O instrumental popular português caracteriza-se por uma grande multiplicidade de formas, na sua maioria importadas de outros países, dando origem à grande diversidade musical portuguesa, traduzida numa dualidade paisagística fundamental:
– e a planície alentejana, onde permanecem instrumentos antigos e rudimentares do ciclo pastoril, colorindo uma forma de vida arcaizante.
Nestas regiões verifica-se uma quase total exclusão dos cordofones (instrumentos de corda) do reportório tradicional. Encontram-se membrofones (instrumentos vibratórios) percutivos e atonais, como os pandeiros, adufes e tamboris, usados para marcar ritmo sem deformação da tonalidade das melodias. Numa linha mais melódica, são de realçar os pífaros e a gaita-de-foles.
A faixa ocidental do país, terras baixas do ocidente do Minho ao Tejo e, mais a sul, no Algarve, são regiões caracterizadas por um espírito mais aberto e expansivo.
Cordofones e outros
Aí predominam os cordofones como a viola, o cavaquinho, a rabeca, a guitarra, o violão e os instrumentos de «tuna». Ideais para exprimir musicalmente um temperamento alegre e festivo, estes instrumentos tornam-se privilegiados nas manifestações lúdicas, sendo os mais adequados à recepção de novas formas musicais e influências estrangeiras.
Para além dos cordofones, encontram-se ainda outros tipos de instrumentos como o acordeão, a harmónica e a concertina que, em determinadas circunstâncias, substituem os populares cordofones.
Todo este instrumental está fortemente ligado à música profana que caracteriza toda esta região.
Os instrumentos de corda permitem uma abertura e desenvolvimento de novas formas musicais, facto que não se verifica nunca nas terras pastoris e arcaizantes do leste, onde os cordofones são praticamente inexistentes.
No Minho as rusgas
Ao Minho correspondem formas musicais bem ritmadas e vivas, traduzindo nas canções coreográficas e danças de roda, desgarradas e desafios, um temperamento lúdico e festivo.
A voz faz-se acompanhar por braguesas e cavaquinhos, apoiados por idiafones (instrumentos vibratórios primitivos).
Nas rusgas (também conhecidas por tocatas, festadas ou rondas) intervêm ainda outros instrumentos tais como violas, tambores, reque-reques, flautas e ferrinhos, harmónicas e concertinas. Este grupo de instrumentos é igualmente extensível a parte da Beira Litoral, alegrando, quase sempre de improviso, feiras e romarias, caminhadas e trabalhos rurais.
Uma outra forma musical, instrumental, vocal e coreográfica é a chula, típica do noroeste do país, assumindo diferentes formas segundo as regiões. O traço comum entre estas diferentes chulas é o tom festivo e os cantares ao desafio.
Tal como a rusga, a chula não possui funções cerimoniais. São ambas de carácter profano e festivo, distinguindo-se pela forma como se apresentam.
A primeira surge de improviso, animando, por exemplo uma caminhada, ou uma tarefa rural, enquanto a chula se organiza como atracção de uma festa, apresentando-se em pequenos palcos onde vozes masculinas e femininas cantam ao desafio, acompanhadas por cordofones (de destacar a rabeca chuleira) e percutivos.
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