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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

O erro

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Recentemente, em cerimónia pública, na Gulbenkian, António Coutinho, dirigindo-se a galardoados africanos das novas Bolsas de Investigação, incentivava-os a prosseguirem os seus estudos e trabalhos sem receio de assumirem os seus erros, pois esse é o caminho certo de procura da verdade, fim último da atividade científica. Citava, a propósito, o primeiro princípio do Decálogo de Bertrand Russell “Não tenhas nunca a certeza absoluta de nada”, sendo que o segundo estipula “Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz” o que, igualmente, releva para o caso em análise.
Acontece que, olhando para trás, tenho de reconhecer que na análise feita, há mais de um ano sobre a bondade e qualidade do monumento aos escritores, em Moncorvo, no Parque Verde Eng.º Aires Ferreira, Errei! O que ali está não é, seguramente, o mamarracho que ameaçava ser. Obviamente que o ajardinamento posterior e os melhoramentos, realizados pelos serviços camarários muito contribuíram para o alindar, dar valor, elegância e dignidade.
Tal não me desculpa pela minha falha que assumo e, da qual, me penitencio.
Aquele é, sem dúvida, um belo espaço de glorificação da cultura em geral e da literatura em particular. Não há razão para qualquer classificação menos elogiosa.
Errar é humano e não me sinto diminuído pela gafe. Pelo contrário, assumi-la, frontal, humilde e claramente confere-me autoridade moral para, elogiando a iniciativa, apontar-lhe um grande senão que, em boa verdade, se traduz em dois defeitos, embora o segundo seja de menor importância e que, penso eu, tenha resultado do primeiro.
São, a saber: uma falta inconcebível e um intruso injustificado.
Como é possível que, em Moncorvo, um monumento à literatura tenha excluído o maior escritor moncorvense de sempre, o homem que descreveu, como ninguém, a alma moncorvense, que enalteceu, de forma sublime, o Roboredo, que humanizou a nossa terra, que honrou o homem comum do nosso concelho, que descreveu a formosa Vilariça, na sua beleza e, igualmente, no drama secular ao mesmo tempo belo e aterrador do nosso “tsunami”, a Rebofa? Onde está o autor sensível, generoso, talentoso, livre e corajoso que os moncorvenses conhecem e que em devido tempo homenagearam e no qual se revêm com orgulho, satisfação e gratidão? Porque não foi colocado ali o busto de Abílio Adriano de Campos Monteiro?
Por outro lado o que faz ali Saramago? A que propósito? Que ligação especial tem com Moncorvo? Não está em causa a qualidade, valor e talento do autor, mas sim a verdadeira razão que o trouxe para junto dos inquestionáveis Torga e Borges... Homenagem a uma das maiores figuras das letras portuguesas? Pois bem. Outras haveria. Sem me alongar, cito alguns autores de incontestável valor com ligações conhecidas à capital do Douro Superior, como D. Dinis o poeta-rei, D. Luís de Portugal, homem culto protetor das artes e poeta renascentista ou, querendo subir ainda mais alto, porque não homenagear, na Terra do Ferro, o maior de todos, o imortal Luís Vaz de Camões que para além do génio superior teve, no seu tempo, forte ligação familiar à nossa terra.

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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