quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

… quase poema… ou da pedagogia

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

A minha mãe nunca me bateu… as mães não batem… dão colo… beijos e ficam muito sérias… e choram…
- No meu tempo de criança as mães não batiam… mas pediam, piedosamente, a alguém que batesse na urgência de garantir o futuro.
- Senhora professora, a senhora bata-lhe… se não estudar… ou se se portar mal!…
- Senhor padre… o senhor bata-lhe se ficar na joldra e não for à doutrina!….
E todos cumpriram o seu mister de bater… e bater até as mãos reclamarem misericórdia…
Não sei como não fiquei com problemas de saúde mental e psicológica… de depressão… de stress … de baixa autoestima…  de mutilação… ou quiçá de suicídio. 
… não sei… acho que no meu tempo não havia essas doenças e graças a Deus quase todas as raparigas e rapazes do meu tempo cresceram sãozinhos que nem um pêro… assim Deus me salve!
(Fique claro que não concordo com a agressão física ou psicológica e nunca utilizei este método na minha longa atividade docente.) Este texto é um despretensioso apontamento de memórias... felizes... ou nem tanto...

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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