terça-feira, 5 de março de 2024

... quase poema... ou do voto

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Não é importante ganhar eleições pelo prazer lúdico de estar contra alguém, mas sobretudo pela possibilidade de devolver a felicidade e o bem-estar aos habitantes das cidades, vilas, e sobretudo das nossas aldeias que habitam nos longos silêncios, na memória de outros tempos, que todos os dias enxugam as lágrimas do desgosto das imensas partidas em tempo de emigração, assistem à derrocada do casario e esperam que os filhos regressem pelo natal, enquanto falam de memórias à soalheira.
É urgente não esperar que o último vizinho vá a sepultar para encerrar a aldeia. E eu sei do que estou a falar, não por ler jornais, não por filosofar na Praça da Sé, não por ir a conferências, seminários e convenções com ilustres estudiosos vindos de longínquas paragens, eu sei do que estou a falar porque habito numa pequena aldeia transmontana e cada vez somos menos e qualquer dia já não tenho vizinhos para jogar uma “suecada”, ou para andar as cruzes, ou dizer, tão-somente, hoje o dia está bom.

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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