sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Mirandela preparada para a famosa noite dos bombos

 Na madrugada de sábado, esperam-se em Mirandela mais de 1500 "tocadores" de bombo e milhares nas ruas a assistir, até ao amanhecer.

Foto: Fernando Pires/JN

A festa de Mirandela, em honra de Nossa Senhora do Amparo, está a chegar ao fim de semana final e, esta sexta-feira à noite, esperam-se milhares de pessoas nas ruas para assistirem à famosa noite dos bombos, com milhares de pessoas a tocar bombo pelas principais ruas da cidade e apinhadas de gente numa folia que contagia e que não deixa ninguém indiferente, pela madrugada dentro.

Os mirandelenses chamam-lhe a noite mais longa do ano. "É certamente o dia do ano em que a gente de Mirandela vai para a cama mais tarde, porque é um dia de pura diversão e de convívio com os que moram cá e aqueles que estão fora. Alguns só os vemos nessa noite e depois voltamos a encontrá-los no ano seguinte", conta Manuel Silva, um mirandelense para quem a noite dos bombos é sagrada, há quase 40 anos. "Este ano, deve ser de arromba, porque já não acontece desde 2019", lembra.

Para o juiz da confraria, não há dúvidas que se trata de um dos eventos que traz mais gente às festas. "Os bombos e a marcha luminosa, na sexta-feira, e a procissão e o espetáculo de fogo-de-artifício, no sábado, são as principais referências da festa e a imagem de marca que seduzem milhares de pessoas", conta Sílvio Santos.

Festa desde 1963

Esta tradição original começou em 1963. "Na altura, eram meia dúzia, mas agora, as pessoas vêm de todo o lado tocar bombo", conta Rui Barreira, um dos mentores do evento. "Isto já atingiu proporções impensáveis", confessa este empresário da terra da alheira, que recorda como tudo começou.

"Na altura, um grupo de Mondim de Basto vinha de comboio, durante a madrugada, para fazer a arruada. Pedimos emprestados os bombos em troca de uma garrafa de whisky e começamos a tocar pela ponte velha. Gostamos tanto que, nos anos seguintes, a moda pegou e tivemos que começar a alugar bombos para satisfazer centenas de mirandelenses", explica Rui Barreira, acrescentando que, nos primeiros anos, pediram emprestadas as batas brancas aos médicos do hospital para desfilarem pelas ruas a tocar bombo.

Atualmente, já não é possível alugar, dado o aumento brutal de adesões que se alargou aos forasteiros com grupos organizados. "Agora até já há famílias inteiras a integrar o desfile e grupos de amigos que usam fardas personalizadas", diz Mário Esteves, outro fundador da tradição e o "maestro" da famosa noite dos bombos.

Por volta da uma da manhã, os "tocadores de bombo" vão concentrar-se no recinto do Mercado Municipal. Têm à sua espera centenas de litros de sangria, vinho, barris de cerveja, potes de rancho, sardinhas, alheiras e outros produtos regionais. Cerca das duas e meia, e já com milhares nas ruas para assistir ao desfile, os tocadores de bombo vão percorrer as principais artérias da cidade durante horas. Aos primeiros raios de sol, os mais resistentes ainda fazem barulho.

Fernando Pires

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