terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Transmontanos contidos a comprar na época de Natal

 Este ano, tudo indica que os portugueses gastaram menos nas compras de Natal, mas na região, as opiniões dos comerciantes dividem-se


No centro da cidade de Bragança, para uns a situação “não é tão má quanto o espectável”, mas, para outros “é terrível”. “No princípio do mês achei que as coisas iriam ficar muito mal porque havia pouca afluência mas como há bom português as compras deixam-se sempre para a última hora e esta última semana movimentou-se alguma coisa”, disse Dalila Luso, proprietária de uma drogaria. “As vendas estão a correr normalmente, um bocadinho melhor do que numa época normal mas comparando com anos anteriores penso que está um bocadinho pior”, referiu Casimiro Fernandes.

Entre as várias prendas, há uma que nunca passa de moda e continua a ser valorizada. Os livros, segundo Casimiro Fernandes, proprietário de uma livraria, “continuam a ser uma prenda de ocasião e sobretudo de tradição”. “Há pessoas que ainda têm bom gosto e boa leitura. Sabem aquilo que compram e optam pelo comércio local. Há quem venha de fora e acabam por comprar aqui, nas papelarias locais”.

Com a fronteira mesmo ao lado e a partilha de costumes, manda a tradição que em Miranda do Douro, com a chegada da quadra, os espanhóis procurem as suas prendas na cidade vizinha. Mas, este ano, segundo os comerciantes, a situação piorou drasticamente e já nem se sente a presença da língua espanhola. “Este ano está a ser um fracasso, porque parece que os emigrantes não vieram à terra e os espanhóis não aparecem. Estamos numa cidade isolada e isso só tem vindo a piorar todos os anos”, disse António Pires. “Quem não comprava antes desta crise também não compra agora. Ainda se vão vendo alguns espanhóis, mas muito poucos em relação aos anos anteriores. Vamos ver se para os Reis eles voltam”, assumiu José Raposo.

Na região, para a ceia de Natal há quem prefira o bacalhau, mas também são muitos os que preferem polvo. Carmen Cassiano, vendedora ambulante de peixe fresco, que percorre diariamente várias aldeias nos concelhos de Mirandela e Vinhais, explica que por esta altura, os preços são os mesmos do ano passado, mas a procura tem diminuído bastante. “Apertaram o cinto ao ponto de não conseguirem apertar mais. A diferença foi gigante em relação aos anos anteriores no que diz respeito às vendas do polvo. As pessoas têm achado tudo caro porque há definitivamente pouco dinheiro e não dá para tudo”, explicou.

Em Trás-os-Montes apesar da inflação, há produtos de Natal que não podem ficar por comprar.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Daniela Parente

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