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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

A Transversalidade da Cultura do Boato, da Calúnia, do Dizque – Dizque e da Alcoviteirice

Por: António Pires 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
 
Há dias, um amigo meu, bragançano por casamento, confessava-me, com alguma tristeza, que a coisa que mais o irritava em Bragança era o facto das pessoas se meterem na vida umas das outras. Compreendendo perfeitamente o seu estado de alma – por ter sido vítima da maledicência gratuita -, fiz-lhe ver, no entanto, que a minha cidade, neste reino maravilhoso, estava longe de ser a Meca da fofoquice, e que tal fenómeno está longe de ser exclusivo da província, das pequenas terreolas. 
Não, a cusquice é um traço comportamental tuga, com carácter transversal, uma herança genética de Viriato, que remonta ao início da nacionalidade. É “património” da Estremadura, do Ribatejo, do Algarve, do Alentejo, das Beiras, do Minho, da Madeira, dos Açores, de Trás – os Montes…. Aliás, o que são as redes sociais, no pior que elas têm, senão palcos onde se cultiva o mexerico e a devassa da vida alheia?!
Se assim não fosse, ser-nos-ia legitimo perguntar se Inês Pereira, a personagem – tipo criada por Gil Vicente, na Farsa que lhe dá o nome, é uma alcoviteira inspirada no universo feminino bragançano. Como legítima seria, em tom irónico, a sua resposta: olha que é bem capaz de o ser!
Para demover o meu amigo da intenção de sair de Bragança (depois de largos anos por cá), por causa dos danos “reputacionais” causados à sua pessoa, e ainda que eu não seja diplomado em nenhuma área do comportamento humano, convidei-o a atentar no perfil psicológico e nos motivos dos seus autores: 
O fofoqueiro/a, que motiva a verbalização da velha máxima do “é preciso ter lata!” e do “só fala quem tem que se lhe diga”, é alguém frustrado, doente, malparido, perigoso, infeliz, invejoso, que rejubila com o mal dos outros. O fofoqueiro/a maledicente, sendo a encarnação do Mal, tem como propósito arrastar para o lodaçal, onde ela/ele se encontra, todos quanto representam a antítese deles próprios, ou seja, gente recomendável nos valores e feliz com a vida.
O fofoqueiro/a, como, por culpa da sua personalidade doentia e da mente sem conteúdo, tem uma vida pouco empolgante, vive não a vida dele, mas a dos outros. E porque esta gente se alimenta do mal do próximo, o conselho a dar a quem já foi e é vítima destes “casos patológicos”, é que não devemos ligar ao “julgamento” dos desprezíveis e repugnantes, mas de quem gosta verdadeira e incondicionalmente de nós, e nos disponibiliza o ombro nos momentos que mais precisamos.
Ao longo da vida, directa ou indirectamente, convivi com o mexerico e com quem, com mestria, domina tal arte. Fruto dessas inevitáveis e “enriquecedoras” vivências, conheço algumas aves que, desde a eclosão do ovo, andaram sempre a saltar de ramo em ramo, mas que, pasme-se, perante a comunidade ornitóloga, de pluma levantada, quais passarecas de coro, apontam o bico, de forma covarde, através do abjecto expediente do boato e da calúnia, a quem é moralmente intocável. 
Da mesma forma, conheço alguns passarões que, tendo sido “convidados” a desvincular-se das instituições laborais a que estavam ligados, porque o alheio vil metal se lhe colava às mãos, e com algumas surpresas desagradáveis no matrimónio, têm, imagine-se, como desporto favorito falar mal de toda a gente, como se o seu trajecto de vida fosse imaculado.
Em 2020, em resultado da pandemia, escrevi, num Semanário da região, um texto a contrariar a ideia, defendida pelos mais ingénuos, que vivem no encantado mundo dos Teletubbies, de que, depois da “tempestade” surgiria a bonança, um Homem Novo, um Homem de coração puro, imune ao pecado, mais tolerante e solidário. Dois anos depois, infelizmente, a minha “tese” impõem-se: os maus continuam maus, os bons permanecem bons.
Não sei se devido à minha formação católica, a verdade é que não consigo desejar mal a esta gente, porque eles/elas, ainda que não tenham consciência disso, estão em grande sofrimento.

António Pires
, natural de Vale de Frades/S. Joanico, Vimioso. 
Residente em Bragança.
Liceu Nacional de Bragança, FLUP, DRAPN.

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