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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 11 de abril de 2023

Calço foi o rei da “Páscoa D’Outrora” que decorreu na aldeia de Vale de Prados

 O calço é uma rosca doce, em forma de ferradura, típica do concelho de Macedo de Cavaleiros, que tal como o folar, é indispensável na mesa de muitos transmontanos por altura da Páscoa.


Este fim de semana deu mote à primeira feira em sua homenagem, que aconteceu na aldeia de Vale de Prados, no concelho macedense, e atraiu vários visitantes.

Farinha, ovos, azeite, fermento de padeiro, ou massa mãe, açúcar ou mel, e a raspa de laranja são os ingredientes que estão na base desta iguaria, que é tradição por estas terras, mas em cada casa é feita de uma maneira, como explica o gastrónomo Virgílio Nogueiro Gomes:

“É uma tradição local simples que pode ser enobrecida, e partir do calço por Vale de Prados e Macedo de Cavaleiros, numa perspetiva nacional, com um doce diferente.

Quase todas as terras têm um doce associado à Páscoa, que começa de uma massa de pão que depois é enriquecida. É esse enriquecimento e a forma que se lhe dá que os diferem.

Cada casa tem a sua perspetiva de receita. Os produtos são básicos mas as proporções são diferentes, pois antigamente não havia balanças nem análise de gramagem, era a olho.”

Na tarde de sábado, a chef Justa Nobre, filha daquela terra, onde já não passava a Páscoa há mais de 50 anos, realizou um showcooking com dicas para reaproveitar o calço, quando já está duro:

“Começando por uma torrada com manteiga para o pequeno-almoço, ou então fazer uma tosta mista com duas fatias de calço, um pouco de queijo e outro de marmelada.

Criei dois bolinhos de chá para festas de crianças com aproveitamento de calço. Podem picá-lo, colocar em saquinhos plásticos e congelar.

Quando já tiverem saudades de comer alguma coisa a saber a calço há duas receitas. Para uma delas basta juntar manteiga, amassar e pôr um pouco mais de raspa de laranja, canela e mel, amassa-se novamente, fazem-se umas bolinhas que podem ser recheadas com mel, passam-se por ovos e amêndoa ralada e fritam-se.

Outra consiste em fazer um puré de cenoura, fazer um ponto de açúcar, juntamos o puré, o calço picado, umas gemas de ovo e deixamos secar. Depois de estar frio juntamos algum coco ralado e é como se estivéssemos a comer uns queijinhos de ovos.”                                  

O objetivo é certificar o calço e, para isso, ao longo deste ano vai ser feita uma recolha de receitas para se poder oficializar uma única e, assim, dar seguimento à candidatura.

Durante os dois dias do fim de semana marcaram presença no certame 16 expositores, oito de calço e os restantes com produtos regionais.

Maria Meireles e Amália Silva são naturais de Vale de Prados e não perderam a oportunidade de se juntar à feira para vender alguns produtos:

“Trouxe calços, folares, bolas de azeitona, bolas sovadas, económicos, feijão frade, batata e grão-de-bico.

O calço é confecionado aqui na aldeia desde sempre, já a minha mãe fazia e nesta altura era levado para quem fosse abrir as vinhas, que era um trabalho cansativo. Era um reforço.

Parabéns a quem teve esta iniciativa, foi muito boa.”

“Folar, económicos, calços, pão de centeio e pão de trigo.

Esta feira foi algo bom que nunca tinham feito.

Eu vendi bem os meus produtos.”

“Páscoa D’Outrora – Tradições e Gastronomia” foi o nome do certame que durante os dois dias do fim de semana não só deu destaque ao calço mas também à leitura e dramatização da Queima do Judas, que não se perdeu naquela aldeia.

Houve ainda uma caminhada, a inauguração de uma exposição de fotografia, demonstrações gastronómicas, animação musical e recriação de jogos tradicionais.

Escrito por ONDA LIVRE

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