quarta-feira, 10 de agosto de 2022

SILÊNCIO

Por: Maria da Conceição Marques
(colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")

Não profanem a palavra guardada, falem-me de mar e de ninfas, falem do sol e do vento,
Falem de paz e sentimento, ou mantenham a boca fechada!
Silêncio…
(…) ou falem de amor e mais nada!
Falem de areia, e de verão, falem das terras queimadas,
falem de tudo um pouco, das folhas secas, das línguas perversas, de pés acorrentados, de facas afiadas, de mãos atadas, mas não profanem a palavra guardada. 
Silêncio! Mantenham as bocas cerradas
A vida é feita de nadas, pó, terra, poeiras,
Maravilhas e ratoeiras, 
Silêncio! Evitem asnos e asneiras!
Falem-me de saudade ancestral, de papoilas vermelhas, de crianças risonhas, de fadas gentis, falem de tudo um pouco, mas não profanem a palavra guardada.
Falem de histórias e romances, de Romeu e Julieta, do principezinho, do capuchinho, mas parem com conversa fiada!
Silêncio! Mantenham a boca fechada!
Erguei as mãos aos céus!
Descei ao segredo dos mausoléus. 
Não profanem a palavra calada. 

Maria da Conceição Marques
, natural e residente em Bragança.
Desde cedo comecei a escrever, mas o lugar de esposa e mãe ocupou a minha vida.
Os meus manuscritos ao longo de muitos anos, foram-se perdendo no tempo, entre várias circunstâncias da vida e algumas mudanças de habitação.

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