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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Domingo de Janeiro

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
 
Faz frio na cidade e a Rua começa a ter gente em número razoável. Não que seja número comparável ao dos tempos da minha meninice. Há-de haver uma explicação para este retroceder.
Claro que com a decisão errada de mudar o Mercado para o Forte de S. João de Deus foi cometido um acto administrativo que lesou gente que tinha os seus negócios na zona circundante ao dito Mercado e afastou os clientes que ali se abasteciam de produtos frescos e faziam a cidade parecer mais coesa.
Com o encerramento do Ciclo Preparatório e a mudança da CMB para onde hoje se encontra foi o fim da zona dita central da cidade como ponto de encontro das pessoas que durante todo o século dezanove e quase todo o século vinte fizeram deste local o espaço onde se realizavam todos os eventos do calendário oficial assim como a maioria dos actos sociais decorrentes das necessidades da vida da população.
As decisões tomadas, creio que de boa fé e que estão aprovadas superiormente não deixam de ser passíveis de apreciação considerando a certeza que as entidades responsáveis tinham em estarem a contribuir para o progresso da cidade.
Não sei se a autorização que a Câmara concedeu à implantação de tantos supermercados numa terra com pouco mais de vinte mil habitantes era uma obrigação imposta pela lei do país que não permitiu que fossem negados direitos a esses gigantes que pura e simplesmente cilindraram todo o comércio que era o sangue que circulava nas “veias do corpo” da comunidade que assim ficou exangue ao perder os seus locais de negócio cujos lucros ficavam na cidade e região e tornavam a vida dos cidadãos mais fácil.
Hoje, em contrário, todo o dinheiro que os Supermercados arrecadam segue directamente para as Sedes dos gigantes e fica apenas o dos salários do pessoal menor que recebe o salário mínimo e está dependente destes patrões que auferem milhões e pagam tostões. Resta ao povinho ir trabalhar para o Super ou emigrar… Mas isto da emigração é um facto tão recorrente que não levanta pensamentos de cuidados aos que nos governam porque é certo que o povo já está habituado e encara a coisa como um fatalismo que até compensa porque logo que emigra e consegue emprego passa a ter um salário que lhe dá para viver razoavelmente e lhe permite poupar uns cobres para gastar nas férias e manter a cabeça fria porque estão a salvo da incompetência dos políticos e administrativos deste país.
É justo que eu diga que alguma coisa se fez que melhorou, assim há que mencionar o progresso no conceito de limpeza urbana e uma visível mudança na forma como os serviços públicos recebem os cidadãos contribuintes, mas que mesmo assim alguns continuam a serem verdadeiros déspotas que pensam serem donos e senhores do que afinal é apenas o emprego que lhes dá o sustento. Como exemplo veja-se o caso do Registo Civil, que se tornou no Serviço Público onde hoje como dantes se torna um pesadelo termos de ir. Há outros também deficitários, mas nenhum como este. Conseguiram arranjar maneira de atenderem a gente na rua e ainda por cima sempre carrancudas (os) como se não lhes pagassem os salários, se tivessem um mínimo de simpatia para o Zé-povinho que obrigatoriamente se desloca à cova dos leões que se encontra na Rua Direita.
Eu fui emigrante durante 27 anos e sempre que recorri a qualquer serviço público no país onde vivi, fui recebido com simpatia, mesmo no princípio quando eu não entendia uma palavra que fosse daquela língua estranha que não era minha.
Esta minha terra cresceu muito ao longo da minha vida e tem hoje equipamentos impensáveis mesmo no tempo em que eu fui embora, mas não ficaria de bem com a minha consciência se não mencionasse como de excelência o Serviço Nacional de Saúde. Todo o sistema que tem lacunas como tudo na obra da humanidade, mas que não fica atrás dos seus homónimos europeus. Também estive doente no estrangeiro e a excelência de lá só é notória quando se comparam os recursos postos à sua disposição. Na saúde os nossos são tão bons como os outros. No trato eles serão mais formais, mas simpáticos e competentes os nossos pedem-lhes meças.
Haverá muita coisa para comentar, mas hoje quedo-me por aqui. Escrevo este comentário que parecerá a alguns excessivo, mas que não contém nada de azedume pessoal, pois que acredito que os que imaginaram as mudanças e cometeram erros de estratégia, o fizeram de boa fé, pensando que o que se fez era bom e não mau. O meu lamento ê apenas um alerta para que de futuro se façam as coisas públicas com mais sensatez e não nos deixemos deslumbrar com obras feitas com a assinatura dos iluminados de Lisboa ou Bruxelas.



Bragança 16/01/2022
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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