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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

POLÉMICA EM LISBOA SOBRE O VALOR DE UM ALTAR

 Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Levantou-se recentemente grande polémica em Lisboa, que ecoou com indignação pelo País. O motivo foi o preço da construção do altar onde Sua Santidade, o Papa Francisco, presidirá às cerimónias da JMJ.
A construção rondava cinco milhões de euros! Digo: rondava, porque já foi reduzida a quase metade.
Acrescente-se ainda que a despesa para a realização do evento, sobe a dezenas de milhões, mesmo com a redução drástica, que se fez atualmente!
Os católicos ao tomarem conhecimento da colossal despesa, dividiram-se; e os não crentes, aproveitaram, a ocasião, para criticarem a Igreja.
Uns, lembram, com razão: que o País é pobre. A miséria alastra, devido à Covid e à guerra que explodiu à porta da Europa Ocidental; acrescentam ainda, que grande franja da Classe-Média, já se inclui no limiar da pobreza, principalmente as famílias que vivem com um só salário ou pensão.
Argumentam outros, igualmente com razão: que nem sempre teremos, entre nós, o Papa; o dinheiro empregado terá retorno certo, e as estruturas servirão para outros eventos; a JMJ atrairá jovens de todo o mundo, e com eles, jornalistas e sacerdotes, que gastarão muito dinheiro, e além disso, será um bom investimento turístico.
Pode ser que seja assim. Mas será bom recordar, que o mesmo se dizia ao construírem-se os Estados de Futebol, ao levantarem a Expo, até o Centro Cultural de Belém; mas, terminando os eventos, a população, em geral, ficou tão pobre como era.
Quem me lê, diga com sinceridade:
Ficaram a viver mais desafogados? Subiram os salários? As pensões e o bem-estar do povo após esses eventos? Não creio.
Todos sabemos que o Estado não tem condições de pagar a totalidade, que é devido ao professorado, nem aos reformados, e muito menos pagar salários e pensões a nível europeu; por isso é difícil compreender como pode despender milhões para atividades religiosas.
Será que o Papa irá concordar com tanto luxo? Creio que não. Se bem conheço Sua Santidade. Não é verdade que adotou o nome de Francisco? Não se preocupa com os necessitados de Roma e de todo mundo? Não é Ele homem simples, como Jesus?
Além disso os que vêm a Lisboa serão todos crentes ou alguns meros turistas? Meio fácil de viajar a preços módicos?
Concluindo: recorde-se a visita do Santo Arcebispo de Braga ao Concilio de Trento, onde teve oportunidade de conviver com Sua Santidade. E de lhe criticar as colossais despesas:
Visitando o jardim Belveder, O Papa mostrou-lhe o que pretendia construir. Então sugeriu-lhe: " Porque não faz lá na sua Braga uns paços como aquele?"
- " Santíssimo Padre – respondeu-lhe o Arcebispo – não é de minha condição ocupar-me em edifício que o tempo gasta.
- " Pois o que vos parece desta minha obra?
- " O que me parece Santíssimo Padre, é que não devia curar Vossa Santidade de fabricar, que cedo ou tarde, hão-de acabar. E o que digo delas é que, de tudo isto, pouco e muito pouco e nada, e do edifício temporal das Igrejas seja mais do que se faz; mas no espiritual, ai sim, que é razão ponha Vossa Santidade toda a força e meta todo o cabedal dos seus poderes."
A que o Papa respondeu:
- " Não fui autor dela, que não sou amigo de gastar dinheiro em vaidades; achei-a começada, folgarei de a acabar." - " Vida de Fr. Bartolomeu dos Mártires", por Frei Luís de Sousa.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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