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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Entrevista: “A festa dos rapazes solteiros é uma marca identitária da nossa terra” – Francisco Parreira

 Chegados ao mês de dezembro, a festividade do Natal é vivida com muito entusiasmo pelos mirandeses, sejam eles, crianças, jovens, adultos e também idosos. O presidente da freguesia, Francisco Parreira, falou-nos sobre as tradições de Natal, em Miranda do Douro, com destaque para a festa dos rapazes solteiros, que têm a missão de recolher lenha e acender a fogueira do galo, em frente à concatedral.


Terra de Miranda
– Notícias: No dia 24 de dezembro, uma das tradições de Natal mais peculiares da cidade de Miranda do Douro é a festa dos rapazes solteiros. Em que consiste esta festa?

Francisco Parreira: Na Terra de Miranda, as tradições de Natal, estão ligadas aos rituais de solstício de Inverno. Neste mês de dezembro, a luz do sol incide com menor força no hemisfério norte, marcando o pico do inverno e o fogo assume importância pela luz e calor que irradia. E a festa dos rapazes solteiros, no dia 24 de dezembro, remete para o fogo. Assim, ao longo do dia de consoada, os jovens mirandeses dedicam-se à recolha e transporte de lenha, em antigos carros de bois, para depois fazer a fogueira do galo, em frente à concatedral, que vai ficar acesa até ao dia de Reis. No cortejo por algumas ruas da cidade, os jovens rapazes são saudados pela população local e pelos turistas.

Ao longo do dia de consoada, os jovens mirandeses dedicam-se à recolha e transporte de lenha, em antigos carros de bois, para depois fazer a fogueira do galo, em frente à concatedral, que vai ficar acesa até ao dia de Reis.

T.M.N.: A freguesia de Miranda do Douro pretende eternizar esta tradição com a construção de um monumento?

Francisco Parreira: Sim, em colaboração com o município de Miranda do Douro, gostaríamos de destacar que a festa dos rapazes solteiros é uma marca identitária da nossa terra.

T.M.N.: A freguesia de Miranda do Douro compreende também as aldeias de Aldeia Nova, Palancar, Pena Branca, Vale d´Águia. Esta tradição da fogueira de Natal também existe nas aldeias?

F. P.: Infelizmente muitas destas tradições tendem a desaparecer, dado o decréscimo populacional e a falta de jovens, sobretudo nas aldeias.

T.M.N.: Após a ceia na noite de consoada, a participação na Missa do Galo, é outra tradição dos mirandeses.

F. P.: Sim, segundo a tradição, os rapazes solteiros e a população de Miranda do Douro, todos participam na Missa comemorativa do Nascimento de Jesus.

T.M.N.: Neste mês de dezembro, Miranda do Douro regista uma maior afluência de pessoas. Quem são e donde vêm as pessoas que habitualmente visitam Miranda do Douro, na quadra do Natal?

F. P.: Nesta época festiva, os mirandeses recebem habitualmente a visita dos seus familiares que vivem e trabalham noutras localidades do país e também no estrangeiro. A par disso, há também a regular visita dos turistas e dos vizinhos espanhóis, o que gera uma maior atividade económica nos vários setores como são o comércio, a restauração e a hotelaria.

Nesta época festiva, os mirandeses recebem habitualmente a visita dos seus familiares que vivem e trabalham noutras localidades do país e também no estrangeiro.

T.M.N.: A cidade fronteiriça de Miranda do Douro continua a ser procurada pelos vizinhos espanhóis?

F. P.: Sim, felizmente os espanhóis continuam a gostar de visitar a cidade de Miranda do Douro. Contudo, a estratégia do município e da freguesia local é desenvolver projetos turísticos para atrair novos públicos e estadias mais prolongadas na cidade e no concelho, como é o turismo sénior.

T.M.N.: De 16 de dezembro a 26 de dezembro, no largo do Castelo, em Miranda do Douro, vai realizar-se o “Tierra Natal”. Em que consiste este programa festivo?

F. P.: O “Tierra Natal” é um programa de atividades destinado às crianças e às suas famílias, que pretende recriar a alegria e o espírito de Natal. Entre as várias atividades destacam-se vários concertos musicais, a dança, o teatro, os jogos, a expressão plástica e a presença do Pai Natal.

T.M.N.: Para encerrar o ano, nos dias 29, 30 e 31 de dezembro, vai voltar a realizar-se o Festival Geada. Que festival é este?

F. P.: O festival Geadas já tem alguma tradição na passagem do ano, em Miranda do Douro. É organizado pela Associação Recreativa da Juventude Mirandesa (ARJM) e apoiado pela freguesia de Miranda do Douro. O festival vai realizar-se numa tenda instalada no Largo do Castelo. Aí, para além dos concertos musicais, o evento pretende divulgar a cultura, a língua e as tradições mirandesas. Ao longo dos três dias do festival, vai haver animação de rua, adegas abertas e fogueiras para aquecer os festivaleiros de Inverno!

T.M.N.: No dia 31 de dezembro, outra das tradições na cidade é o enterro do ano velho. Que tradição é esta?

F. P.: O “enterro do ano velho” simboliza o adeus ao ano velho e a chegada do Ano Novo. Para tal, o ano velho é personificado por uma figura masculina: um velho, sujo, mal vestido, desgastado, descabelado e com sapatos rotos, um estado resultante do percurso percorrido ao longo do ano que agora termina. Esta tradição também se enquadra nos rituais de solstício de Inverno e pretende ser mais uma atração para os turistas que visitam a cidade de Miranda do Douro, neste período do inverno.

O “enterro do ano velho” simboliza o adeus ao ano velho e a chegada do Ano Novo. Para tal, o ano velho é personificado por uma figura masculina: um velho, sujo, mal vestido, desgastado, descabelado e com sapatos rotos, um estado resultante do percurso percorrido ao longo do ano que agora termina.


Perfil

Francisco José Carvalho Parreira, nasceu em 24 de janeiro de 1977. É casado e pai de uma menina.

Natural de Teixeira, estudou nos colégios salesianos de Poiares e Mogofores e concluiu o ensino secundário na Escola Secundária de Miranda do Douro. Prosseguiu os estudos superiores, na licenciatura em Educação Física, na ESE Jean Piaget, em Viseu. Chegou a lecionar na escola em Mogadouro e em 1999/2000 realizou um estágio profissional no município de Miranda do Douro, onde trabalha, desde então, como técnico superior de Educação Física. Atualmente, está a frequentar uma pós-graduação em gestão pública, para melhor desempenhar o cargo de presidente da Freguesia de Miranda do Douro.

HA

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