sexta-feira, 8 de abril de 2022

O tacho da marmelada | Como era antigamente

No passado, a vida do povo português era muito difícil.

 
Mesmo os mais abastados tinham de fazer pela vida, que as receitas provinham exclusivamente da lavoura e esta era parca na criação de verbas com que se pudesse ir às compras.

Assim, tudo se procurava fazer em casa, aproveitando quanto a terra, a capoeira e a pocilga podiam dar.

Os figos secavam-se ao sol forte de agosto, assim como as peras e os pêssegos que bem apreciados viriam a ser lá mais para o fim do ano.

Os marmelos vindos de marmeleiros plantados nas beiradas dos terrenos, preferentemente, junto a regato ou regueira fartos de água, constituíam uma riqueza completamente aproveitada para as senhoras fazerem a marmelada e a geleia. Estas haviam de “enfeitar” uma bela fatia de broa ou um pãozinho da padaria local, para as merendas dos senhores e dos meninos.

As tarefas para fazer marmelada

Nesses dias a azáfama na cozinha era marcante:

– umas descascavam e tiravam o caroço,

– outras partiam-nos aos pedaços,

– outras atiçavam o lume onde o tacho grande de cobre, depois de bem areado, a reluzir como novo – que o verdete era veneno que ninguém queria ver – de boca bem aberta, estava pronto para receber os pedaços de marmelo e o açúcar que a senhora calculava nas proporções adequadas, para além dos segredos que a haviam de tornar mais clarinha e mais macia.

Na hora de provar, a colher de pau passava de boca em boca, não fosse faltar a doçura…

Com tanta fartura, enchiam-se malgas, bacias e pratos ratinhos com que também se obsequiavam famílias amigas.

No fim, o rapar do grande tacho ficava para a miudagem que, saltando em volta, e lambendo os dedos, o deixava a brilhar como se nunca tivesse sido usado.

Fonte: Museu de Silgueiros – Centro de Documentação Etnográfica

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