O alerta é do biólogo Carlos Ventura, que diz que ainda há muito quem não consiga distinguir o que se pode e não pode comer. “Temos tido este fenómeno, que é positivo, de chuva, mas, muitas vezes, a hidratação dos cogumelos em excesso faz com que muitas espécies sejam confundidas, o que é perigoso. A chuva é necessária para que os cogumelos apareçam mas, quando começa a ser em excesso, começam a apodrecer e as características organolépticas alteram-se”, disse. Quanto à quantidade, “a nível de soutos, especialmente em Bragança, Vinhais, Vimioso e Mogadouro, com o golpe de calor que houve em Outubro, sendo que a folhagem dos castanheiros caiu, os boletos, espécie emblemática e muito comercial, não estão a surgir. Já os cogumelos que nascem em pinheirais, com esta chuva e com um bocadinho de frio, vão surgir”.
Declarações do biólogo, este sábado, à margem da nona edição das Jornadas Micológicas que se realizam em Vale Pradinhos, no concelho de Macedo de Cavaleiros.
A iniciativa tem atraído cada vez mais curiosos, não só da região. Pedro Duarte é de Vila Nova de Gaia e veio pela segunda vez. “Venho até aqui de propósito porque no ano passado adorei. Desta vez trouxe 14 pessoas comigo. Dá para andar no meio da natureza e com pessoas com muita experiência. Também é muito interessante andar junto destas pessoas da terra, que têm uma sabedoria muito intrínseca”.
Margarida Pires é de Macedo de Cavaleiros e decidiu participar para recordar a infância e conhecer melhor os cogumelos. “Isto leva-me às minhas origens e à minha infância porque os meus pais colhiam cogumelos. É isto também é muito bom para aprender porque, como profissional de saúde, já vi experiências menos boas”.
As jornadas são bastante diferentes de quaisquer outras, afirma Armando Edra, da organização, a Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Vale Pradinhos. “A nossa jornada é diferenciada. Ensinamos as pessoas a apanhar cogumelos, a identicá-los, evitar acidentes”.
A edição deste ano das Jornadas Micológicas de Vale Pradinhos contou com cerca de 200 participantes, que puderam andar pelo campo a apanhar cogumelos, aprender a identifica-los e, claro, depois comê-los, na maior açorda de cogumelos do mundo.
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