Nota de pesar pelo falecimento do Mestre Pintor mirandelense Hilário Teixeira Lopes

 Hilário Teixeira Lopes nasceu em Abreiro, a 14 de Maio de 1932 e desde cedo relevou fortes aptidões artísticas manifestadas no Desenho, logo estimuladas e acarinhadas pelo pai, Armindo Teixeira Lopes, também pintor. Este, consciente da necessidade de uma sólida educação artística para os seus filhos, então apenas encontrada nos grandes centros urbanos, tenta e consegue transferência para Lisboa, em 1948. Hilário, já na capital e com 16 anos, começa a estudar à noite na Escola de Artes Decorativas António Arroio, enquanto trabalha de dia, primeiro, no atelier do escultor João Fragroso e, depois, no do vitralista Ricardo Leone. 

Com 22 anos abre o seu próprio atelier em Lisboa, consolidando-se aos poucos como excelente retratista. O sucesso obtido, refletido no aumento de encomendas, permitindo-lhe independência e desafogo financeiro. Este aspeto, aliado ao elevado sentido de dever profissional, ao seu espírito inquisitivo e critico, criatividade, inconformismo, a atenção a novos movimentos artísticos e consciência das inúmeras possibilidades de linguagem, o contacto direto com artistas, críticos e agentes de mudança face ao paradigma das artes plásticas portuguesas durante o Estado Novo, fez com que Hilário Teixeira Lopes procurasse a sua própria voz na Pintura Contemporânea, tendo chegado a experimentar o expressionismo, o surrealismo. Será, contudo, no Abstracionismo que Hilário encontrará a sua linguagem, com o Expressionismo Abstrato, Informalismo, Abstracionismo Orgânico, Gestualismo, Letrismo... 

A partir dos 30 anos de idade, a extrema dedicação à pintura arte e a procura incessante pela voz artística, pessoal ou individual, aplaudida e acompanhada pelos pares e crítica passa também a ser reconhecida pelas instituições nacionais e internacionais, traduzindo-se na atribuição de bolsas de estudo no estrangeiro e em prémios nacionais e internacionais. Em 1963, a Fundação Calouste Gulbenkian atribui-lhe uma bolsa de estudo para Paris. Em 1965, ganha o prémio Souza-Cardoso, atribuído pelo Secretariado da Propaganda Nacional (SPN). Em 1969, participa na II Bienal Internacional do Desporto, realizada em Madrid e conquista o prémio lugar em Pintura. 

Daqui em diante, Hilário Teixeira Lopes passa a ser repetidamente convidado para exposições em Madrid e Barcelona e as suas obras adquiridas por colecionadores e galerias estrangeiras, seguindo-se o convite para se estabelecer em Espanha. 

O carinho do Mestre Pintor Hilário Teixeira Lopes e família pelo Museu Municipal Armindo Teixeira Lopes sempre foi desmedido. A última manifestação disso foi a doação de mais duas pinturas, no mês passado, que poderão ser apreciadas brevemente.

O Município de Mirandela, na pessoa da Presidente da Câmara Municipal, Júlia Rodrigues, expressa à família e amigos as profundas condolências, solidarizando-se na dor e tristeza neste momento difícil.