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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 1 de junho de 2023

11.º BISPO DE MIRANDA - 1 de Outubro de 1618 a 7 de Janeiro de 1621

 D. Francisco Pereira – Eremita agostinho, ministro provincial na sua ordem, pregador de Paulo V, bispo de Miranda e eleito a 7 de Janeiro de 1620 para a Sé de Lamego quando morreu em Miranda, onde jaz, a 7 de Janeiro de 1621. Havia nascido em Vila Franca de Lampaças, concelho de Bragança, em 1567 (102). Frei Fernando de Abreu diz que morreu a 7 de Janeiro de 1620 e que era natural de Vila Franca de Lampazes, no bispado de Lamego.
Era filho de Aleixo de Morais Pimentel, fidalgo da casa do rei D. João III, veador da infanta D. Maria, comendador da Ordem de Cristo e padroeiro do capítulo do convento de S. Francisco de Bragança, o qual era irmão do secretário de Estado Nuno Álvares Pereira de Morais, pai de Pedro Álvares Pereira, senhor de Serra Leoa, que foi conde de Muge, e de sua mulher D.Maria de Faro.
Deste matrimónio, além do nosso bispo, proveio também D.Maria, sua irmã, que foi mãe do grande Nuno Álvares Botelho, governador da Índia.
D. Francisco Pereira pertencia à nobilíssima casa Madureira Feijó, de Parada dos Infanções, concelho de Bragança (103), que hoje pertence, por compra, ao grande proprietário António Rapazote, pai dos drs. António Rapazote e Agostinho Rapazote formados respectivamente em medicina e direito. O Códice n.º 49 (A-2-49) da Biblioteca Nacional de Lisboa, fl. 129, também diz que morreu a 7 de Janeiro de 1621, havendo sido nomeado bispo de Miranda em 1618 e confirmado a 1 de Outubro do mesmo ano.
Foi este bispo quem, na sala grande dos Paços da Ribeira, em Lisboa, a 14 de Julho de 1619, por ocasião de se celebrar a cerimónia do juramento do príncipe, depois rei Filipe III, pronunciou o discurso que hoje diríamos da coroa (104).
Os discursos que então pronunciou correm impressos e têm por título:

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(102) PIRES, Manuel António – Opúsculo…, onde por erro diz que morreu a 9 de Janeiro, quando foi dois dias antes. SILVA, Inocêncio Francisco da – Dicionário Bibliográfico.
(103) SANCHES DE BAENA – Arquivo Heráldico Genealógico, parte I, p. 19.
(104) SILVA, Luís Augusto Rebelo da – História de Portugal nos séculos XVII e XVIII, livro II, parte II, cap. III, p. 268.
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Oração do auto do juramento que el-rei D. Fillippe nosso senhor fez aos tres Estados do reino, e da que elles fizeram a Sua Magestade... em Lisboa a 14 de Julho de 1619.
Oração do auto do juramento de D. Fillippe III nas côrtes celebradas em Lisboa a 18 de Julho de 1619. Sahiram na Viage de la Catolica Real Magestad del rei D. Filippe III al reyno de Portugal. Madrid, 1622 (105); nunca foram impressos separadamente (106).
Tratado da Religião Eremitica. Manuscrito(107).
Frei Fernando de Abreu diz que este bispo era irmão de Pedro Álvares Pereira, senhor da Serra Leoa, do conselho de Estado de Filipe III e seu secretário, e de D.Maria Pereira, mulher de Diogo Botelho, governador do Brasil, ambos progenitores do conde de S.Miguel e filho natural de Nuno Álvares Pereira Pimentel, do Conselho de Portugal em Madrid e padroeiro do capítulo de S. Francisco de Bragança, da ilustre família dos Pimentéis, da casa dos condes de Benevente em Castela. À margem, para confirmar esta opinião, cita vários autores e entre outros o Nobiliario Genealogico, de Alonso Lopez de Haro, 1622, tomo I, livro III, cap. IV, fl. 136.
É, porém, evidente o equívoco relativamente à nota de bastardia, resultante de Haro ter empregado a palavra engendro, que não significa ilegitimidade, pois usa a mesma expressão com respeito a outros filhos de Nuno Álvares Pereira Pimentel que Fernando de Abreu tomou como legítimos, como não podia deixar de ser em face do texto de Haro. Fica, pois, líquido que o nosso bispo, ainda mesmo nesta genealogia, que supomos menos exacta, era filho legítimo do citado Nuno Álvares Pereira Pimentel e de sua mulher D. Isabel de Mariz, filha de Lopo de Mariz e de D. Ana de Macedo, filha de João de Macedo, alcaide-mor de Outeiro e da
Bemposta e capitão-general desta região bragançana nas guerras que D. Afonso V moveu a Castela por causa de D. Joana, a Beltraneja, sua sobrinha, a quem nós os portugueses chamamos a Excelente senhora.
D. Joaquim de Azevedo (108) segue a mesma opinião relativamente à paternidade deste bispo, mas tratando da naturalidade, diz que Abreu se enganou, guiado pelo autor da Biblioteca Lusitana, pois, segundo ele, nasceu no bispado de Miranda e não no de Lamego, como estes querem.

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(105) SILVA, Inocêncio Francisco da – Dicionário Bibliográfico.
(106) Ibidem na «Correcção final».
(107) FARINHA, Bento José de Sousa – Sumário da Biblioteca Lusitana.
(108) AZEVEDO, Joaquim de – História Eclesiástica de Lamego, p. 82.
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Segundo o mesmo genealogista, D. Francisco Pereira foi «varon de singular vida y exemplo, y de una suave y muy rara prudencia en la predicacion de la dotrina Evangelica, en que pocos se le igualaron en sus tiempos».
Quando provincial da sua Ordem, «deo principio ao magnifico claustro do convento de Nossa Senhora da Graça (em Lisboa) e livrou o cofre em que se guarda o Santissimo Sacramento, que veyo da India, para que se não alienasse» (109).
No Livro dos óbitos de Miranda do Douro, que se conserva no Arquivo da Câmara Eclesiástica de Bragança, fl. 36, diz-se que faleceu a 7 de Janeiro de 1621 «com muita lastima e dôr de todos os que o conhecião por sua condição ser branda e de muito comprimento hia na pujança e altura do que o mundo pode dar com esperança de se por mui alto são porém os altos e incomprehensiveis juizos de Deos que não podemos alcançar cortar o fio da tea ordida; falleceo bom christão».
No Paço Episcopal de Bragança conserva-se, em tela, o seu retrato e nela a legenda: D. F. Franciscus Pereira / ordinis Erimitarum San / ti Augustini natus in / oppido de Villa Fran / ca hujus Dioccesis obi / it in hac civitate Mi / randensi die VII januarii anno Domi / ni M.D.C. XXI.

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(109) SANTA MARIA, Agostinho – Santuário Mariano, tomo V, p. 548.
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

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