sábado, 29 de abril de 2023

𝗙𝗲𝘀𝘁𝗮𝘀, 𝗳𝗲𝗶𝗿𝗮𝘀, 𝗽𝗮𝗽𝗮𝘀 𝗲 𝗯𝗼𝗹𝗼𝘀

 Começou oficialmente a época das festas com um grande momento a decorrer há 15 dias atrás, por ocasião das festas em honra da Nossa Senhora dos Prazeres, nos Cortiços e do espetáculo de stand-up comedy de Gilmário Vemba num salão nobre do centro cultural repleto e que trouxe a nós espetadores não só do distrito de Bragança como também de Vila Real, reforçando que a centralidade do  nosso concelho é uma enorme mais valia. 
Após o seu espetáculo, Gilmário foi até aos Cortiços para experimentar, então, o que ainda temos de melhor.  
É que Macedo, com festas e feiras é, de facto, parte dum reino maravilhoso. 
Mas Macedo de Cavaleiros, a cidade, não o é apenas nesses, mas sim durante todos os dias do ano.
Lamentavelmente, não o é da mesma forma.

📌 Nesses dias, em que não há festas ou feiras, Macedo é marcado pelas lojas vazias e/ou abandonadas, pela maioria dos cafés fechados a partir das 19h e pelos parcos motivos para sair de casa;

📌 Nesses dias, Macedo é a cidade em que coisas tão simples como a limpeza e manutenção das ruas e praças parece ter sido esquecida, a degradação das estradas e passeios proliferam e as fontes e grande maioria dos canteiros ou jardins estão secas, sujas ou abandonadas;

📌 Nesses dias, Macedo é a cidade em que as obras de grande envergadura se arrastam e parecem não ter fim;

📌 Nesses dias, Macedo é a cidade em que os edifícios mais antigos e marcantes estão como que esquecidos ao pesado passar do tempo que os marca, da pior forma possível;
 
📌 Nesses dias, Macedo é a cidade em que as freguesias gerem orçamentos reduzidos que não lhes permitem terminar obras que  pretendam fazer e em que as que foram alvo de intervenção recente veem o serviço parado a meio, deixando os caminhos em estado de avançada degradação, como se metade da obra fosse  suficiente;

📌 Nesses dias, Macedo é a cidade em que alguns bons cidadãos, eleitos e ao serviço da nobre causa do serviço público por partidos da oposição, são alvo de abordagens a roçar a chantagem, a si próprios ou, mais fácil ainda, a seus familiares;

📌 Nesses dias, Macedo é a cidade em que a violência gratuita e os maus costumes se multiplicam, noite adentro, na via pública, resultando em equipamentos danificados, propriedade destruída e, pior ainda, jovens feridos;

📌 Nesses dias, Macedo é a cidade em que dezenas de migrantes de várias nacionalidades deambulam pelo seu seio, como que esquecidos por uma classe política que apregoa a sua defesa mas que cujo programa de inclusão e integração, se é que existe, não me parece estar a resultar como era suposto;

📌 Nesses dias, Macedo é a cidade em que o comércio que resta, estagnado, passa por momentos difíceis e espera em desespero pelo regresso dos meses de Verão, brindados com a visita dos emigrantes que abandonaram a cidade que os viu nascer em busca de emprego e melhores condições de vida;

📌 Nesses dias, Macedo é a cidade em que a zona industrial, sempre afirmada como uma prioridade se mantém, dia após dia, sem qualquer rasgo de progresso à vista;

📌 Nesses dias, Macedo é a cidade que convida a visitar monumentos de interesse público em péssimo estado de conservação e parcas condições de segurança;

📌 Nesses dias, Macedo é a cidade em que serviços públicos fulcrais, como as finanças, prestam funções cada vez mais diminutas, fruto da desvalorização que nos é atribuída por quem governa.

📌📌 Em suma, nos restantes dias do ano, Macedo caracteriza-se por uma cidade moribunda, em que o progresso é, pelos vistos, percetível apenas para alguns e fica cada vez mais claro que a estratégia de  desenvolvimento, se é que existe, teima em não produzir resultados – E neste tema, parece-me pertinente questionar qual é, e em que consiste esse plano de desenvolvimento? É que ao longo das 314 paginas do dossier Macedo 2030, esse documento que custou milhares de euros do erário público, não encontrei mais do que uma descrição social, económica, urbana e patrimonial daquilo que existe. E isso, já nós sabemos.  
E tudo isto, bem à vista dos seus cidadãos que admitem, à míngua, sucessivas governações sazonais em que a obra surge, sempre, na reta final dos mandatos. Cidadãos que infelizmente parecem ter desistido ou, pior ainda, parecem ter receio de o admitir.
Macedo, no seu melhor e naqueles dias de festas e feiras é de facto maravilhoso. 
Mas, nos restantes dias, não é para os Gilmários deste país... infelizmente.

Cláudio Trovisco

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