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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Público do Teatro de Bragança desafiado a pôr-se na pele de surdos e invisuais

 Não se sabe quantas pessoas têm incapacidade visual e auditiva no distrito de Bragança. O problema foi levantado na sequência do espetáculo "Língua", da Companhia Estrutura, que subiu ao palco do teatro municipal desta cidade na noite desta quinta-feira, utilizando a Língua Gestual Portuguesa como veículo primordial de comunicação em que a maioria da assistência foi confrontada com o lugar do outro, ou seja dos que não veem, nem ouvem.


A iniciativa contou com a presença de um grupo de cerca de 20 pessoas invisuais e surdas, mas a organização acredita que podiam ter chegado a mais gente. "Não há uma recolha de dados em Bragança. Há pouco conhecimento também a nível nacional, mas em Bragança é ainda pior. Há pouca informação das autoridades daqui sobre onde estão estas pessoas e, quando se sabe onde estão, também é difícil trazê-las cá [TMB]", explicou Cláudia Martins, professora de Inglês e investigadora do Instituto Politécnico de Bragança, salientando que os surdos "não se isolam, foram obrigados a ficar isolados".

Joana Cottim, professora de LGP e atriz principal do espetáculo "Língua", é um dos três atores surdos a trabalhar em Portugal, e elencou uma série de constrangimentos que estas pessoas enfrentam no quotidiano. "Estou em palco para dar espaço à minha língua, para a mostrar e para lhe dar espaço. É importante estimular a acessibilidade no teatro, na arte e na cultura, mas é preciso que isso seja feito de uma forma boa porque não é só fazer Língua Gestual e já está. É preciso perceber como se faz a LGP e como é que chegamos às pessoas surdas", revelou Joana Cottim.

A atriz quer ainda chamar a atenção para a cultura e para a comunidade surda. "Também mostrar que existem vários movimentos de opressão sobre estas pessoas que, antigamente, eram obrigadas a oralizar, mesmo que não conseguissem e eram discriminadas. A surdez não é uma deficiência, é um direito cultural e linguístico", afirmou Joana Cottim, pela voz da tradutora, pedindo mais respeito pela comunidade surda. "É um direito. Devem ter acesso à educação, à cultura, ao teatro, à música e à arte. Isso é importante tal como perceber que não há nada sobre nós, sem nós. Esta peça é algo que nós construímos juntos", sublinhou.

O espetáculo foi dos mais inclusivos que subiu ao palco do Teatro Municipal de Bragança, porque contemplou Língua Gestual Portuguesa (LGP), projeção de legendas (para quem não domina a LGP), tradução e audiodescrição para invisuais.

José Nunes, um dos diretores da Companhia Estrutura, explicou que o espetáculo é bilíngue e que "a língua gestual passou para a primeira linha e não ficou remetida a um cantinho, passou para o centro de cena".

A peça foi antecedida de uma visita tátil e o público invisual "teve oportunidade de falar com os atores, de sentir as roupas e o próprio corpo dos participantes", descreveu Cláudia Martins que, desde 2018, vem trabalhando na acessibilidade para todos no mundo das artes em Bragança, no âmbito de um mestrado do IPB e que que atualmente já se estendeu a Mogadouro, Foz Côa, Mirandela e Penafiel.

O espetáculo "Língua" é o culminar do Projeto "Cultura para Todos", que o Município de Bragança tem em curso. "Já tivemos seis espetáculos de acessibilidade, com LGP audiodescrição e legendagem em português. Este tem a tónica no oposto, que é o de colocar o espetador ouvinte no lugar do outro, daquele que é surdo", descreveu o diretor do Teatro Municipal de Bragança, João Cunha.

Glória Lopes

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