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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Rio de Onor: uma das últimas aldeias comunitárias de Portugal

 Em pleno Parque Natural de Montesinho, perto de Bragança, a aldeia de Rio de Onor é uma das últimas em Portugal onde ainda se praticam hábitos comunitários.

Do lado de Portugal, temos Rio de Onor. Do lado espanhol, Rihonor de Castilla. Ficou confuso? Não fica só nessa sensação, já que Saramago, quando por aqui passou, o ficou, descrevendo a experiência no livro Viagem a Portugal, de 1981: “Afinal de contas, onde está a fronteira? Como se chama este país, aqui? Ainda é Portugal? Já é Espanha? Ou é só Rio de Onor, e nada mais do que isso?”.

Rio de Onor é atravessado pela fronteira entre Portugal e Espanha, embora, para os habitantes desta aldeia do concelho de Bragança, a fronteira seja apenas uma formalidade. A população até trata as duas aldeias (a portuguesa e a espanhola) como “povo de acima” e “povo de abaixo”. O gado atravessava com frequência a fronteira livremente, e a população dos dois países tinha muitas vezes terras do lado oposto da fronteira.

Rio de Onor é uma aldeia comunitária, o que significa que os habitantes partilham algumas coisas e se entreajudam. Partilham, por exemplo, o forno comunitário, existem terrenos agrícolas onde todos devem trabalhar, e um rebanho que pasta nestes terrenos. No entanto, hoje em dia, este estilo de vida comunitário já não é tão praticado, já que os habitantes têm uma idade mais avançada.

Hoje, a grande esperança dos poucos habitantes de Rio de Onor é o turismo. A aldeia ganhou projeção nacional e começam a ser cada vez mais os turistas que a visitam. Grande parte das casas está a ser reabilitada e reconstruída com o cuidado de preservar a sua traça original para que não se perca o espírito desta aldeia transmontana.

Talvez esta seja a melhor forma de dar uma nova vida a esta aldeia. Restam hoje em Rio de Onor cerca de 50 habitantes, com uma média de idades acima dos 70 anos. Em, 1950, eram 398 habitantes. Rio de Onor junta-se assim a centenas de aldeias do interior que se encontram a ficar despovoadas. A agricultura, que apenas pode ser de subsistência, não proporciona rendimento suficiente para uma boa qualidade de vida. É no turismo que estão depositadas as esperanças.

A aldeia foi vencedora das “7 maravilhas de Portugal” em 2017, na categoria de aldeias em áreas protegidas, uma vez que está inserida no Parque Natural de Montesinho. Graças ao prémio, o turismo ganhou nova força na região. Em 2019, a aldeia recebeu 5200 visitantes na Casa do Touro, um espaço museológico dedicado à cultura e história desta aldeia única.

No museu, pode conhecer mais sobre o comunitarismo da aldeia, uma das suas características mais conhecidas. O próprio museu foi construído no edifício que albergava originalmente o touro comunitário de Rio de Onor.

Existia também um dialeto próprio da aldeia, hoje quase extinto: o rionorês, que pertence ao grupo do asturo-leonês, tal como o mirandês. Mas apenas duas ou três pessoas da aldeia conseguem falar rionorês fluentemente. Alguns dos termos são idênticos ao mirandês, mas o dialeto em si assemelha-se mais ao castelhano.

O que visitar em Rio de Onor

Uma visita a esta aldeia irá mostrar-lhe um local tipicamente transmontano, com as suas casas de xisto e varandas em madeira. No andar de cima, vivia a família. Em baixo, os animais. Poucas habitações destoam hoje em dia das tradicionais, existindo, no entanto, casas em ruínas.

As paisagens são também dignas de nota, podendo ter vista desafogada para o Parque Natural de Montesinho. Assim, passeie pelas ruas da aldeia, admire a paisagem, visite a igreja e a ponte romana, bem como os vestígios de uma vida comunitária que vale a pena conhecer, como a forja e o moinho. Acima de tudo, procure conversar com os habitantes de Rio de Onor, que o acolherão de braços abertos e partilharão histórias que nunca conseguirá encontrar em livros.

O que visitar nos arredores de Rio de Onor?

Localizada em pleno Parque Natural de Montesinho, Rio de Onor pode servir de centro para descobrir várias outras aldeias do parque, para além da natureza envolvente. Destacam-se a aldeias de Montesinho e de Gimonde, mas Guadramil também merece uma visita.

Uma das melhores formas de explorar a região é realizando algum dos vários percursos pedestres oficiais e sinalizados. Os destaques vão para o Trilho de Rio de Onor, a Rota da Lombada e a Rota dos Cervídeos.

Os grandes destaques vão, no entanto, para Bragança (no lado português) e Puebla de Sanábria (no lado Espanhol). Ambas são duas povoações com centros históricos bem preservados e repletos de pontos de interesse. A gastronomia é outro dos pontos fortes da região. A estrela principal é a carne, especialmente quando assada na brasa ou feita no forno.

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