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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 26 de julho de 2022

Coisa de Gaúcho

Por: Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS
São Paulo (Brasil)
(colaborador do Memórias...e outras coisas)

O Texêrão, véio amigo das escrita, que morava em Caxias do Sul, era uma flor de pessoa; mais era mentiroso; como tudo us escritô é! Hoje iêle tá nos braço de Deus; i hai de me perdoá por relatá esse causo: iêle foi caçá a cavalo, custume dos gaucho... .

Cuma apareceu a mula sem cabeça prêle, muntada pelo Negrinho do Pastorêio,  seu cavalo ispantô e saiu na vula; deitano cabelo pelas querência e invernada. E num é que o Texêrão caiu do cavalo, sô! I foi arrastado  por um estirão; as´que por uns cem metro... E lá ficô o bacamarte, caído na grama tuda cuberta de geada. Tamém ficô por lá a guaiaca. A única arma que ficô cum iêle, era a garrucha, incaxada na cintura.

E o Texêrão disse: ...sô home pra mais de metro; e macho! Vô infrentá tudas coisa que vié pela frente!

Nessa hora, a onça roncô bem perto dele; anssim meio d´esgueio! Iêle  viu a bicha de perto i puxô o gatío da garrucha de dois cano: nada; faiô! Iêle apercebeu que a garrucha táva discarregada! Saiu correno por adonde tinha sido arrastado, i achô a guaiaca: as borsinha da guaiaca távam tudo aberta, tinha perdido tudo; menos pòrva i iscórva! I iêle achô tamém o bacamarte, que táva descarregado....

Na farta de chumbo grosso, achô inté que ía morrê, pois a bicha vinha na sua direção. Daí achô uma cerca de arame farpado, adonde num dos  morão tinha um prego grande;   desses de prendê trío de trem nos dormente! Iêle conseguiu arrancá o prego, bem digêro! Encheu o cano do bacamarte de pórva , inté na boca, póis a iscórva e enfiô o prégo pela goela do cano.

Már virô de lado, cum o bacamarte, apercebeu que a onça, táva há maiomeno treis metro dele,  i babano de apetite. E foi então que o Texêrão carcô fogo!

E foi um istrondo danado, iscuitado de Flores da Cunha inté em Farroupilha e Bento Gonçalves! E se feiz uma fumacêra do cão; i o Texêrão num viu mais a onça!

- Acho que ela cagô de medo desse gaudério; disse naquele linguajar isquisito....

I o Texêrão ficô por ali, precurano, campiano, tár e coisa! Nisso sentiu arguma coisa cair de mansinho na copa do seu chapéu gaúcho. Tirô o chapéu; inquanto oiava a gota de sangue no chapéu, uma outra gota, ainda maió, caiu na sua cabeça. Oiô pra cima, i viu, a onça pregada no gáio do jacarandá, cum aquele prégo que falei procêis.

- Dá pra acreditá no Texêrão!

Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 9 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de cinco outros publicados em antologias junto a outros escritores.

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