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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Instituição de Bragança espera há quase um ano por refugiados “esquecidos” na Grécia

 A Fundação Casa do Trabalho de Bragança está há quase um ano à espera de refugiados dos campos da Grécia, que Portugal se comprometeu a acolher, sem que até hoje tenha encaminhado alguém para esta instituição.


O responsável José Bento explicou à Lusa que a Fundação de Bragança faz parte de um conjunto de oito instituições portuguesas que se disponibilizaram para receber crianças e jovens estrangeiras não acompanhadas (C/JENA), no âmbito do compromisso assumido pelo Estado português de acolher 500 refugiados do Mediterrâneo que se encontram nos campos da Grécia.

Segundo disse, trata-se de um programa do Alto Comissariado para as Migrações financiado por fundos europeus, e desde setembro de 2021 que Bragança está à espera de 18 jovens, mas nunca lhe foi encaminhado nenhum e está em vias de ter que devolver o financiamento por falta de execução.

“O Estado está-nos a prejudicar por algo que não é do nosso controlo. Nós só podemos executar o trabalho se os jovens estiverem cá e nós não podemos ir buscá-los à Grécia”, afirmou à Lusa.

De acordo com o responsável, a Fundação recebeu 58 mil euros e teve que criar condições e uma equipa com cinco pessoas, com um custo mensal em ordenados de oito mil euros, para responder à “situação de emergência” destes refugiados.

O contrato tem duração até 31 de dezembro de 2022, e o restante financiamento seria pago em parcelas trimestrais de cerca de 20 mil euros.

A instituição queixa-se de que já não recebeu a última tranche e que lhe foi “insinuado que o projeto iria ser revogado por execução zero”, o que implica a devolução da totalidade do financiamento recebido até à data.

José Bento afirmou que metade das oito instituições que aderiram ao programa estão nestas condições e que já fizeram uma exposição a vários órgãos nacionais a dar conta da situação.

“Desde o momento em que não nos enviam os jovens, nós não podemos executar o projeto, a nossa equipa toda que foi constituída só exclusivamente para este projeto acaba por não o poder executar, logo toda a despesa destes recursos humanos fica a cargo da Fundação Casa do Trabalho, o que impede claramente a sustentabilidade adequada da própria instituição”, salientou.

Se o programa for revogado, a instituição admite “cancelar os contratos de trabalho destas cinco pessoas, o que também irá afetar as suas famílias, as suas vidas”.

José Bento referiu que o programa em causa “surgiu com bastante urgência”, a candidatura foi aprovada em agosto de 2021, e que foi dito à instituição que tinha “que começar logo em setembro”.

“Nós temos perguntado todos os meses porque é que [as crianças e jovens] não vêm, temos feito um esforço bastante intenso para obter respostas, pessoalmente perguntamos à Alta Comissária das Migrações, que esteve aqui numa visita às nossas instalações num outro projeto, e foi-nos dito até oralmente por ela que a situação seria resolvida brevemente, mas até hoje não foi”, indicou.

Segundo disse, pelo contacto que mantêm com outros projetos, sabem que “a situação é semelhante”.

A Fundação Casa do Trabalho de Bragança lida com jovens institucionalizados e projetos de integração e o presidente garantiu à Lusa que “é a primeira vez” que lhes acontece terem um projeto aprovado “e ele não tem execução porque quem devia colocar cá os menores não acompanhados, não o está a fazer”.

O técnico da instituição que integra o projeto, Hélder Pires, afirmou que “há com certeza jovens a precisar desta ajuda, que continuam nos campos de refugiados e que Portugal continua a não os ir buscar”.

“No Mediterrâneo, a situação continua real, nós é que nos estamos a esquecer de olhar para ela e a achar que o problema, neste momento, só está na Ucrânia e vamo-nos esquecendo do resto. A guerra nos outros países continua, o problema do Mediterrâneo continua e a chegada diária de barcos à ilha de Lesbos e outros sítios continuam a acontecer”, declarou.

Contactado pela Lusa, o gabinete da secretaria de Estado da Igualdade e Migrações confirmou “o compromisso assumido pelo Estado português para a receção de 500 Crianças e Jovens Estrangeiras Não Acompanhadas (C/JENA) provenientes da Grécia através do programa de recolocação voluntária”.

Na resposta por escrito, explica que “para o acolhimento foi implementado um sistema que passa pela receção em Casas de Acolhimento ou Casas de Acolhimento Especializadas, e a progressiva transferência para respostas subsequentes”.

Dos 500 previstos, chegaram a território nacional “263 crianças e jovens”, segundo a tutela, que confirma a aprovação de oito candidaturas de instituições nacionais, com capacidade para acolher 160 refugiados, no valor de quase 1,3 milhões de euros ao Fundo para o Asilo, a Migração e Integração (FAMI)”.

O Governo garante que “os processos de transferência para estas respostas estão a decorrer de acordo com os procedimentos decorrentes da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo”.

“Relativamente às candidaturas aprovadas, serão reembolsadas as despesas que tenham sido realizadas de acordo com os critérios de elegibilidade e demais condições previstas no regulamento”, acrescenta, sem referir se os projetos podem ser revogados e as instituições obrigadas a devolver o que receberam.

Foto: DR

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