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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Professor da UTAD afirma que estudo de impacte ambiental para criar parque eólico na Serra da Santa Comba é “uma fraude”

 Sobem de tom as críticas da comunidade científica à pretensão de se construir um parque eólico na Serra de Santa Comba, a serra portuguesa com maior concentração de pintura rupestre, numa área do concelho de Mirandela que está em processo de classificação como Sítio de Interesse Público.


Durante um debate sobre ordenamento do território e parques eólicos, promovido, no sábado, em Mirandela, por várias associações ligadas à arqueologia, o botânico espanhol, Antonio Crespi, Professor do Departamento de Biologia e Ambiente da UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – afirma que o estudo de impacte ambiental, que serviu de suporte ao operador para ver aprovado o investimento de 30 milhões de euros na instalação de seis aerogeradores, é uma fraude.

Este docente da UTAD, em Vila Real, não tem dúvidas que aquilo que está escrito no estudo de impacte ambiental não é a realidade da Serra de Santa Comba. Antonio Crespi afirma que esta avaliação diz exatamente o contrário do que existe naquela que a comunidade científica já apelida de “Montanha Sagrada”:

“Além de não corresponder a essa realidade, sustenta-se, aparentemente, num conjunto de cálculos potenciais. Como é óbvio, não vou inventar valores potenciais, que já mais poderão estar. Isso é o que está na avaliação de impacte ambiental, que é a base da análise natural do património da serra, e é falso. Do meu ponto de vista é uma fraude para o Estado porque, de certo modo, estão a contar uma coisa que não é verdade.”

Para este botânico espanhol, a avaliação devia ser repetida, alegando que a serra de Santa Comba tem vegetação autóctone única, com origem há sete mil anos que necessita de ser preservada.

Antonio Crespi defende que é necessário parar para pensar e só depois agir, acreditando que a melhor solução é suspender a instalação do parque eólico para ter um diagnóstico real e só depois ser tomada uma decisão:

“Os vizinhos de Mirandela não vão usufruir deste parque, nem os de Murça ou restantes concelhos próximos. Portanto, não sei até que ponto estas políticas servem.

Acho que isto tem de parar por aqui para pensar e ver, realmente, o que querem fazer e, neste caso, se compensa.”

Para este docente da UTAD, a Serra de Santa Comba conta-nos a história de Portugal, pelo que, se o parque eólico avançar, Antonio Crespi considera que o povo português vai ignorar a sua história:

“Se estamos a continuar por este caminho estamos a ignorar todo o património cultural e natural do nosso país.

Os portugueses que venham depois de nós, não vão ter essa identidade. Estamos a destruir a cultura de um povo.”

No debate promovido, em Mirandela, sobre esta temática, o arqueólogo Luís Pereira deixou críticas ao próprio Estado por entender que está a contribuir para o problema e não para a solução:

“Há aqui uma posição por parte da máquina do Estado que se contradiz.

Estamos a proteger mas temos uma autorização para construir.

Então, em que ficamos em 2022 se os sítios estão em avaliação patrimonial e em processos de classificação. Uma área de proteção de toda a zona em estudo não podem decorrer obras. Isto diz-nos a lei.”

Para a comunidade científica, a solução passa por suspender a instalação do parque eólico, caso contrário vai destruir-se uma das zonas arqueológicos mais importantes da Península Ibérica, da Europa e do mundo.

Recorde-se que há duas semanas a Federação Internacional de Arte Rupestre e o Departamento de Ciências e Técnicos do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto enviaram cartas ao Presidente da Assembleia Municipal de Mirandela a apelar à suspensão da construção daquele parque eólico. O assunto vai mesmo ser discutido numa reunião extraordinária daquele órgão autárquico na próxima sexta-feira.

INFORMAÇÃO CIR (Terra Quente FM)

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