Em cima da mesa está ainda a ligação a Espanha pelo centro do país, a partir de Aveiro. No entanto, Luís Almeida, da associação, explica que fazer a ligação pelo nordeste transmontano será mais benéfico para o país.
“Esta é melhor para o país porque nos permite ganhar tempos de viagem muito bons desde o Porto e necessariamente desde Lisboa, com a construção da linha Lisboa-Porto, é aquela que nos permite chegar à rede de alta velocidade a Espanha e entre a nossa fronteira e a rede do AVE estamos a 42 Km. No caso de Aveiro Salamanca soubemos que será desclassificado da rede transeuropeia principal o troço entre vilar formoso e Medina Del Campo, o que significa que temos 200 Km em que a velocidade vai ser apenas de 160 km/h, isso em termos de tempo de viagem não vai permitir ter a competitividade que uma linha nova totalmente feira e que só tem 40 Km em território espanhol pode oferecer ao país”, explicou.
A ligação de alta velocidade transmontana custará 4,3 milhões de euros, um valor idêntico à ligação do centro do país. Para a presidente da câmara de Miranda do Douro, Helena Barril, não há dúvidas de que esta será a melhor opção.
“Mostrar a todos o quanto esta proposta é benéfica para nós, enquanto território de interior, mas também enquanto território do Norte. É uma grande aposta que tem todo o nosso apoio e estamos totalmente empenhados para que esta seja a proposta da linha ferroviária que siga em frente”, salientou.
O comboio é visto como uma ferramenta que contribuirá para o desenvolvimento dos territórios da região, que estão cada vez mais desertificados e envelhecidos. Mais do que ligar grandes centros urbanos, é importante que a linha tenha paragens nas pequenas cidades, promovendo dessa forma a coesão social, defendeu o docente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Ricardo Bento.
“Na ligação entre os grandes centros, lá no meio, com o mesmo canal, faça paragens regionais, sirva as comunidades intermédias, que não fiquem a vê-los passar e que garantam que eles podem também aceder a empregos, centros económicos mais desenvolvidos, à cultura, ao ensino superior de referência, à investigação, só se pode fazer isso não é com a linha, mas com os nós e isso é fundamental para a coesão social”, disse.
Presente na sessão de apresentação e discussão da proposta da Associação Vale D’Ouro esteve o alcaide de Alcanices, Espanha. Jesus Maria Lourenzo não tem dúvidas de que a ligação de alta velocidade por Trás-os-Montes será vantajosa para a sua terra, mas receia que o Governo espanhol não faça depois a sua parte.
“Seria de uma importância muito grande, porque nos deixaram a 1h15 do Porto e seria um canal para o turismo e seria importante as pessoas virem conhecer as nossas terras, que possamos criar industria, que possamos potenciar tudo. O governo espanhol não nos faz a auto-estrada, que é pedida há muito tempo, imagino que a ferrovia acontecerá o mesmo”, lamentou.
A Associação Vale D’Ouro apresentou em Miranda do Douro, este sábado, a ligação de alta velocidade Porto-Vila Real-Bragança-Zamora-Madrid, com passagem pelo Planalto Mirandês. A proposta vai estar em discussão pública até 28 de Fevereiro. Depois espera-se que o Governo a analise e a seleccione como a mais vantajosa para todo o país e a inclua no Plano Nacional Ferroviário.
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