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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
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quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Segundo abutre-preto devolvido à natureza no Douro Internacional

 Ave ameaçada de extinção foi equipada com GPS para monitorização. Antes de ser libertado, este abutre-preto foi equipado com um dispositivo GPS fornecido pelo projeto LIFE Aegypius return, o que é fundamental para assegurar a sua monitorização e aferir sobre o sucesso da sua readaptação ao meio natural.


Um abutre-preto (Aegypius monachus) vítima de um tiro na asa e que passou por um processo de recuperação durante meses foi devolvido à natureza esta quarta-feira, 10 de agosto, no Miradouro do Carrascalinho, situado em Fornos, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, em pleno Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), no distrito de Bragança. Esta ave, que é o maior dos abutres europeus e está em risco de extinção no território nacional, é a segunda desta espécie proveniente do Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (CRAS-UTAD) a receber um dipositivo GPS para monitorização no âmbito do projeto “LIFE Aegypius return – consolidação e expansão da população de abutre-preto em Portugal e no oeste de Espanha”.

O abutre foi resgatado no dia 21 de outubro de 2022 pela equipa do Centro de Recuperação de Fauna Selvagem do Gerês (CRFS), gerido pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). A ave apresentava uma asa fraturada na sequência de um disparo a tiro. “As aves necrófagas de que é exemplo o abutre-preto desempenham um papel relevante no ecossistema porque consomem cadáveres de animais mortos, evitando assim a propagação de doenças contagiosas. No entanto, o abutre-preto está criticamente em perigo por apresentar uma população extremamente reduzida, razão pela qual o ICNF acompanha este projeto procurando que venha a atingir os objetivos a que se propôs, envolvendo para isso diversos técnicos e vigilantes da natureza”, referiu Sandra Sarmento, Diretora Regional da Conservação da Natureza e Florestas.

Posteriormente, a ave foi transportada para o CRAS-UTAD, onde foi submetida a uma cirurgia ortopédica e a tratamento de suporte. “O exame radiográfico mostrou a presença de vários chumbos na asa ferida, confirmando assim a causa de ingresso. O abutre respondeu muito bem ao tratamento, ficando a fratura resolvida no tempo que seria expectável. No entanto, a perda de algumas das penas secundárias, essenciais para um voo eficiente, fez prolongar a sua estadia no centro de recuperação. Teve de aguardar pelo crescimento de novas penas saudáveis”, explicou Filipa Loureiro, médica veterinária do CRAS-UTAD. Os meses de recuperação incluíram também fisioterapia e reabilitação motora.

Mais tarde, o abutre foi transferido para o Centro de Interpretação Ambiental e Recuperação Animal (CIARA), em Felgar, Torre de Moncorvo, onde permaneceu num grande túnel de voo, até recuperar a forma física e conseguir voar. A ave recuperou em pleno e foi agora devolvida à natureza no Parque Natural do Douro Internacional, uma área vital para esta espécie, onde a recolonização por casais está em curso desde 2012, mas ainda é muito frágil. No final de 2022, o seu núcleo reprodutor contava com apenas dois casais. Já durante a primavera de 2023, a organização não governamental de ambiente Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural registou a construção de um terceiro ninho por um casal da espécie cujo sucesso reprodutor ainda está por confirmar.

Informação fornecida pelo GPS é fundamental para a conservação e proteção da espécie

Antes de ser libertado, este abutre-preto foi equipado com um dispositivo GPS fornecido pelo projeto LIFE Aegypius return, o que é fundamental para assegurar a sua monitorização e aferir sobre o sucesso da sua readaptação ao meio natural. A equipa do projeto vai agora garantir o seguimento continuado desta ave necrófaga para obter informações essenciais para a sua conservação, nomeadamente sobre os seus movimentos, comportamento, longevidade, ameaças e dieta.

“Esta ave em risco de extinção foi salva e teve a oportunidade de regressar à natureza numa área protegida com condições favoráveis para a espécie graças ao trabalho conjunto desenvolvido por todas as entidades envolvidas na sua recuperação”, sublinhou Iván Gutiérrez, biólogo da Palombar, destacando a importância da colocação do dispositivo GPS no abutre para garantir a sua monitorização.

O evento de devolução à natureza deste abutre contou com a presença da equipa do projeto e membros das várias entidades envolvidas no seu resgate, recuperação e monitorização, nomeadamente do CRAS-UTAD, do CRFS, do ICNF, do CIARA e ainda com Vigilantes da Natureza do ICNF no Parque Natural do Douro Internacional.

O abutre-preto extinguiu-se como nidificante em Portugal no início da década de 70. No entanto, a espécie manteve-se presente na faixa fronteiriça das regiões centro e sul, com indivíduos provenientes de Espanha. Só em 2010 o abutre-preto voltou a nidificar em Portugal, no Parque Natural do Tejo Internacional. Em 2012, registou-se o primeiro casal nidificante no Parque Natural do Douro Internacional e, em 2019, o segundo. Esta espécie só tem uma cria por época de reprodução, o que a torna mais vulnerável.

Sobre o projeto

O projeto LIFE Aegypius return  arrancou em setembro de 2022 e tem como objetivos principais aumentar a população de abutre-preto e melhorar o seu estado de conservação em Portugal. Pretende, num prazo de seis anos (2022-2027), duplicar a sua população reprodutora em Portugal para que passe dos atuais 40 casais reprodutores, para 80, bem como aumentar as colónias de quatro para cinco.

Este projeto é desenvolvido por um consórcio que integra as seguintes entidades: Vulture Conservation Foundation – organização coordenadora do projeto -, Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, Herdade da Contenda, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Liga para a Proteção da Natureza, Associação Transumância e Natureza, Fundación Naturaleza y Hombre, Guarda Nacional Republicana e Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade. É financiado em 75% pelo Programa LIFE da União Europeia e cofinanciado pela Viridia – Conservation in Action e pela MAVA – Foundation pour la Nature.

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