Equipa do projeto do estudo para a Linha de Alta Velocidade Porto/Madrid, via Trás-os-Montes |
A Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes defendeu hoje a passagem de um novo corredor ferroviário internacional do Norte por Trás-os-Montes, com ligação a Espanha.
Esta posição foi apresentada hoje de manhã numa conferência de imprensa conjunta com a Associação Vale d`Douro que divulgou esta manhã em Bragança a atualização do estudo da Linha de Alta Velocidade Porto/Madrid via Trás-os-Montes com alterações ao traçado que mitigam os potenciais impactes ambientais e conferem uma maior coesão territorial na região.
O estudo, desenvolvido no seio da Associação Vale d’Ouro por quatro técnicos especialistas na área da ferrovia e de forma totalmente graciosa, teve uma primeira versão em setembro de 2021 no âmbito do lançamento do Plano Nacional Ferroviário. Já em maio de 2022, em reunião no Ministério das Infraestruturas, com o então ministro Pedro Nuno Santos, a Associação Vale d’Ouro anunciava a intenção de fazer ajustes à proposta inicial depois de ouvidas várias instituições da região, nomeadamente a Comunidade Intermunicipal de Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM). O resultado dessa alteração foi agora apresentado em Bragança e mereceu total apoio dos autarcas da CIM-TTM.
Além das sugestões da própria CIM-TTM, nomeadamente no que se refere à alteração de traçado de forma a agregar a Terra de Miranda reforçando a coesão socioeconómica de territórios profundamente deprimidos, esta nova solução permite minimizar os impactes ambientais na medida em que contorna o Parque Natural do Montesinho e evita o atravessamento da Serra da Culebra, classificada como Rede Natura 2000 e ainda o Parque do Douro Internacional.
A alteração de traçado representa ainda uma redução complementar do tempo de viagem para Madrid em cerca de 15 minutos, estabelecendo a ligação entre o Porto e Madrid em 2h45.
O Presidente da Direção da Associação Vale d’Ouro congratulou-se com o trabalho desenvolvido e com o contributo que a instituição deixa à região referindo que “é assim que as coisas devem ser feitas: há propostas, elas são apresentadas aos atores do território que sugerem melhorias e são incorporadas, no fim resulta uma solução mais robusta”. Para o dirigente foi isso que aconteceu desta vez, o que só dignifica o processo mas alerta que “esta é a metodologia correta, desenvolver o estudo, ouvir o território, mas isso não pode ser o argumento para atrasar indefinidamente as decisões como acontece em alguns setores e com algumas entidades do estado” e remata “a região fez o seu trabalho de casa e tem uma solução que é amplamente mais sustentada e vantajosa para o corredor internacional norte e que não só beneficia o norte como todo o país de forma inequívoca”.
Jorge Fidalgo, presidente da CIM, disse que vai apresentar esta proposta no período de consulta pública do plano, que está a decorrer, e espera que o Conselho Regional do Norte, que vai reunir no dia 20 em Mogadouro, “possa também tomar uma posição na defesa desta ligação”.
Os autarcas desta comunidade intermunicipal mostram-se esperançosos no apoio do Governo ao projeto orçado em cerca de 4,4 mil milhões de euros, por considerarem ser esta reivindicação de “de elementar justiça” para um território onde “ao longo dos tempos fomos sempre os últimos” e “o desenvolvimento chegou sempre mais tarde”, salientou Jorge Fidalgo, citado pela Agência Lusa.
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