No âmbito do "Concelho em Destaque", lançado este ano pelo Jornal Nordeste e pela Rádio Brigantia, em pleno mês de Novembro rumamos a Alfândega da Fé. Quase nas despedidas de 2022, é este o décimo primeiro concelho do distrito que vamos conhecer mais detalhadamente
Alfândega da Fé é um concelho limitado por Macedo de Cavaleiros, com o qual reparte a centralidade do distrito de Bragança, por Mogadouro, Torre de Moncorvo, Vila Flor e Mirandela.
O concelho é, em termos económicos, essencialmente agrícola, sendo que privilegia de uma localização ímpar, situando-se num vale muito fértil, o da Vilariça.
Aqui predominam as produções de amêndoa e de cereja, bem como de castanha. A criação de gado ovino e caprino também é bastante importante para o território.
Mas bem, voltemos à agricultura porque é precisamente por aí que vamos começar.
O eterno ouro líquido, a riqueza de uma casa
O solo e o microclima particular que há na zona dão origem à produção, de boa qualidade, de fruta, vinho e azeite. E é ao azeite que Artur Aragão dedica parte da vida, sendo que, aos poucos, foi assumindo as rédeas da Casa Aragão, um negócio familiar, com mais de 250 anos.
São mais de 150 hectares de terreno que dão origem aos azeites desta casa. Além de Alfândega, a cultura de oliveiras estende-se a Torre de Moncorvo, Vila Flor e Mogadouro.
E falemos então de azeite... A Casa Aragão apresenta vários tipos do ouro líquido, como o azeite virgem-extra, em que se trabalha com a azeitona de início de campanha. "É um azeite bastante verde, amargo e frutado, um azeite gourmet", esclareceu Artur Aragão. Além deste, há o azeite virgem-extra DOP (Denominação de Origem Protegida). É obtido a partir das azeitonas da região demarcada de Trás-os-Montes e "é uma forma de valorizar o produto e a região".
Com algumas distinções internacionais surgem os azeites virgem-extra biológicos, nomeadamente o Grande Escolha, com 0.1 de acidez, e o azeite biológico para crianças, lançado em 2011 e que até ganhou, no ano passado, o prémio de melhor azeite do mundo, na categoria dos azeites biológicos. Refira-se que este é um azeite que surgiu para "ajudar a criar consumidores para o futuro".
Não menos importantes são os azeites que não ganham distinções porque trabalham para outra distinção, a da casa. É o caso do azeite com ouro e do azeite em pó, duas formas de "chamar a atenção” do litoral para o interior. "Se não fizermos barulho parece que não existimos", vincou Artur Aragão.
O azeite em pó valeu à Casa Aragão o Prémio Nacional de Inovação em 2018. Esta invenção é do próprio gerente, que, quando viveu no Brasil, fez um curso de gastronomia molecular e, por isso, vai apostando nas experiências e na diferenciação. "O azeite em pó serve para enobrecer pratos, para polvilhar a comida. Há azeite em pó virgem-extra mas também o há com ervas, nomeadamente orégãos, alecrim e a peixeira, que é da nossa região", referiu Artur Aragão sobre esta "viagem gastronómica".
Já o azeite com ouro, uma pequena maravilha quando se agita a garrafa, foi pensado em 2009 e lançado em 2011, em pleno apogeu de uma crise financeira mundial. A ideia foi "enaltecer" o produto.
O azeite com ouro contém mesmo ouro sólido, comestível, lógicamente, sendo que o consumo deste metal precioso tem vantagens. "Os gregos e os egípcios usavam-no no combate às doenças ósseas", explicou Artur Aragão.
Quanto a preços, já que falamos de ouro, quando questionado sobre se este é um produto acessível, esclareceu dizendo que o azeite, lançado em Novembro de 2011, saiu bem. Só até àquele Natal foram vendidas mais de 15 mil garrafas, sendo que se precisavam apenas de cinco mil para que o investimento se pagasse sozinho.
Mas nem tudo é um mar de rosas, feito de prémios, de experiências e de inovações. A produção de Artur Aragão poderia triplicar mas não há como. Ou seja, está a faltar que os governantes "olhem para o território", apostando na água.
O empresário lamenta que o regadio ainda seja, praticamente todo, do tempo do Eng. Camilo de Mendonça e que sem esse investimento não se consegue competir com o Alentejo. "Aqui produzimos, dois ou três mil quilos de azeitona, por hectare. Eles, no mesmo espaço, produzem 10 mil quilos", referiu, avançando que não se pode olhar só para o turismo porque "sem actividade as pessoas vêm mas não voltam" e, qualquer dia, "o turismo será importante para esta zona mas é para vir ver os transmontanos como espécie em vias de extinção".
A cultura da Casa Aragão é essencialmente de sequeiro, uma outra parte beneficia de furos artesianos e a outra do regadio da Vilariça.
Uma cereja "equilibrada"
A cereja é outra das riquezas, a nível agrícola, no concelho de Alfândega da Fé. A produção do fruto é relativamente recente, sendo que foi pela mão de Camilo de Mendonça, dali natural, que se começou a apostar na cereja. Este projecto contemplava ainda a criação da Cooperativa Agrícola de Alfândega da Fé que, ainda hoje, é responsável pela maior mancha de pomares existente no concelho, cerca de 60 hectares.
Fundada em 2015, por três agricultores, que desenharam a sua ideia de negócio depois de terem concluído o mestrado na área de Agronomia, a Vivalley Fruit é responsável por parte da cereja daquela zona. Os pomares situam-se naquele concelho, oito hectares, e em Torre de Moncorvo, mais concretamente na Horta da Vilariça, outros quatro.
Segundo Adriano Andrade, um dos sócios-gerentes da empresa, que também faz consultoria e projectos de investimento para terceiros, a aposta na cereja surgiu porque é a cultura que "têm mais rentabilidade" naquela região. Contudo, sob o ponto de vista agrícola, a cereja "tem muita exigência", pois "para produzir com qualidade é preciso fazer por isso".
As plantações da Vivalley Fruit são de 2015, sendo que essas árvores estão já em plena produção, e há outras de 2017, que vão começar a dar.
E afinal que cereja é esta, a de Alfândega da Fé? Segundo o empresário, o clima e os solos deste concelho "permitem produzir uma cereja que, para além da questão da doçura, tem rigidez e alguma acidez, ou seja, é equilibrada". E não há dúvidas... "é uma das melhores cerejas do país".
Está claro é que "o trabalho do produtor é muito importante". Não é só pelo facto de as cerejeiras estarem plantadas em Alfândega que vão dar boa cereja, conforme assume Adriano Andrade.
E uma cereja tão única será que é paga a um preço justo, que faça jus àquilo que é? Na opinião do empresário "o preço de venda da cereja é satisfatório". O facto de se conseguir vender o fruto a bom preço resulta da cereja que é escolhida para venda. Ou seja, uma cereja com calibre 26/28/30, de qualidade, custa acima de dois euros e meio, podendo chegar aos três. "É bem cotada", afirmou.
Em plena produção há pouco tempo, sendo que se colhem na ordem das 20 a 30 toneladas, o mercado nacional, neste momento, têm absorvido toda a quantidade de cereja que a Vivalley Fruit produz. "Ao ser uma cereja de qualidade é muito procurada. Temos contactos, ainda assim, e já temos vendido para a Alemanha e para a Holanda", contou Adriano Andrade.
A empresa alfandeguense conta com três trabalhadores, no global, a tempo inteiro. Já quando se fala de apanha... aí tem que haver mais gente a pôr mãos à obra. Nessas alturas, em colheita, são, normalmente, 15 pessoas no campo e outras quatro na escolha da fruta e no embalamento.
E por falar em apanha, a falta de mão-de-obra por ali costuma ser um problema. Há muitos produtores que se queixam de não haver gente para trabalhar e de a campanha de apanha do fruto ser uma dor de cabeça. Não é o caso da Vivalley, que planeia tudo bem antes de ter que se ir para o terreno. "Não se encontra gente facilmente mas não se pode preparar a colheita 15 dias antes de começar a colher", disse o empresário, que assume que o grande problema não é a falta de trabalhadores, mas sim o perceber se vale a pena ou não colher, tendo em conta os custos de colheita. Mas, "se se cumprirem as questões da correção de solo, de pragas e doenças e se houver fruto, os colhedores acabam sempre por se encontrar", esclareceu ainda.
Com expectativas e objectivos de "aumentar" a área agrícola, Adriano Andrade diz que a profissionalização "é muito importante". Ainda que os agricultores estejam sempre dependentes dos factores climáticos, "consegue-se sempre reduzir quebras" e "quem faz as tarefas bem feitas pode não perder 80%, perderá apenas 30 ou 40".
E perante culturas cada vez mais exigentes, a água é um bem precioso. "Quem está dentro do perímetro de rega que aproveite o regadio e quem não está que faça captações e armazenamento de água porque isso é o futuro", terminou o empresário.
A agricultura é também a vida de Luciano Silva que, não sendo natural de Alfândega da Fé, é ali que vende boa parte da cereja que produz.
O agricultor, natural de Bornes, em Macedo de Cavaleiros, é produtor há 20 anos e tem, além de cereja, castanha, azeite, nozes e amêndoas.
As cerejas, cultura em que mais aposta, provêm das quatro mil árvores que tem, que dão cerca de quatro toneladas anuais.
Esta cultura, que "dá muito trabalho", tem sido "rentável", mas "depende" porque "dá muita despesa, em termos de mão-de-obra, sobretudo na apanha". Assim, Luciano Silva, sublinha que é preciso gastar mais dinheiro que com a amêndoa, a azeitona e a castanha, porque para apanhar estes frutos há máquinas. E além disso, "é complicado encontrar pessoas para este serviço" porque "não há quem queira trabalhar".
Em termos de preço de venda, este produtor não tem uma visão tão positiva como Adriano Andrade. Diz que "quando se vende ao consumidor final ainda se fala de um preço mais ou menos mas de resto não".
Mon Chéri já foi recheado com o requinte local
Talvez não haja nada que dê tanta projecção a Alfândega como a cereja, apesar de outras culturas terem ali mais peso, nomeadamente a azeitona e a amêndoa.
Mas nome... nome tem a cereja, que já foi, durante largos anos, degustada um pouco por todo, mas mesmo todo, o mundo. Envolto em chocolate e acompanho por licor, o fruto da região seguia para a confecção do tão afamado Mon Chéri, um dos campeões de vendas por altura de Natal. Onde o bombom chegasse a cereja, está claro, também chegava.
Mas há muito mais... é bem verdade que o distrito é conhecido pela comida. Poucos são os que nos visitam e não se regalam. Alfândega da Fé não foge à regra. O que ali não falta é com o que acarinhar o palato.
Tal como diz o apelo do Mon Chéri, "...uma emoção atrás da outra. Só vais entender se o provares", assim é o que se nos apresenta para comer em Alfândega.
É com os mais nobres produtos da região que o chef Marco Gomes trabalha. O alfandeguense, chef e proprietário do restaurante Oficina, no Porto, assume que a região que o viu nascer "é um diamante em bruto". "Temos uma riqueza gastronómica inacreditável", rematou.
A região, que "é riquíssima em produtos e receituário", está, infelizmente, por descobrir porque "precisa de comunicação, de marketing, de apresentação, de se apresentar". Segundo o chef, a gastronomia da região "precisa de vestir um fato de gala para ir à festa". Ou seja, "temos uma gastronomia rica mas ao mesmo tempo bruta". Assim, já que temos o essencial, os bons produtos, o que faz falta, na opinião de Marco Gomes, é tirar a comida das travessas de inox e escolher uma loiça bonita para a servir. "Há aqui um passo muito grande a dar", frisou.
As amêndoas de Alfândega são a origem de inúmeras sobremesas. As castanhas... ah, essas dão tão bons pudins... mas muito mais há! E os legumes que há o ano inteiro e que "podem acompanhar qualquer carne ou peixe"? "Alfândega é rica ao longo do ano se soubermos estar atentos aos produtos sazonais. Temos muitos rebanhos de ovelhas e de cabras, portanto conseguimos ter muito cabrito e cordeiro da serra, que dão excelente queijo, além da carne, claro. Agora estamos na época da castanha e há muitos pratos, doces e salgados, que se podem fazer com este fruto. Temos também agora os cogumelos, um produto nosso, que não sabemos trabalhar e apresentar e que nos é levado pelos espanhóis. Temos boas abóboras, que dão grandes compotas e cremes.. Estamos também agora a começar a ter a couve tronchuda, os nabais estão a despertar... enfim", enumerou o chef, que diz que "temos o melhor de Portugal".
O ESCULTOR QUE NÃO ACREDITAVA NO EFÉMERO
"José Rodrigues foi, e será, uma personalidade importante no panorama artístico e cultural, a nível nacional e internacional", lê-se, online, na Fundação Escultor José Rodrigues.
O artista plástico viveu parte da infância no local de onde a família era natural, Alfândega da Fé, terra que não o esquece, que preserva o orgulho e a memória e deu o nome do escultor à casa da cultura, no centro da vila.
O mestre, como era conhecido, nasceu em Luanda, em 1936, e morreu em 2016, no Porto. Diz-se, ainda assim, que não se morre quando o coração para de bater, que só partimos quando a última pessoa que se lembra de nós também segue viagem. Mas há pessoas imortais, que são eternas pelo que deixam. O escultor era adepto da frase do imperador Marco Aurélio, "em breve tudo esquecerei, em breve todos me esquecerão". Mas não, "nem pensar", não vai ser assim. "Temos que o lembrar. E temos que o fazer com um sorriso, com prazer", assumiu Ágata Rodrigues, uma das três filhas do artista.
Lembremos então o artista... mas saibamos quem era o Homem.
José Joaquim Rodrigues estudou Escultura na Escola de Belas-Artes do Porto, onde foi, depois, professor. Ajudou a fundar a Cooperativa Cultural Árvore, da qual foi presidente 30 anos, uma fundação privada, no Porto, que surgiu para promover um novo modelo de ensino artístico, capaz de romper com o academismo vigente, mais livre e colaborativo. Além disso, foi também um dos fundadores, em 1968, do grupo Os Quatro Vintes. O nome surgiu pelo facto de cada um dos quatro elementos ter terminado o curso na Escola de Belas-Artes do Porto com 20 valores. O colectivo de artistas existiu até 1972.
Dono de um trabalho multidisciplinar, sendo que além da escultura se destacou na gravura, cerâmica, ilustração e cenografia, José Rodrigues foi ainda um dos promotores da Bienal de Vila Nova de Cerveira, em 1978, localidade onde criou também a Escola Profissional de Ofícios Artísticos.
O artista, que em 1994 foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, ilustrou livros de vários autores portugueses, nomeadamente de Eugénio de Andrade.
O responsável pelo famoso "Cubo", um dos grandes símbolos da cidade do Porto, "sempre gostou de trabalhar o barro" e, por isso, "era até chamado o Zé dos Bonecos" porque "estava sempre a fazer figuras".
José Rodrigues, que "até ao fim esteve sempre a trabalhar", tinha um lema de vida que passava por fazer arte "para todos", daí ter inúmeras obras públicas. "Ficava muito feliz porque sabia que toda a gente tinha acesso à arte", assumiu a filha, que diz que brincava com o pai, assumindo-lhe que era a sua "fã nº1", mostrando-se "muito vaidosa" porque o artista era um verdadeiro "dinamizador cultural", que ajudou a "impulsionar outros artistas".
O escultor, que "era um homem cheio de humor, que gostava muito de viver a vida, que adorava as cerejas de Alfândega e os bons sabores", era "positivo" e "muito cativante", dado o seu "espírito jovem". E claro, "faz falta" pelo "lado humano".
A filha, que apelida o artista de "maravilhoso", diz que o pai, "efectivamente preocupava-se com as pessoas" e que "era muito informal", muito "terra a terra" e "super simples".
Com "sinceridade", José Rodrigues "era muito sincero" e, segundo Ágata Rodrigues, trabalhava bastante com a família a área social. "Coleccionava obras de outros artistas e sempre que em casa entrava uma peça ele dizia que éramos umas privilegiadas mas que tínhamos obrigação de, além de cuidar do legado, saber partilhar", esclareceu a filha do mestre.
E para visitar?
Alfândega da Fé é dos concelhos mais antigos da região. Segundo contou Francisco José Lopes, professor aposentado, que continua a trabalhar na investigação científica da historia e património local, D. Dinis criou uma série de concelhos, no actual distrito, mas, em Alfândega, "não há nenhum momento da época medieval", pelo menos identificado. Ainda assim, não faltam edifícios que para visitar.
A Igreja Matriz de Sambade, um Imóvel de Interesse Público, é uma "construção interessante", da época moderna, que merece visita.
Em termos religiosos destaca-se ainda a capela de N. Sra. de Jerusalém, em Sendim da Serra, o único edifício com uma planta em cruz no concelho e, possivelmente, nos vizinhos não exista algo semelhante.
Há ainda algumas pequenas capelas do século XVI, uma delas é a de Santo Amaro, em Legoínha, com pinturas murais recuperadas.
Visita pede ainda o Santuário de São Bernardino, de traça barroca, em Gebelim.
O santuário de Santo Antão da Barca, que já não está no local de origem, por causa da Barragem do Baixo Sabor, que deixou submersa aquela zona, "é um espaço que está num sitio muito bonito", junto aos Lagos do Sabor. A capela, com mais de 200 anos, foi trasladada. Pedra a pedra.
Para visitar, há ainda o Santuário Mariano de Cerejais, que é do século XX.
Já na vila, a Torre do Relógio, "com uma origem um bocado difícil de explicar, porque a documentação não permite saber muito sobre o imóvel característico e único no distrito", também é um ponto de interesse.
Estalagem segura onde reina a afirmação cristã
A origem da palavra Alfândega vem do árabe Alfandagua, que significa estalagem segura. Já o "da Fé" tem a ver com a lenda dos Cavaleiros das Esporas Douradas.
A lenda envolve Alfândega da Fé, o antigo concelho de Castro Vicente e o antigo concelho de Chacim, que hoje é Macedo de Cavaleiros.
Os cristãos lutaram contra um suposto mouro, que estaria no Monte do Carrascal, onde hoje é o Santuário de Nossa Sra. de Balsamão.
A revolta dos cristãos, que o conseguiram vencer, com a ajuda de Nossa Sra. de Balsâmo na Mão, era relativa ao tributo de donzelas que o mouro exigia às populações.
Com esta vitória, ao local onde se deu a batalha, que foi uma chacina, deu-se o nome de Chacim. A Castro Vicente, que era só Castro, juntou-se o Vicente, que significa vencedor, depois da batalha. Já Alfândega ficou "da Fé" porque a fé é a afirmação dos cristãos perante os mouros.
Jornalista: Carina Alves