Cruz da Derruída se tenha mudado, e fundado outra localidade, na Idade Média -Torre de Moncorvo – mais defendida das sezões.

Na foz deste vale, defronte ao Monte de Meão, meandra o vasto Douro, num lençol de água que nos faz esquecer da nossa existência e que nos arrasta para uma estranha melancolia; partamos daqui com a certeza que esta depressão, é um oásis de verdura e de fertilidade no ressequido e descarnado Trás-os-Montes. É um dos belos rincões de Portugal.

Original aqui.

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