A tradição secular mandava que todos subissem ao castelo, rezando o terço. Depois desciam, de novo à aldeia, com cânticos de aleluia.
Sandra Frias é de Algoso e diz que desde sempre se lembra deste ritual. “É uma tradição muito antiga. Subíamos ao castelo, à capela de Nossa Senhora do Castelo, e descíamos com cânticos de aleluia. Isto é o que me lembro mas suponho que haja uma história mais antiga. Lembro-me sempre de subir ao castelo cantar aleluia. Toda a gente subia. Depois a tradição perdeu-se um pouco e agora recuperou-se com esta dinâmica toda”.
David Camolas também é de Algoso mas vive em França há 18 anos. É um dos vários emigrantes que não perde a festa e vem, de propósito à aldeia, por esta altura, para assistir às celebrações. “Sou daqui, são as minhas raízes e a gente sente-se bem aqui. Venho pela Páscoa e por este evento também. Adoro vir nesta altura, pela paisagem e porque há menos gente. Venho também no Verão mas prefiro esta altura”.
Em 2018 o Sábado de Aleluia ganhou uma nova dinâmica. Ao ritual, que só acontece à noite, juntou-se um mercado medieval, para animar as pessoas durante o dia e para trazer gente à terra. Os expositores já são vários e não se queixam da falta de clientes. “Tem-se visto muita gente. As pessoas vão olhando e vão comprando. Há menos dinheiro mas vai-se vendendo”, disse Adília Pera. “A feira tem vindo a crescer. As pessoas estão a aderir. Cada vez há mais gente. No ano passado fiz a feira e havia um aglomerado menor de gente”, referiu Hirondino Fernandes. “No ano passado acho que havia menos expositores mas havia mais gente em termos de visitantes. Compram menos, em menor quantidade”, vincou Sofia Mendes.
O Sábado de Aleluia como hoje se conhece, com o Mercado Medieval, foi uma ideia da União de Freguesias de Algoso, Campo de Víboras e Uva. A presidente, Cristina Miguel, assume que uma das maiores satisfações é ver que a festa atrai cada vez mais filhos da terra. “O meu orgulho e alegrias maiores são eu entrar em Algoso e ver todas as casas abertas. 60 a 70% das casas estão fechadas durante o ano e abrem apenas na época alta, na festa da Senhora do Castelo, em Agosto, e, neste momento, as pessoas vêm mais à Páscoa do que em Agosto. Não há uma única casa fechada na aldeia. O cantar de aleluia é uma tradição secular. Cada um ia, por si, ao castelo, à meia-noite, e cantava aleluia. Nós pegámos nessa tradição, aliada a uma aldeia que é medieval, e fizemos esta recriação histórica, que não é mais que reviver os nossos antepassados”.
Esta iniciativa é organizada pela união de freguesias e conta com o apoio da câmara de Vimioso.
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