quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Algoso: Espetáculo “Lugares legados” recria histórias e tradições do castelo

 No próximo Domingo, dia 4 de setembro, o Largo da Igreja, em Algoso, vai ser o cenário do espetáculo “Lugares Legados”, um projeto que visa reviver histórias e tradições da população local, tendo como pano de fundo um monumento histórico, neste caso o castelo.


Bruno Lopes, da produtora A SAGA, adiantou que o espetáculo “Lugares Legados” vai ser uma representação interativa, pois foi construída a partir das experiências e vivências da população local, em tornou do castelo de Algoso.

“Vamos celebrar a identidade da aldeia de Algoso. Para além do património edificado como é o seu castelo, vamos também celebrar as pessoas, as memórias e as tradições que não constam nos livros de história e que correm o risco do esquecimento”, disse.

Segundo Bruno Lopes, o projeto “Lugares Legados” pretende dar a conhecer 15 monumentos históricos da raia portuguesa, entre os quais estão os castelos de Algoso (4 de setembro), de Miranda do Douro (17 de setembro) e de Mogadouro (30 de setembro).

Por seu lado, a vereadora do município de Vimioso, Carina Lopes explicou que este projeto foi apresentado pela produtora “A SAGA”, com o propósito de dar visibilidade a um monumento histórico do concelho.

“A SAGA selecionou o castelo de Algoso e o objetivo do espetáculo é contar histórias e preservar memórias da população alusivas ao castelo. Este espetáculo insere-se nas iniciativas que contribuem para divulgar o nosso património e o concelho e por isso é bem-vindo”, justificou.

Sobre a escolha de Algoso para integrar o espetáculo “Lugares Legados”, a presidente da Freguesia de Algoso, Cristina Miguel, sublinhou que a seleção resultou da recolha feita, em fevereiro passado, junto da população sobre as tradições e os cantares locais.

“Foi feita uma recolha que agora vai ser recriada numa peça de teatro, com o objetivo de preservar e divulgar o património material e imaterial desta freguesia e das suas gentes” – Cristina Miguel.

A autarca informou que o espetáculo está agendado para 17h30, do próximo Domingo, dia 4 de setembro, no largo da Igreja, em Algoso.

“Após a Missa das 16h00, a peça de teatro vai ser apresentada no largo da Igreja de Algoso. Decidimos por não o fazer no castelo, para possibilitar a participação das pessoas mais idosas e com mobilidade reduzida”, informou.

‘Lugares Legados’ é um espetáculo que pretende preservar e valorizar a memória material e imaterial das localidades e das suas gentes.

O projeto é uma criação da Saga Storica CRL e é financiado pelo programa “Garantir Cultura” e conta com o apoio da Câmara Municipal de Vimioso e da Junta de Freguesia de Algoso.

HA

“Algures a Nordeste”, o festival de dança contemporânea que marca o mês de setembro

 O festival inicia com a estreia da versão de palco de “Em Dois”, peça do coreógrafo espanhol Roberto Olivan, que iniciou a sua carreira como bailarino profissional na companhia de dança Rosas, dirigida por Anne Teresa De Keersmaeker e actuou sob a direcção de directores de renome como Robert Wilson, Tom Jansen e Josse de Pauw. Antes da estreia, haverá um ensaio aberto ao público na Praça Cénica, ao ar livre.


No mês de Setembro volta em pleno o festival de dança contemporânea Algures a Nordeste. O programa desta 5.ª edição é constituído por cinco espectáculos (um deles em estreia absoluta), um ensaio aberto ao ar livre, três workshops e várias outras actividades paralelas (encontro com o coreógrafo Roberto Olivan e exibição em vídeo de excertos de algumas das suas obras, conversas pós-espectáculos e a apresentação de um Laboratório de Experimentação Coreográfica).

O festival inicia com a estreia da versão de palco de “Em Dois”, peça do coreógrafo espanhol Roberto Olivan, que iniciou a sua carreira como bailarino profissional na companhia de dança Rosas, dirigida por Anne Teresa De Keersmaeker e actuou sob a direcção de directores de renome como Robert Wilson, Tom Jansen e Josse de Pauw. Antes da estreia, haverá um ensaio aberto ao público na Praça Cénica, ao ar livre.

Do mesmo coreógrafo, e também produzido pela Companhia Instável, é apresentado o espectáculo “Timber”, que junta aos bailarinos em palco o Drumming Grupo de Percussão.

De Espanha regressa a companhia La Macana, desta vez com “Pink Unicorns”, peça coreográfica protagonizada por um pai, bailarino internacional, e o seu filho adolescente, numa evocação das relações transgeracionais.

Um destaque especial para o espectáculo “O Aqui”, da CiM, companhia que promove a inclusão através da dança. Paralelamente ao espectáculo, a companhia oferece um workshop de dança inclusiva, dirigido a todos os públicos e em particular a profissionais da reabilitação e da área social.

O programa encerra com “Autópsia”, da consagrada Companhia Olga Roriz.

Mas em Setembro há ainda lugar para uma iniciativa local, o Vila Real Hip Hop Fest, e para um espectáculo de música e poesia, com Filipe Raposo e Amélia Muge, de homenagem ao editor Manuel Hermínio Monteiro, personalidade marcante da cultura portuguesa que celebraria este mês 70 anos. O espectáculo é parte de um programa conjunto organizado pelo Teatro de Vila Real e o Espaço Miguel Torga.

Referência final para a exposição “Ruído”, uma mostra colectiva que agrega diferentes artistas do distrito de Vila Real, e para a primeira das Conversas de Bastidores, um novo projecto que pretende dar a conhecer protagonistas das artes e que tem como convidado da sessão inaugural o actor e encenador João Pedro Vaz.

O Mercado Medieval está de volta a Lamas de Orelhão nos dias 10 e 11 de setembro

 Tasquinhas, música, danças medievais, falcoaria, espetáculos de fogo, serpentes e muito mais, num fim de semana que transportará a aldeia de Lamas de Orelhão aos tempos de outrora.

Programa completo disponível brevemente.

Planalto Mirandês espera quebras de 20% na produção de uvas

 Os produtores de vinho da sub-região do Planalto Mirandês, integrada na Região Vitivinícola de Trás-os-Montes, esperam uma quebra na produção a rondar os 20%, face ao ano anterior, menor do que a inicialmente perspetivada devido à seca.


“Inicialmente, em maio, perspetivámos uma quebra muito acentuada na produção de uvas para a produção de vinho. Contudo, há cerca de duas semanas choveu e a situação melhorou um pouco e as quebras deverão rondar, atualmente, os 20% da produção”, explicou à Lusa o presidente da Adega Cooperativa de Sendim, concelho de Miranda do Douro, Óscar Afonso.

Segundo o dirigente, inicialmente, as quebras esperadas seriam de 30% da produção, mas a situação melhorou ligeiramente com as chuvas de agosto.

“Apesar de as quebra esperadas na produção rondarem o 20%, o que é significativo, se a adega este ano acolher 1.500 toneladas de uvas já ficamos muito contentes. No anterior recebemos 2.220 toneladas.”, concretizou o dirigente

Óscar Afonso disse ainda que há vinhas junto às arribas do Douro Internacional que não vingaram por falta de água e a produção ficou seriamente comprometida, havendo mesmo perdas totais.

“A percentagem nas quebras de produção ficam a dever-se às vinhas que não vingaram e que estão em terrenos mais baixos que não têm humidade. Junto ao Douro há quebras totais. As mais altas recuperam com a humidade que já se faz sentir noite”, disse o dirigente.

Já no concelho vizinho de Mogadouro, também no Planalto Mirandês, a enóloga Rute Gonçalves frisou que, "em termos qualitativos, as uvas estão sãs e não se apresentam desidratadas ou um qualquer tipo de doença”.

“Prevemos uma diminuição em termos de rendimento, no rácio quilo / litro. O bago não desenvolveu tanto devido à falta de água e que os torna mais pequenos do que o habitual. Contudo, penso que a qualidade do vinho se vai manter”, disse a enóloga da marca Terras de Mogadouro.

Esta empresa espera recolher cerca de 200 toneladas, sendo que uma parte é para vinificação própria de cerca de 50 mil garrafas/ano.

Com a vindima à porta, há ainda alguma “incerteza” no que respeita às quebras de produção nesta sub-região vitivinícola devidos aos seus microclimas específicos.

A Região Vitivinícola de Trás-os-Montes revela-se por entre montes e pronunciados vales numa grande área de extensão, que vai desde de Montalegre (Vila Real) ao Planalto Mirandês (Bragança), passando pelo coração da Terra Quente Transmontana.

Segundo os responsáveis por esta Região Vinícolas apesar das características muito próprias, na região de Trás-os-Montes verifica-se a existência de vários microclimas, que, aliados às diferenças existentes na constituição dos solos, normalmente graníticos com manchas de xisto, bem como a maior adaptabilidade de determinadas castas, permitem obter vinhos muito diferenciados.

Tais diferenças permitiram definir três sub-regiões para a produção "de vinhos de qualidade" com direito a Denominação de Origem (DO) Trás-os-Montes.

Milhares de trutas mortas e retiradas de posto aquícola de Bragança

 Milhares de trutas foram retiradas e outras morreram devido ao calor e à falta de água no posto aquícola de Castrelos, em Bragança, um equipamento público destinado à criação para repovoamento do conhecido peixe dos rios transmontanos.


A informação foi avançada hoje à Lusa por Sandra Sarmento, diretora regional da Conservação da Natureza e Florestas do Norte, o organismo responsável pelo posto aquícola onde, desde 2008, é feita reprodução para repovoamento na região da conhecida truta dos rios de águas frias como o Baceiro.

Este rio serve de captação de água para o posto, mas a seca causou uma redução do caudal e uma subida de temperatura que obrigou, em julho, a esvaziar os tanques com capacidade para fazer criação de 400 mil trutas por ano.

“Foi um processo complicado porque efetivamente a subida de temperatura foi muito significativa e isso trouxe as consequências associadas e obviamente tivemos que retirar os peixes”, afirmou à Lusa a diretora, à margem das comemorações dos 43 anos do Parque Natural de Montesinho, onde se encontra o posto aquícola.

A diretora regional do ICNF explicou que as equipas levaram “o máximo de progenitores” que conseguiram para o outro posto aquícola do instituto localizado no Marão e colocaram “os juniores em meio hídrico para garantir a sua sobrevivência”.

“Neste contexto, houve naturalmente alguns peixes que acabaram por morrer”, declarou, sustentando que “a temperatura [da água] subiu porque as disponibilidades hídricas do rio desceram muito, desceu o teor de oxigénio, e isso fez com que os peixes sofressem”.

Sandra Sarmento indicou que esta ocorrência obrigará a fazer algumas adaptações no posto aquícola para prevenir situações como estas que podem vir a ser “cada vez mais frequentes” devido às alterações climáticas.

Obrigará ainda a refazer o trabalho de recolha de progenitores em cada um dos rios da região para voltar a haver condições para a continuidade do projeto de repovoamento e preservação deste património que, alem do valor para biodiversidade, é também um ativo económico ao nível da pesca e da gastronomia.

O trabalho realizado neste posto é feito em colaboração com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e o investigador Amílcar Teixeira garantiu à Lusa que o que aconteceu neste verão no Baceiro é inédito em rios de montanha do Norte de Portugal.

“É uma situação que era típica dos rios do sul, os rios temporários que normalmente secam durante o verão. O que estamos a assistir agora paulatinamente é haver, com esta sondas de calor, com as alterações climáticas, uma sucessão de eventos que leva a uma perda de biodiversidade”, afirmou.

O investigador concretizou que se registaram em rios de águas frias como o Baceiro, Rabaçal ou Tuela, nesta região, temperaturas na ordem dos 25 graus, que estão no limite da tolerância da espécie”.

“Significa isto que se continuarmos a ter muitos eventos destes, a espécie pode ser que não encontre condições, quem diz a truta diz outras espécies muito sensíveis a variações da temperatura, que vão desaparecer deste ecossistemas”, considerou.

Outro problema que tem constatado prende-se com a vegetação ribeirinha, nomeadamente os amieiros, que estão a morrer, e que “são fundamentais para a preservação do regime térmico das águas, a manutenção de águas mais frias”.

Acrescem ainda as consequências dos incêndios, como o que aconteceu há alguns meses no alto Baceiro, com cinzas e sedimentos arrastados para o rio apôs trovoadas com precipitação intensa e que provocam a perda de habitat e consequente diminuição da biodiversidade, como disse.

O investigador que se tem dedicado ao estudo dos rios, defende a urgência em adotar medidas de prevenção a começar por equipas multidisciplinares que abordem esta temática.

Antes de se começar a fazer novas barragens e furos artesianos, entende preconiza medidas como aposta em culturas que resistam com menos água na agricultura, assim como a substituição de jardins e relvados por plantas que não consumam tanta água e a utilização de águas residuais na rega dos mesmos.

Lembrou que há também um problema antigo para resolver, a substituição de condutas de transporte da água para abastecimento onde “há imensas perdas de água”.

O investigar aponta ainda a dessalinização da água do mar para fazer face a desafios futuros e alerta para “o comportamento das pessoas na forma como usamos a água”.

“Há países como Israel ou a Austrália que vivem com a seca e que não têm problemas porque sabem governar a água devidamente”, afirmou.

Procura por lotes na nova área empresarial de Carrazeda de Ansiães foi superior à oferta

 De acordo com o presidente da Câmara, João Gonçalves, a expansão da chamada zona industrial tem 40 espaços para a instalação de empresas, mas estes não chegaram para as encomendas.

“Nós estamos numa fase de infra-estruturação dessa ampliação para novos 40 lotes, ou seja, duplicamos a área empresarial, ou seja, numa primeira abordagem, sem que haja ainda pronúncia dos júris em relação às candidaturas, é possível dizer que a oferta é inferior à procura”, frisou.

A Câmara ficou satisfeita com a adesão dos empresários locais e de alguns de fora do concelho.

“Isso deixa-nos muito contentes, é um sinal evidente de que tínhamos razão quando abraçámos este projecto e que é possível que esta ampliação tenha uma resposta da economia no sentido de que mais empresas se fixem, mais postos de trabalhos sejam criados e seja possível fixar a população”, disse.

Falta acabar a empreitada que está em curso e a avaliação pelo júri das candidaturas recebidas, para que se efective a venda dos 40 lotes da expansão da área empresarial de Carrazeda de Ansiães.

Escrito por Rádio Ansiães (CIR)
Foto. Município de Carrazeda de Ansiães

Empresas e IPSS macedenses vão pagar menos pela água a partir de outubro

 Os estabelecimentos comerciais, industriais e IPSS do concelho de Macedo de Cavaleiros vão passar a pagar menos na fatura da água, reduções que em alguns casos são superiores os 40%.

A diminuição aplica-se por escalão, até cinco metros cúbicos passa de 0,90€ para 0,60€ cêntimos, entre seis e vinte, de 1,60€ para 0,90€, e para quem consumir mais de 21 metros cúbicos de água pôr mês, o valor a pagar passa de 2,70€ para 1,60€. Para as instituições sem fins lucrativos, o preço passa de 0,90€ para 0,70€.

Valores que, de acordo com o vice-presidente do município de Macedo, estavam altos em relação à média nacional. Rui Vilarinho explica que só agora foi possível aplicar a medida:

“Era um compromisso que tínhamos com os nossos comerciais e IPSS, mas só agora sentimos estar em condições de o aplicar.

Temos vindo a fazer um trabalho árduo e muito objetivo na questão da perda de água, que resulta em dinheiro desperdiçado, e neste momento, em resultado disso, já temos condições de fazer esta redução.

A taxa doméstica não vai ser alterada porque fizemos a nossa avaliação e analisámos que está equilibrada face ao contexto nacional. Já a taxa praticada para os comerciantes, industriais e IPSS, achámos que estaria bastante elevada. Entendemos por bem ajudar a alavancar a nossa economia e ajudar os nossos comerciantes, sendo certo que a câmara vai receber menos dinheiro, mas estamos a ser justos.”

A medida surge numa altura em que o Governo recomendou que 43 municípios do país, 15 dos quais transmontanos, subam a taxa da água de uso doméstico para as famílias que se encontrem no terceiro escalão, ou seja, que consomem mais de 15m3 mensais, com o intuito de levar a população que mais gasta a moderar os consumos, dada a situação de seca.

Um deles é Macedo de Cavaleiros mas Rui Vilarinho deixa desde já claro que neste município não se vai aplicar:

“Eu até penso que Macedo de Cavaleiros foi colocado naquela lista erradamente.

Faltam lá concelhos, até do nosso distrito, que têm valores muito mais baixos que os nossos, em termos de disponibilidade de água, e não constam lá.

Macedo de Cavaleiros está a praticar uma taxa de água doméstica de forma muito equilibrada. Neste momento não vamos mexer nem para cima nem para baixo.”

Quanto às empresas e IPSS macedenses, que vão pagar menos ao fim do mês, o vice-presidente não acredita que isso vá fazer com que os consumos aumentem:

“Não estou a ver que as pessoas queiram gastar água indevidamente.

Sabemos que há industria e comércio que precisa mesmo de água e não conseguem laborar sem ela. Não vão usar mais do que aquela que é necessário pois há responsabilidade por parte das pessoas.”

Além da água ficar mais barata para empresas e IPSS, vai deixar ainda de ser cobrada a taxa de ligação de saneamento em novas habitações.

Estas alterações vão vir refletidas já na fatura de outubro.

Escrito por ONDA LIVRE

Projectos no Parque de Montesinho são financiados mas chumbados pelo ICNF: Autarca de Bragança pede revisão do plano de ordenamento

 Há projectos no Parque Natural de Montesinho que são aprovados e financiados, mas depois são chumbados pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas


Na comemoração do 43º aniversário da área protegida, ontem, o presidente da câmara de Bragança e responsável pela co-gestão do parque apontou alguns problemas que quer ver resolvidos. Hernâni Dias explica que o plano de ordenamento da área protegida está a colocar entraves.

“O dinheiro que vem destinado a este território não pode ficar na gaveta só porque há uma entidade que tem um determinado plano de ordenamento. É uma perda para todo o território quando nós temos a possibilidade de aplicar fundos comunitários e não o fazemos por incapacidade de enquadramento desses fundos no plano de ordenamento vigente”, afirmou.

Por isso, o autarca diz que é urgente refazer o Plano de Ordenamento do Parque Natural de Montesinho e acabar com algumas restrições que diz não fazerem sentido.

“Este plano em vigor foi discutido a última vez em 2008 e está mais do que na altura de ele ser revisto, não só porque ele à época já ter sido tremendamente contestado, com muitas restrições, e até ao dia de hoje ainda não ter havido nenhuma correcção daquilo que foi identificado como negativo”, sublinhou.

A falta de informação e proximidade entre o ICNF e as gentes que vivem no parque é um dos problemas apontado pelo presidente da União das Freguesias da Aveleda e Rio de Onor. Mário Gomes considera que desde que a área protegida deixou de ter um director, as pessoas têm sido esquecidas.

“Ficou apenas a parte ambiental e deixou-se de fora a parte humana. Eu sei que são poucos, mas os poucos que há têm que ser devidamente tratados e informados. Às vezes as pessoas têm medo de cortar uma árvore, de fazer uma limpeza precisamente porque não estão informados, porque essa informação não passa. Depois há o aspecto burocrático, imagine-se o que é um septuagenário posto à frente de um computador para indicar o seu terreno. Essa falta de ligação e de presença do parque nas aldeias é notória e isso depois vai-se acumulando e as coisas vão se degradando cada vez mais”, apontou.

Mário Gomes defende ainda mais técnicos para fazer a gestão do parque. A directora regional do ICNF ouviu as críticas dos autarcas e avançou que vão ser feitos reajustes. Ainda assim, Sandra Sarmento realçou a importância das regras para a conservação da natureza.

“Conservar e preservar requer que haja regras. Nós estamos neste momento num processo de recondução de plano a programa e esse processo já prevê alguns ajustamentos, algumas correcções, que visam acolher questões que já foram identificadas e que são manifestamente incongruências”, disse.

O plano de ordenamento do Parque Natural de Montesinho vai assim ser convertido a programa e prevê-se que esteja concluído no próximo ano.

O parque fez esta terça-feira 43 anos. O aniversário foi comemorado em Rio de Onor. É gerido pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas e a co-gestão está a cargo dos presidentes de câmara de Bragança e Vinhais, municípios abrangidos pela área protegida, que em breve apresentarão um plano de investimentos para o parque.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

terça-feira, 30 de agosto de 2022

A Transversalidade da Cultura do Boato, da Calúnia, do Dizque – Dizque e da Alcoviteirice

Por: António Pires 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
 
Há dias, um amigo meu, bragançano por casamento, confessava-me, com alguma tristeza, que a coisa que mais o irritava em Bragança era o facto das pessoas se meterem na vida umas das outras. Compreendendo perfeitamente o seu estado de alma – por ter sido vítima da maledicência gratuita -, fiz-lhe ver, no entanto, que a minha cidade, neste reino maravilhoso, estava longe de ser a Meca da fofoquice, e que tal fenómeno está longe de ser exclusivo da província, das pequenas terreolas. 
Não, a cusquice é um traço comportamental tuga, com carácter transversal, uma herança genética de Viriato, que remonta ao início da nacionalidade. É “património” da Estremadura, do Ribatejo, do Algarve, do Alentejo, das Beiras, do Minho, da Madeira, dos Açores, de Trás – os Montes…. Aliás, o que são as redes sociais, no pior que elas têm, senão palcos onde se cultiva o mexerico e a devassa da vida alheia?!
Se assim não fosse, ser-nos-ia legitimo perguntar se Inês Pereira, a personagem – tipo criada por Gil Vicente, na Farsa que lhe dá o nome, é uma alcoviteira inspirada no universo feminino bragançano. Como legítima seria, em tom irónico, a sua resposta: olha que é bem capaz de o ser!
Para demover o meu amigo da intenção de sair de Bragança (depois de largos anos por cá), por causa dos danos “reputacionais” causados à sua pessoa, e ainda que eu não seja diplomado em nenhuma área do comportamento humano, convidei-o a atentar no perfil psicológico e nos motivos dos seus autores: 
O fofoqueiro/a, que motiva a verbalização da velha máxima do “é preciso ter lata!” e do “só fala quem tem que se lhe diga”, é alguém frustrado, doente, malparido, perigoso, infeliz, invejoso, que rejubila com o mal dos outros. O fofoqueiro/a maledicente, sendo a encarnação do Mal, tem como propósito arrastar para o lodaçal, onde ela/ele se encontra, todos quanto representam a antítese deles próprios, ou seja, gente recomendável nos valores e feliz com a vida.
O fofoqueiro/a, como, por culpa da sua personalidade doentia e da mente sem conteúdo, tem uma vida pouco empolgante, vive não a vida dele, mas a dos outros. E porque esta gente se alimenta do mal do próximo, o conselho a dar a quem já foi e é vítima destes “casos patológicos”, é que não devemos ligar ao “julgamento” dos desprezíveis e repugnantes, mas de quem gosta verdadeira e incondicionalmente de nós, e nos disponibiliza o ombro nos momentos que mais precisamos.
Ao longo da vida, directa ou indirectamente, convivi com o mexerico e com quem, com mestria, domina tal arte. Fruto dessas inevitáveis e “enriquecedoras” vivências, conheço algumas aves que, desde a eclosão do ovo, andaram sempre a saltar de ramo em ramo, mas que, pasme-se, perante a comunidade ornitóloga, de pluma levantada, quais passarecas de coro, apontam o bico, de forma covarde, através do abjecto expediente do boato e da calúnia, a quem é moralmente intocável. 
Da mesma forma, conheço alguns passarões que, tendo sido “convidados” a desvincular-se das instituições laborais a que estavam ligados, porque o alheio vil metal se lhe colava às mãos, e com algumas surpresas desagradáveis no matrimónio, têm, imagine-se, como desporto favorito falar mal de toda a gente, como se o seu trajecto de vida fosse imaculado.
Em 2020, em resultado da pandemia, escrevi, num Semanário da região, um texto a contrariar a ideia, defendida pelos mais ingénuos, que vivem no encantado mundo dos Teletubbies, de que, depois da “tempestade” surgiria a bonança, um Homem Novo, um Homem de coração puro, imune ao pecado, mais tolerante e solidário. Dois anos depois, infelizmente, a minha “tese” impõem-se: os maus continuam maus, os bons permanecem bons.
Não sei se devido à minha formação católica, a verdade é que não consigo desejar mal a esta gente, porque eles/elas, ainda que não tenham consciência disso, estão em grande sofrimento.

António Pires
, natural de Vale de Frades/S. Joanico, Vimioso. 
Residente em Bragança.
Liceu Nacional de Bragança, FLUP, DRAPN.

COMER, LER OU RESPIRAR?

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Há quarenta anos, altura em que comecei a demandar, com alguma regularidade, o Planalto, para ir de Moncorvo a Mogadouro, tinha de se passar por Carviçais e ainda bem. Fazia por ultrapassar a Serra do Roboredo, a meio do dia e, antes de abandonar a longa fila de casario, encostava à direita, quase ao fim da última reta e franqueava uma porta rústica para me banquetear com a Posta do Artur, uma das melhores do nordeste.
O restaurante, apesar de exíguo (em alturas de grande enchente, sobretudo no tempo da caça, prolongava-se para um quintal, as traseiras) era famoso, como o testemunhavam as inúmeras e criativas mensagens espalhadas pelas paredes. A notoriedade do estabelecimento confundia-se com a do seu proprietário, o Artur, e chegava longe, tendo ficado célebre um dito do mesmo. Quando um comensal lhe solicitou a ementa o dono do estabelecimento olhou-o de frente e questionou-o: “O senhor veio aqui, para comer ou para ler?”. Para comer, sem dúvida, iam, vão e irão (espera-se) a Carviçais todos quantos apreciam a boa posta mirandesa.
Esperemos que continuem a ir porque as nuvens que se vislumbram no céu são negras e pestilentas. Anuncia-se a construção, para breve, de uma fábrica de transformação de bagaço de azeitona que irá desfigurar a pacata e ecológica povoação de Carviçais.
Seria dramático se o emblemático Artur tivesse de alterar o rifão que o notabilizou e, perante a reclamação de algum cliente, por causa da escuridão do ar e do insuportável cheiro tivesse de o questionar: “O senhor veio aqui, para comer ou para respirar?”
O drama de Carviçais não se restringe ao restaurante O Artur, que se expandiu e mudou de lado da estrada que atravessa a aldeia. Os comensais podem escolher onde comer e o próprio estabelecimento pode mudar, mais uma vez, de lugar. Mas os habitantes, não!
E o que dizem eles do que lhes está prestes a cair sobre a cabeça? Obviamente, estão contra! E, em consequência, contra a instalação de tal empreendimento, estarão os seus legítimos representantes.
Não! Não estão! Vão dizendo que não estão a favor, que tal atividade não está alinhada com o programa com que foram eleitos mas... ninguém os ouviu dizer que estão total e inequivocamente, Contra! Pois bem, felizmente estamos num regime democrático e a oposição, de certeza que aproveitará o apoio popular para manifestar a sua manifesta desaprovação de tal iniciativa! Pois é... Mas, inexplicavelmente, também não é assim! Como não? Não. Estão, obviamente, ao lado da população, mas também com grande compreensão para com os olivicultores cujo “problema” de destino final dos resíduos dos lagares de azeite, é necessário resolver! Problema esse que se agravou, nos últimos tempos, com o grande aumento da produção de azeitona. A produção de azeitona aumentou, muito. No Nordeste? Em Trás-os-Montes? No Norte? Não. No Alentejo de onde é, curiosamente, originária a empresa que se propõe vir poluir os ares e solos nordestinos. 
As estranhas “especificidades” deste processo não se ficam por aqui, mas não cabem, já, nesta crónica.
Voltaremos ao assunto, brevemente!

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

Sidney Martins extraditado ontem para Portugal

 As autoridades espanholas entregaram ontem à Polícia Judiciária (PJ) o cidadão português, Sidney Martins, alvo de um mandado de detenção europeu sobre o qual recaem suspeitas de vários homicídios e roubos à mão armada, adiantou a PJ em comunicado.


“No dia de ontem, em fronteira terrestre, foi entregue à Polícia Judiciária, sob detenção, pelas autoridades espanholas, no âmbito do cumprimento de mandado de detenção europeu emitido pela Procuradoria de Faro, um homem de 42 anos, fortemente indiciado da prática de vários roubos à mão armada, ocorridos no mês de julho, na região algarvia”, lê-se numa nota publicada hoje na página oficial da PJ.

De acordo com a mesma nota, “o detido vai ser presente às autoridades judiciárias nacionais, na comarca de Faro, nos prazos legalmente previstos".

Sidney Martins é um dos elementos do casal de assaltantes português, detido em Espanha, a 13 de agosto, na cidade de Zamora.

O homem de 42 anos e a companheira Nélida Guerreiro, de 40 anos, conhecidos como ‘Bonnie & Clyde’ portugueses, são alvo de três inquéritos em Portugal, sendo suspeitos de um triplo homicídio em Bragança e de assaltos à mão armada no Fundão e no Algarve, para além dos assaltos que são suspeitos de cometer em Espanha.

O casal de assaltantes portugueses é alvo de três inquéritos em Portugal, sendo suspeito de um triplo homicídio de Bragança e de assaltos à mão armada no Fundão e no Algarve, segundo adiantou à Lusa fonte ligada ao processo.

Os homicídios em Bragança terão ocorrido a 09 de julho e 20 de julho.

Segundo o Jornal de Notícias, Sidney Martins terá aproveitado a ausência de Nélida Guerreiro e de um amigo comum do casal, Carlos Pires, para assaltar a casa dos pais deste último, tendo matado a mãe e agredido o pai, que foi transportado para o hospital.

Passados 11 dias, Sidney Martins e Nélida Guerreiro, alegadamente toxicodependentes, terão definido uma estratégia para voltar a entrar na casa assaltada, desta vez para roubar droga a Carlos Pires e dinheiro ao pai deste, tendo o assalto culminado em homicídio, ambos assassinados com uma faca.

Os corpos foram descobertos na casa, depois de um alerta dado por vizinhos relativo a um incêndio na habitação, provocado pelos alegados homicidas para encobrir o crime.

Sidney Martins e Nélida Guerreiro estão ainda indiciados pelo assalto a uma estação de serviço na A23, no Fundão, distrito de Castelo Branco, confirmou a mesma fonte à Lusa, esclarecendo que em ambos os inquéritos ainda não foram constituídos arguidos.

Questionado pela Lusa, o Ministério Público respondeu por escrito apenas que “foram instaurados inquéritos no âmbito dos quais se investigam factos ocorridos em Bragança e no Fundão, com vista à determinação da autoria dos mesmos”.

A dupla portuguesa é também suspeita de vários assaltos à mão armada em gasolineiras no Algarve, de onde seguiram para Espanha e cometeram vários outros assaltos, nomeadamente em Sevilha, Toledo e Badajoz, usando o mesmo ‘modus operandi’ de intimidação com arma de fogo e uma faca.

Na sequência de mandados de captura europeus, emitidos pelo Ministério Público “no âmbito de inquérito a correr termos no DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] de Faro”, os dois suspeitos foram detidos no sábado, 13 de agosto, em Zamora, Espanha.

Os suspeitos foram reconhecidos por um popular enquanto comiam um hambúrguer dentro do carro que tinham furtado em Madrid e no qual já tinham colocado uma matrícula falsa portuguesa.

Após serem presentes a interrogatório na Audiencia Nacional de Madrid, a dupla portuguesa ficou em prisão preventiva, por ordem do juiz Joaquim Gadea, estando por decidir o pedido de extradição para Portugal.

De acordo com os autos, a que a Lusa teve acesso, Nélida Alves Guerreiro, de 40 anos, declarou a sua oposição à entrega às autoridades portuguesas, ao abrigo do mandado de detenção e entrega apresentado por Portugal através da Interpol. Em sentido oposto, Sidney Pereira Martins, de 42 anos, não contestou a extradição.

Os mandados de detenção emitidos pelo Tribunal de Faro não abrangem as suspeitas de ligação do casal a um triplo homicídio em Bragança - ainda em investigação pelas autoridades portuguesas -, cingindo-se apenas aos crimes ligados aos assaltos em Portugal e Espanha.

Neste âmbito, o despacho referente a Nélida Alves Guerreiro cita mais crimes no mandado europeu de detenção e entrega, tais como “roubo, coação agravada, danos, falsificação de documentos, posse de arma proibida e condução perigosa”. O documento sobre Sidney Pereira Martins faz apenas referência a “roubo com intimidação”.

Em comum, o magistrado de Madrid sublinhou nos despachos “a ausência de justificação fiável e válida relativa às raízes em Espanha” dos dois cidadãos portugueses, considerando que essa situação representa “um certo risco de evasão à ação da justiça (que deve ser evitada, a fim de assegurar a finalidade da execução do mandado europeu)”. Nesse sentido, entendeu estarem reunidas todas as condições para justificar a ordem de prisão preventiva.

Fonte da Audiência Nacional explicou ainda à Lusa que os dois cidadãos portugueses dispunham a partir da data da decisão de um prazo de cinco dias para apresentar um eventual recurso da prisão preventiva decretada pelo juiz de instrução. Joaquin Gadea determinou também a comunicação da sua decisão ao consulado de Portugal na capital espanhola.

Mogadouro investe 2,4 milhões de euros na reabilitação do bairro de São José

 O município de Mogadouro, no distrito de Bragança, vai investir cerca de 2,4 milhões de euros na reabilitação do bairro de São José, o único desta vila que não sofreu intervenção nos últimos anos, foi hoje divulgado.


“Este foi o único bairro da vila de Mogadouro que não foi recuperado e reabilitado nos últimos anos, apresenta sinais de degradação, até pela forma como foi construído. Todo o bairro vai sofrer alterações profundas ao nível das suas infraestruturas”, explicou à Lusa o presidente da Câmara de Mogadouro, António Pimentel.

A intervenção visa a melhoria dos sistemas de abastecimento de água e saneamento, recuperação de passeios, arruamentos, rede elétrica e de comunicações (estas últimas passarão para o subsolo).

“Trata-se de um bairro com muita população dentro da malha urbana da vila e que também não dispõe de espaços verdes. Vamos aproveitar alguns lotes ainda por construir, que são propriedade do município, instalar jardins e outros espaços públicos. No fundo, o que se pretende é fazer a recuperação completa deste bairro”, vincou o autarca social-democrata.

Segundo António Pimentel, toda esta mudança será efetuada com materiais adequados que confiram uma outra “modernidade” ao bairro de São José.

Para o autarca, para além de ser uma ambição antiga dos moradores, a reabilitação é também “uma necessidade”, porque ao longo dos anos tem sido feita a recuperação da zona urbana e histórica da vila de Mogadouro e este bairro não foi intervencionado.

“Como este bairro tem ficado para trás no que respeita uma intervenção para as melhorias das infraestruturas, tem agora a nossa prioridade e ao mesmo tempo é uma obrigação do município melhorar as condições de vida de quem aqui vive”, frisou.

A intervenção no bairro de São José em Mogadouro já recebeu o visto favorável do Tribunal de Contas (TdC).

Fotografia: Diário de Trás-os-Montes

Despiste junto ao Azibo deixou dois jovens feridos esta madrugada

 O despiste de um automóvel deixou dois jovens feridos esta madrugada, junto às praias do Azibo, na estrada que liga a aldeia de Santa Combinha à A4, em Macedo de Cavaleiros.


Os dois feridos, um rapaz e uma rapariga, têm na casa dos 20 anos, e embora tenham sido considerados feridos com pouca gravidade, o primeiro ficou com a perna em baixo da viatura, o que obrigou ao uso do desencarcerador para o retirar.

Foram encaminhados para o Hospital de Bragança.

O alerta foi dado cerca das 3h desta manhã e no local estiveram quatro viaturas dos Bombeiros Voluntários de Macedo de Cavaleiros, o INEM e a GNR.

Escrito por ONDA LIVRE

GCER festeja 45 anos com regresso do Festival de Folclore de Macedo de Cavaleiros

 A Praça das Eiras, em Macedo de Cavaleiros, foi palco do Festival de Folclore, uma iniciativa do Grupo Cultural e Recreativo da Casa do Povo de Macedo, que este ano completou 45 anos, em colaboração com o município macedense.


Apesar de fazer um balanço positivo destes anos de atividade, o presidente do grupo, Adelino Vinhas, destaca que a falta de jovens começa a ser um problema:

“O grupo está a precisar de gente jovem. Os mais novos aqui não têm muito a tradição do folclore e não aderem muito a este tipo de coisas.”

Além do Grupo Cultural e Recreativo da Casa do Povo de Macedo de Cavaleiros, passaram pelo festival o Grupo Etnográfico do Sabugal, o Grupo Folclórico de Cabril e os Plátanos de Alijó.

E quem assistiu, gostou:

“Gosto e sempre que estou cá venho ver. 

“É muito importante manter estas tradições vivas, pois é o nosso povo, a nossa cultura e a nossa vida.”

“Já fiz parte de um grupo folclórico e acho importante manter estas tradições vivas.

Gostei muito da experiência.”

“É a primeira vez que assistimos ao festival e estamos contentes com a iniciativa. Sou minhoto, gosto de folclore e adoro o som das concertinas.

Estou a gostar imenso.”

Mais um evento que está de regresso ao concelho de Macedo de Cavaleiros, depois de uma paragem forçada devido à pandemia.

Escrito por ONDA LIVRE

Foz do Sabor acolhe festival de vinhos nos dias 10 e 11 de setembro

 A praia fluvial da Foz do Sabor acolhe nos dias 10 e 11 de setembro, após dois anos de interregno devido à pandemia covid-19, o Festival dos Vinhos do Douro e Sabor, foi hoje divulgado.


Em comunicado, este município do distrito de Bragança adianta que o festival de vinhos do concelho conta com a participação de oito produtores, que durante os dois dias têm em exposição e para venda os néctares de qualidade produzidos no território, nomeadamente a Adega Cooperativa de Moncorvo, Pardala, Estrela do Peredo, Quinta do Couquinho, Quinta do Gravançal, Quinta da Silveira, Quinta da Terrincha, Quinta Vila Maior e Recantos do Vinho.

“Nesta edição, o destaque vai para a realização de uma noite branca, de batismos de Stand Up Paddle, Fitdance, música para bebés e vários concertos e espetáculos musicais”, indicou a mesma fonte.

BAMOS A MIRANDA

 No âmbito do “Concelho em Destaque”, o mês de Agosto leva-nos à descoberta de Miranda do Douro, com um vasto património histórico, arquitectónico, paisagístico, patrimonial, gastronómico, cultural e musical


A localização de Miranda do Douro, junto à fronteira, conferiu-lhe o estatuto de importante ponto estratégico de defesa, daí a construção, por exemplo, do castelo. No século XVI foi elevada à categoria de cidade e de sede do Bispado de Trás-os-Montes. E agora, Bamos a Miranda...

Lhéngua – a nossa segunda oficial

O mirandês é, desde 1999, a segunda língua oficial de Portugal. É falada na Terra de Miranda e um dos seus maiores estudiosos foi Amadeu Ferreira, que traduziu obras como Os Lusíadas, de Camões, Mensagem, de Fernando Pessoa, e alguns clássicos romanos de Horácio e Virgílio. Foi também este filho da terra que reuniu alguns mirandeses na diáspora e assim se criou, em 2000, aquela que hoje é a Associaçon de Lhéngua I Cultura Mirandesa, grande defensora da língua. Segundo o presidente, Alfredo Cameirão, para além das traduções, apoio linguístico, recolha, tratamento e arquivamento de documentação em língua mirandesa, para posterior disponibilização aos estudiosos e público em geral, publicação de livros e cursos de língua e cultura mirandesa online, “muito tem sido feito mas está tudo por fazer”. Uma das grandes prioridades passa por conseguir construir um ou mais manuais para o ensino da língua. “Sabemos que vai haver uma proposta, no Orçamento Participativo Jovem de Miranda, para os criar. Por essa via ou por outra, com apoios, em colaboração com a escola e com os professores, faremos esse caminho porque é urgente arranjar material didáctico”, explicou. Neste momento, o programa da disciplina, leccionada apenas no Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, é criado pelos docentes. Podendo ser frequentada por um aluno de qualquer ano, é uma disciplina extra- -curricular, mas a associação tem como “luta” converte-la em curricular. “O mirandês é escolhido por mais de 65% dos alunos, em média, nos distintos anos. Isto diz bem do interesse e carinho que os mirandeses tem pela sua língua”, afiançou. O mirandês também começou a estudar-se na internet, durante a pandemia, por iniciativa da associação. “Entendemos, às escuras, oferecer o primeiro curso online. Houve muito boa aceitação e, por isso, replicámo-lo quatro vezes. Depois decidimos passar para o nível II. Pensámo- -lo para 20 pessoas e logo no primeiro dia as inscrições esgotaram. Tivemos que fazer duas turmas, num total de 40 alunos, sendo que no primeiro nível participaram cerca de 130”, vincou. No ano passado a língua teve uma grande conquista, que foi Portugal ter assinado a Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias. Para Alfredo Cameirão, a demora na assinatura foi mais “inércia” que outra coisa, já que “o haver mais línguas não divide, multiplica”. Outro “passo visível” foi no ano passado o município de Miranda do Douro ter colocado mais de 1400 placas toponímicas em mirandês e português. As placas foram dispostas por 33 localidades do concelho. Um passo importante para Alfredo Cameirão que, ainda assim, diz que era necessário “esbarrar mais” na língua. “Dou um exemplo muito simples: um cartaz das festas de Verão pode perfeitamente ser escrito em mirandês. Desperta mais curiosidade do que escrito em português. É uma mais valia turística que o pode ser a nível económico”, assinalou, dizendo que o caminho também passa por aí, permitir que a língua ajude no desenvolvimento económico.

Os pauliteiros

Pensar em Miranda e não nos lembrarmos automaticamente dos pauliteiros é praticamente impossível. Um grupo de pauliteiros, sendo que em Miranda ainda há alguns, inclusive um de mulheres, baila ao som de ritmos tradicionais com paus. São os praticantes da dança guerreira característica das Terras de Miranda, que é acompanhada por caixa, bombo e gaita-de-foles. As danças são realizadas por oito homens ou mulheres, que usam uma vestimenta bem característica, saia bordada, camisa de linho, colete de pardo, botas de cabedal, meias de lã e, normalmente, um chapéu enfeitado com flores. José Meirinho, dos Pauliteiros de Fonte de Aldeia, que pertence ao grupo desde os seus primórdios, há 24 anos, admintindo que “a tradição é bastante antiga”, explica que, neste momento, esta colectividade integra cerca de 15 pessoas, não apenas daquela aldeia, mas também de Sendim, de Prado Gatão e até mesmo de Miranda. E para ser pauliteiro “não é preciso muito”, é necessário ter apenas “orgulho e gosto na tradição”. “Também é preciso ter interesse em que esta identidade se mantenha porque, de resto, tudo se ensaia”, vincou, frisando que, neste momento, em termos de ensaios, só o conseguem fazer uma vez por mês, mas o ideal era que até acontecesse semanalmente. José Meirinho, que afirma que no Verão, quando há mais festas e demonstrações, o ensaio é mais frequente, explica que a introdução de, por exemplo, músicas e movimentos novos implica um trabalho de recolha bastante grande. “Temos que falar com as pessoas mais antigas que dançaram e que têm alguma noção de muitos movimentos, sendo que são diferentes, muitas vezes, de aldeia para aldeia, até para a própria música”, esclareceu. Hoje em dia, a tradição não corre, nesta perspectiva, riscos. Ainda há quem queira dar-lhe continuidade. “Há jovens interessados. Isso há sempre. E nós também tentamos puxá-los para isto. E integrar um grupo de pauliteiros é sempre bom porque há a possibilidade de viajar até vários pontos do mundo que, de outra forma, se calhar, não se conseguia”, terminou o pauliteiro.

Senhora palaçoula

Entre tratamento de madeira e de aço, são precisos cerca de 80 passos para construir uma navalha de Palaçoulo. Possivelmente não tinha esta noção, mas é verdade. É necessário dar bem às mãos para criar estes pedaços de identidade, tão facilmente associados ao concelho. Pois bem, é em Palaçoulo, uma aldeia altamente industrializada, onde não há rasto de desemprego, que se situa uma das empresas mais conhecidas do concelho e que representa bem o que é toda esta tradição cutileira. A Cutelaria Martins foi fundada por um jovem “irreverente”, como o apelida, hoje em dia, um dos filhos e sócios-gerentes da empresa. “Como forma de evitar a emigração, o meu pai decidiu encontrar uma profissão, a de ferrador. Em 1954 foi à escola de Medicina Veterinária de Lisboa fazer o exame e regressou com a autorização para exercer a profissão. Depressa percebeu que era uma actividade muito sazonal e, tendo uma forja, começou a fazer as primeiras navalhas”, contou Alberto Martins, que, em conjunto com os outros três irmãos, dirige a empresa, fruto da “capacidade galvanizadora” do pai, que os foi envolvendo nos negócios. E são eles que tem muita da responsabilidade de, em 1986, a empresa ter dado um “salto”, com a mecanização da produção e a introdução de novos produtos, nomeadamente talheres e linhas de facas de cozinha. A navalha, noutros tempos o terceiro braço de um agricultor, tem hoje “uma centralidade diferente”. A vida muda e é preciso mudar com ela. Assim, a Cutelaria Martins, em 2008, decidiu assumir, perante a crise, uma mudança, que permitiu que a empresa pudesse dar mais um salto e dos grandes. “Definimos uma estratégia de médio/longo prazo, que passou por um restyle de peças, desenvolvimento de novos produtos e criação de uma cultura de inovação. Tudo isto, desde aí, nos diferencia e cada vez mais estamos alinhados com o nosso território, que queremos elevar”, explicou Alberto Martins. E pronto, foi assim que a cutelaria chegou ao que hoje vende. Produtos para todos os gostos e feitios. “Temos uma lista de clientes muito vasta e operamos em diferentes nichos de mercado. Trabalhamos o mercado dos brindes empresariais, em que customizamos as peças à medida do cliente, temos o mercado do souvenir, em que trabalhamos de uma forma acutilante para o turismo, com peças alusivas a diferentes cidades do país e do mundo, depois temos a área da restauração, a quem fornecemos os nossos talheres, sendo que temos cada vez mais steak houses a procurar os nossos artigos, como as facas de serra, por causa do poder de corte, tolerância na ida à maquina de lavar e durabilidade”, avançou, frisando que, além destes, claro que também se vende a partir de lojas físicas e na internet, onde se pode criar a própria navalha personalizada ou comprar até mesmo as mais simplistas. À empresa, onde trabalham 20 pessoas, maioritariamente de Palaçoulo, as matérias-primas chegam da Alemanha, Espanha e Suécia, no caso do aço, e, em termos de madeira, maioritariamente da França. O que é nosso, tal como em algumas linhas de facas, com composições gráficas que fazem alusão à região, já se começa a utilizar, em termos de matéria-prima. “No sentido de diferenciar o produto e dar-lhe uma identidade diferente, temos usado o carrasco e o freixo. Há clientes que nos exigem cunho local e socorremo-nos destas madeiras”, assumiu . Na empresa acaba de se abrir um espaço museológico, já que as solicitações de visitas guiadas eram muitas. Não era opção enveredar por um turismo industrial mas fazia sentido “partilhar a história”. “Era uma obrigação”, terminou Alberto Martins, que para o futuro quer, “com muita humildade, continuar a assumir a capacidade de diferenciação”.

Barricas que correm mundo

É também em Palaçoulo que se situa a empresa familiar JM Gonçalves. Com 52 trabalhadores, de Palaçoulo, do resto do concelho e da região, bem como estrangeiros, dedica-se à produção de barricas e alternativos e tem cerca de 100 anos de actividade. Líder no mercado na Península Ibérica, no seu sector, exporta, maioritariamente, a sua produção para grande parte dos países produtores vitivinícolas, como sendo França, Espanha e Estados Unidos da América. “Para Portugal também vendemos, mas representa cerca de 11% da nossa produção”, esclareceu Sérgio Gonçalves, um dos seis sócios-gerentes e filho do fundador. Afirmando que a empresa “é a maior do concelho e aquela que mais postos de trabalho cria”, assegura que é “reconhecida mundialmente” e, claro, Portugal não a esquece. “Este ano fomos premiados com o Coteq-BPI”, vincou, afirmando que tudo isto se deve à “capacidade produtiva, grande solidez financeira e excelentes recursos humanos”. Anualmente, a empresa produz entre 15 a 20 mil barricas. Em média, são 50 barricas diárias. Produzir mais ou produzir menos depende dos modelos a executar e das madeiras, já que há algumas que secam mais rápido que outras. “A barrica em si é um produto que, mecanicamente, é fabricado com base numa norma, em que o que difere são os modelos, capacidades e madeira utilizada, sendo que ele não evoluiu muito. Aquilo que evoluiu foram as técnicas de fabrico”, esclareceu. No futuro, deverão ser criados mais postos de trabalho, numa aposta em recursos humanos qualificados. A ideia é conseguir mais “eficiência produtiva”.

O ícone da religiosidade

Foi por ordem de D. João III que Miranda viu nascer a concatedral. A Antiga Sé está classificada como “Monumento Nacional de Portugal” desde 1910. Foi mandada construir no contexto de uma reorganização político-religiosa, tendo sido iniciada em 1552. Foi concluída no começo do século XVII, mantendo o estatuto de sé episcopal até 1780, ano em que a sede da diocese foi transferida para Bragança. Celina Pinto, directora do Museu da Terra de Miranda, que também tem a seu cargo a concatedral, afirma que este monumento detém um “valioso património arquitectónico e artístico”. É, por exemplo, aqui, neste espaço, que estava, na sacristia, o Calendário da Sé de Miranda. São 12 quadros que representam os 12 meses do ano. Cada figura retrata trabalhos agrícolas e vivências rurais. Após um estudo, tendo-se atribuído as pinturas a Peeter Balten, pintor em Antuérpia, as obras, de 1580, ficaram acessíveis ao público, sendo que até há pouco tempo não o estavam. “Não se sabia o seu valor artístico, e quando se fez o estudo, a obra ganhou uma nova dimensão”, disse a directora. Pensa-se que as obras foram adquiridas ou encomendadas no mercado antuerpiano, por parte do Bispo D. Jerónimo de Menezes, que governou a Diocese de Miranda entre 1581 e 1592. Em termos de guardar relíquias, a concatedral não se ficou só por aqui. Foi na Antiga Sé que também se encontrou, em 2015, um livro único de composições de música renascentista do século XVII, do compositor espanhol Diego de Bruceña. Em 1620 foram impressos 400 exemplares deste livro e o de que foi encontrado é o único que resta, sendo que a obra está agora a ser digitalizada e estudada, numa parceria entre o Museu da Terra de Miranda e a Universidade de Boston. “Este estudo consiste também em torná-lo público. A missão das instituições culturais é salvaguardar o seu património, mas também divulgá-lo e torná-lo acessível”, frisou Celina Pinto, que disse que vai ser criada uma plataforma digital onde o livro vai ficar disponível, permitindo que todos os músicos, a nível nacional, a ele possam aceder e assim o tocar.

40 anos de um museu que espelha

Miranda Criado em 1982, o Museu da Terra de Miranda assume um “papel fundamental”, porque “está inserido numa cidade do Interior e, neste contexto, têm que estar muito próximo das suas comunidades”. Neste momento, fechou portas para obras de remodelação. Quando abrir “será completamente diferente, maior, com outros conteúdos, mais apelativo e mais contemporâneo”. A obra ainda não começou, sendo que o museu já está, pelo menos parte do espólio, no Antigo Paço Episcopal. É aqui que permanecerá até a obra estar acabada. A empreitada surge 40 anos depois da sua criação, o que a directora entende estar errado. “O Interior é sempre esquecido, os investimentos são poucos, por isso é que o museu chegou a esta situação de quase ruptura, no que diz respeito à estrutura do edifício”, frisou, dizendo que “por isso é que esta obra é urgente”. Falta agora a luz verde do Ministério das Finanças. “Estamos todos ansiosos para que a obra inicie e esperemos que isso aconteça, eventualmente, no mês de Setembro”, referiu ainda. A empreitada deve durar cerca de 24 meses. No futuro, no novo museu, haverá outros contextos. Em grande força surgirá o que está relaccionado, por exemplo, com a língua.

Desvendar pedaços de história

O Castelo de Miranda do Douro existe desde finais do século XIII. Foi mandado fundar pelo Rei D. Dinis, na altura de estabelecer as fronteiras da nossa nação, juntamente com outros, nomeadamente o de Vimioso, Bragança e Penas Róias. “Eram locais estratégicos no combate com Espanha”, explicou Mónica Salgado, arqueóloga ao serviço da câmara. Dada a importância, nos últimos tempos, têm sido alvo de trabalhos. A ideia é descobrir pedaços de história e, claro, requalificá-los e torná-los visitáveis. Os trabalhos arqueológicos iniciaram em 2018, sendo que já tinha sido feita uma campanha em 1998, descobrindo-se uma das muralhas de adaptação do castelo à luta com os novos meios de combater, a pirobalística. Já os mais recentes ali feitos colocaram várias outras estruturas visíveis, sobretudo de natureza militar, que vão desde o século XIII ao XVIII. Algumas já foram intervencionadas, nomeadamente a muralha e uma das portas, que já estão visíveis mas não visitáveis, sendo que se estão a fazer obras de requalificação de toda a área. “A ideia agora é recuperar o que se descobriu mas vai demorar algum tempo. Vamos tentar fazer algumas candidaturas e a câmara também está disponível para fazer esse trabalho, sempre com a colaboração da Direção-Geral do Património Cultural”, esclareceu Mónica Salgado. Neste momento, há um campo de trabalhos, começado em 2019, que está a terminar. A arqueóloga, por ele responsável, diz que já consegue perceber por onde passam estruturas como a muralha secundária, a barreira nova e a torre hexagonal. Assim que o campo termine será elaborado um projecto de consolidação e visitação. A ideia é a mesma com tudo que já se descobriu: recuperar e dar a possibilidade, a todos quantos queiram, de visitar.

Arre burro

Não se fala de Miranda sem se falar de burros. Foi aqui que se conservou uma das últimas variedades autóctones de asininos no território nacional: a Raça Asinina de Miranda. E o presente, perante uma raça que esteve em risco, é bem risonho, admite Miguel Nóvoa, secretário técnico da Raça Asinina de Miranda e membro da direcção da Associação Para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA). “Em 2005 teríamos, em todo o concelho, 1 a 2 nascimentos por ano. Neste momento temos cerca de 30”, explicou, reportando-se a 2005 porque esta é a data de fundação do Centro de Valorização do Burro de Miranda, instalado na aldeia de Atenor, e, por isso, foi quando se iniciaram os trabalhos de preservação da raça, que nos deixam nos números de hoje. No centro vivem 60 burros, mas, além dele, cuja missão é ajudar a que o efectivo aumente e receber as pessoas que queiram conhecer os animais, há mais espaços ligados à raça. É o caso do Centro de Acolhimento do Burro, criado em 2011, com sede em Pena Branca. Tem um propósito diferente mas igualmente importante. “Não poderá haver uma verdadeira raça autóctone se não nos preocuparmos com os animais de mais idade. O que fazer a estes animais em fim de vida? Daí surgiu a ideia deste centro, que vai acolhendo animais com alguma idade ou animais de pessoas que não os podem manter”, explicou Miguel Nóvoa. O Centro de Atividades Lúdico-Pedagógicas do Burro de Miranda, no concelho de Vimioso, é outro dos espaços. Tem como objectivo desenvolver actividades instrutivas na companhia dos burros, sendo que ali residem oito.

Um traje de tradições que nasce do burel

A Capa de Honras mirandesa é umas das marcas da região. Noutros tempos tinha como objectivo proteger os pastores do frio. Agora é utilizada em cerimónias protocolares ou actos de importância relevante. Esta peça, de grande valor etnográfico, é feita em lã, que passa por um conjunto de processos de transformação. É com este tecido, o burel, que, ainda hoje em dia, alguns artesãos constroem as capas. É o caso de Palmira Falcão. Com 65 anos, natural de Sendim, trabalha com burel de 1995. A arte surgiu quando Miranda celebrou 450 anos de cidade, já que teve que fazer um fato para o filho participar num desfile e “correu bem”. Além das capas de honras, faz muitas outras coisas com o burel, nomeadamente outras capas para senhoras, fatos de pauliteiros, carteiras, carpetes, enfim, “todo o tipo de trabalhos que as pessoas vão pedindo”, sendo que o que mais é solicitado são mesmo as capas de honras. E fazê-las não, propriamente, pêra doce. “Por duas pessoas, a sua confecção pode demorar uma semana ou mais”, referiu Palmira Falcão. Além de ser o que mais vende, as capas de honras são também o produto mais caro. Cada uma pode custar 800 ou mais euros. As carpetes também não são propriamente baratas, dependendo do tamanho. Ainda assim, “são uma peça única, muito bonita”. Para ter o que confeccionar e vender, a artesã manda vir o burel da zona da Serra da Estrela, já que “só ali é que, hoje em dia, o há”. “Antigamente fazia-se aqui, em Miranda. Fiávamos a lã, tecíamos havia muito gado... mas ali começaram a ter máquinas melhores para fazer o tratamento do tecido e agora é ali que ainda se continua a fazer”, recordou.

De Miranda do Douro para a ribalta do atletismo

Ricardo Ribas é uma referência do desporto distrital e nacional. O atleta natural da aldeia de Malhadas, em Miranda do Douro, cedo deu mostras da sua aptidão para o atletismo. Ainda muito pequeno, com cinco ou seis anos, sempre a acompanhar os pais nas lides agrícolas e a pastorear os animais pelo campo, gostava de correr e sonhava em participar nos Jogos Olímpicos, um sonho que concretizou com 38 anos. Mas já lá vamos. Foi o Desporto Escolar a porta de entrada no atletismo e no Ginásio Clube de Bragança (GCB), em 1994, onde começou a trilhar um caminho de sucesso. Na altura tinha 12 anos e como referências os atletas Carlos Lopes, os gémeos Castro e Rosa Mota. Com a camisola do GCB foi vice-campeão nacional de juvenis de corta-mato, em Coimbra. Antes, Ribas alcançou o nono lugar no mundial na China e depois participou nos Jogos da FISEC em Inglaterra. “O Ginásio Clube de Bragança foi campeão e fomos apurados para ir à China. Sabia que dificilmente os meus pais me deixavam ir, então falsifiquei as assinaturas e quando deram por ela já estava na China. Se ficaram chateados? Na altura sim, mas passou rápido”, recordou. Ricardo Ribas manteve o seu espírito de aventureiro e sabia que para chegar a outros patamares tinha que arriscar. Assim fez. Rumou a Lisboa, sem nada dizer aos pais, arranjou trabalho num restaurante e ingressou no Maratona Clube de Portugal, tinha na altura 17 anos. “Se ficasse em Miranda do Douro não conseguia chegar onde cheguei. Em Lisboa, durante sete anos, conciliei o trabalho num restaurante com o atletismo. Não foi fácil, mas valeu a pena”. A partir daí, Ribas acumulou títulos. Em 2002, sagrou- -se campeão nacional de 5000 metros, mas foi no corta-mato que se destacou. Foi campeão nacional de crosse curto em 2005 e 2007. No Europeu participou sete vezes, conseguiu um nono lugar em 2007, e seis vezes no mundial. Mais tarde, o agora treinador apostou na maratona. Já ao serviço do Benfica ajudou os encarnados a conquistar dois títulos colectivos, em corta-mato, em 2013 e 2015. Mas, a concretização do sonho de criança aconteceu aos 38 anos. Ribas bateu o seu recorde pessoal na maratona de Dusseldorf, na Alemanha, que lhe garantiu a presença, em 2016, nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, no Brasil. “É a cereja no topo do bolo. Ainda é mais saboroso quando chega numa altura da tua carreira, tinha 38 anos, em pouca gente acreditava que conseguia chegar lá. Ser atleta olímpico é um carimbo para a vida toda. Há atletas que conseguiram grandes resultados e nunca conseguiram ir aos Jogos Olímpicos. É algo que me deixa orgulhoso e quando falo disso fico com pele de galinha”. Entretanto, Ricardo Ribas representou o SC Braga, em 2018 sagrou-se campeão universitário de crosse curto e terminou a carreira em 2021, aos 43 anos, no clube onde tudo começou, no Ginásio Clube de Bragança. Ribas direcciona agora as atenções para a área do treino e para o clube que fundou em 2019, o Team El Comandante”, que conta com mais de 100 atletas.

Susana Madureira

A presidente

Nome: Helena Maria da Silva Ventura Barril
Idade: 52 anos
Tempo de Mandato: 10 meses
Profissão: Funcionária Pública
Porquê é que decidiu dedicar-se à política?

A decisão de me dedicar à politica não é de agora. Aceitei este desafio porque acreditei, à data, e continuo a acreditar neste projecto. Estou empenhada na melhoria deste concelho, tenho a força de vontade e estou imbuída do espirito de querer melhorar esta terra e de melhorar a qualidade de vida desta maravilhosa população. Amo este território e acredito no potencial do mesmo, nas nossas gentes. Nesta Terra de Miranda temos qualidades únicas e diversificadas, somos diversos diamantes brutos que apenas necessitam de lapidação.

Como é ser presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro?

É ser eu, pessoa dinâmica, tentando estar presente, gerindo o tempo de forma quase cronometrada para ir correspondendo aos convites que me vão dirigindo. Não é uma vida tranquila, exige-me muito, mas com a qual tenho uma total conexão. O exercício deste cargo permite-me uma grande proximidade com as minhas gentes, os nossos velhos. Tenho a meu cargo, por escolha pessoal, o pelouro da cultura e em consequência, temos criado uma nova dinâmica cultural, com exibições dos Pauliteiros de Miranda, com cinema, com teatro, com espectáculos musicais. E tudo isto trouxe uma mudança na minha vida, mas com uma satisfação enorme e total empenho. Efectivamente, gosto do que faço. Direi mais, acho que nasci para exercer este cargo.

Quais são os maiores desafios como autarca?

É cumprir os compromissos que assumi durante a campanha e cumpri-los sem abdicar dos valores de integridade que pautam a minha vida pessoal. Há obras estruturantes para o concelho que quero concretizar, como é a construção do novo matadouro e a requalificação do rio Fresno e da sua envolvente. Outra obra imprescindível é a renovação das condutas da água, para que consigamos colmatar as significativas perdas que temos. Teremos de tornar o nosso concelho mais eficiente, quer a nível das águas e saneamentos, como ao nível da iluminação. Teremos de executar alterações estruturais nestes sectores, informatizando-os. Como é público, temos perdas na distribuição da água, na ordem dos 70%, ou seja, não estamos a ser eficazes na sua distribuição. Vou deixar a nota, que este sector é e será um desafio muito grande, mas já estamos a trabalhar para o reformar estruturalmente e seremos eficientes e eficazes, o que nos trará uma menor despesa pública. Somos zelosos com os “dinheiros públicos” e vamos mostra-lo. Temos como meta de atingir neste mandato a requalificação dos edifícios públicos, mormente, o próprio edifício da câmara, a Casa da Cultura, a Biblioteca Municipal, o edifício da Divisão de Obras, o edifício da Divisão da Cultura, edificados que recebemos muito degradados. E quero continuar com todo o empenho na promoção do concelho, através do nosso riquíssimo património cultural, levando os Pauliteiros de Miranda aos quatro cantos do Mundo, promovendo a Língua Mirandesa, apoiando a publicação de livros em Mirandês, apoiando as associações de produtores das raças autoctones, associações de agricultores, as cooperativas e as associações culturais. Temos conhecimento profundo do nosso território, temos força de vontade e a consciência das necessidades das nossas populações. Vamos ao trabalho!

Jornalista: Carina Alves