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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

ANTÓNIO COELHO TEM UMA CASA QUE MAIS PARECE UM SANTUÁRIO

 Estamos no primeiro dia do segundo mês do ano, o mais pequenino. Este ano, Fevereiro, é sem Carnaval, que passa para dia 1 de Março.

Entrou hoje a lua nova, que alguns chamam de lua ruim.

Este mês é também considerado o mês cinzento, porque marca o meio do Inverno.

Os nossos tios já começam a pedir chuva, pois Janeiro foi muito seco e, segundo as previsões, não há chuva prevista para próximos dias. O povo diz que “Fevereiro chuvoso faz o ano formoso”ou “Em Fevereiro chuva, em Agosto uva”.

 Muita da nossa gente anda na limpa das oliveiras, como é o caso do tio Manuel Oliveira, de Argozelo, Bragança, que não tem mãos a medir. Outros andam nas plantações de castanheiros.  

Nestes últimos dias estiveram de Parabéns: Alírio Neves (87) e Paulo Neves (54) Vilarinho de Lomba (Vinhais); Teodoro Pires (82) Argemil (Valpaços); António João (81) e António Maria (81) Genisio (Miranda do Douro); Austelina Esteves (78) Castedo (Torre de Moncorvo); Teresa Rocha (74) Parada (Bragança); Domingo Rodrigues (59) Coelhoso (Bragança); Paula Cubo (50) Caravela (Bragança); Luís silva (50) e seu irmão Vítor Silva (47) Nunes (Vinhais); Inês Lúcio (49) Lebução (Valpaços); Leonel Moreira (44) e Edgar Moreira (18) Oleirinhos (Bragança; Francisco Fins (36) Mirandela; Tiago Fidalgo (36) Paradinha de Outeiro, emigrado em Inglaterra; Beatriz Reis (9) Vale da Madre (Mogadouro).

Para todos muita saúde e paz, que o resto a gente faz.

O tio João Castilho, numa das suas participações, contou-nos que tinha ficado encantado com uma casa, que mais parece um santuário, a do amigo António Coelho, à entrada da ponte de Castrelos, na direcção, Bragança/Vinhais. Foi ele que me deu a ideia de lhe dedicar esta página.

Então entrei em contato com ele e vim a saber que é compadre de meus pais, pois o seu filho é afilhado deles. Como o mundo é pequeno!

António Coelho nasceu a oito de Abril de 1938, na estação de caminhos de ferro, porque o seu pai era guarda de noite. Esteve lá dois anos, depois o pai foi transferido para Bragança. Da sua infância recorda que não foi à escola.

- “Nunca foi fui à escola, não sei ler nem escrever, nunca conheci um professor. Era eu ainda um garoteco, fomos viver para o viveiro das trutas de Valvoneiro ou Prado Novo, à beira do rio, em França, Bragança. Fui aí criado e lá trabalhei durante 9 anos. Ainda garoto, trabalhava como os outros, ajudei a fazer os tanques para as trutas.

Em 1950 casei, tivemos quatro filhos, um rapaz e três raparigas, das quais uma faleceu há oito anos. Trabalhei como madeireiro e tive uma barraca na praça. Em 1970 emigrei para França.

Apesar de não saber ler, consegui aprender a falar o francês, tirei a carta de condução, pois fui motorista durante 35 anos. Há 16 anos regressei a Portugal, e como já tinha comprado a casa da ponte, tenho passado todo o meu tempo a reconstruí-la. Já fiz 8 quartos e estou agora a fazer mais 4, tudo está feito pelas minhas mãos em granito e mármore. No quintal da casa fiz duas capelas e vários nichos com cerca de 40 santos. Uma capela é inteiramente dedicada a São Gustavo, porque é o que manda nos outros santos, a imagem é mais ou menos da minha altura. Os nichos são feitos de pedra de talco furada, onde coloco as imagens. Tenho a Senhora de Fátima, Senhora da Serra, Senhora das Graças, Santa Rita, entre outras. Fiz também uma piscina com 6 metros por 3,5.  Como me sobrou muita tinta da piscina e era tão boa, resolvi pintar os muros dessa cor. Como é à beira da estrada, chama a atenção. Tem parado muitas pessoas, desde o Porto, Lisboa, Espanhóis, pedem-me para tirar fotografias, alguns acabam até por entrar e ver a casa. Sabe Tio João, eu tenho quase 84 anos, mas ninguém me dá mais de 60. Tenho tido sempre saúde. Só agora me apanhou o bicho mau, mas como já estou vacinado, tenho poucos sintomas. Durante a manhã continuo nas minhas obras, almoço e durante a tarde vou ter com alguns amigos à Associação do Campo Redondo, em Bragança.

Vivo sozinho, a minha companhia são dois cães.”

Perguntei ao tio António, para quê uma casa tão grande?  Ele respondeu-me: “ os meus filhos hão-de saber o que fazer!”  

Obrigado amigo António Coelho!

Tio João

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