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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Falta de castanha priva famílias transmontanas do suplemento para viver

 A castanha é um suplemento ao rendimento de muitas famílias transmontanas que, este ano, além de atrasado, poderá faltar, segundo antecipa o setor.


Nesta época do ano, a campanha já devia estar a terminar, mas na maioria dos soutos ainda nem começou e os produtores continuam à espera que a castanha caia dos ouriços ou que ainda se desenvolva.

Nenhum produto agrícola tem tanto valor económico como a castanha em Trás-os-Montes, nomeadamente nos concelhos de Bragança e Vinhais, onde se concentra a maior parte da produção nacional deste fruto seco.

“Não temos outra cultura que dê tanto rendimento”, garantiu à Lusa Lindolfo Garcia Afonso, um dos maiores produtores de castanha, com soutos na zona de Espinhosela, em Bragança.

Este produtor faz por ano cerca de 140 mil euros, mas há também centenas de famílias com apenas alguns castanheiros, de onde tiram um suplemento financeiro para viver.

“Tem muito peso a nível económico, para os grandes produtores e para os que têm menos”, afiançou à Lusa o produtor, vincando que “há muita gentinha” a quem vai faltar as castanhas, o que significa que será privada daquele que “é um suplemento para a gente viver”.

Com 77 anos, este produtor começou a plantar castanheiros há mais de 30 anos, e apanha uma média “entre 70 a 80 toneladas de castanha num ano normal”.

“No caso deste ano, a colheita é muito reduzida, eu não tenho metade da colheita que devia ter”, afirmou, atribuindo a quebra ao frio dos últimos dias de julho, que abortou o desenvolvimento, e ao calor e falta de água do verão, responsáveis pela redução do tamanho das castanhas que vingaram.

No ano passado, por esta altura, este produtor estava a terminar a apanha, mas este ano ainda nem começou porque a castanha “está muito atrasada”.

O preço que está a ser oferecido ao produtor disparou em relação ao ano anterior, todavia Lindolfo Afonso está convencido de que não irá compensar a perda na produção.

“O ano passado fiz bruto 140 e tal mil euros, 70 toneladas, este ano não sei ao certo, mas tenho bastante menos que metade, e mesmo aos três euros e meio (que estão a pagar) não compensa, fica muito aquém”, considerou.

Lindolfo Afonso vende a castanha para Espanha “já há vários anos”. Diz que “pagam um bocadinho melhor”.

A castanha está a ser mais bem paga este ano, com o preço a rondar os três euros, enquanto no ano anterior rondava “um euro e meio, dois euros”, como confirmou também à Lusa Abel Pereira, da associação Arbórea, que se dedica ao setor em Vinhais.

Porém, mantém-se a insegurança e incerteza relativamente ao resultado da campanha, num ano em que está praticamente no início, com apenas “20% do que é o potencial apanhado”.

“Existem árvores com produção reduzida e outras estão atrasadas”, apontou, salientando o ano atípico que o setor está a viver e que fará com que a campanha se prolongue por mais um mês do que seria habitual.

O dirigente apontou outro problema, o daquelas pessoas que todos os anos tiram férias dos empregos para apanhar a castanha que têm.

“Tiram férias a contar com este período e programam as vidas para a habitual época da apanha, mas este ano não está a corresponder”, constatou.

A falta de castanha é também visível na ausência dos habituais ajuntadores, que “não andam pelas aldeias porque não há castanha”, indicou.

O aumento do preço pago ao produtor só irá compensar, segundo disse, “se a quebra na produção não for superior a 50%”.

“Nunca será um excelente ano, pode ser médio em termos de rendimento”, salientou.

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