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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 1 de junho de 2024

Igreja de Nossa Senhora da Assunção, Vale de Nogueira. A Beleza retabular, pictórica e mística falam por si!

 Aldeia da freguesia de Salsas, designava-se Ribeira de Lourenço na Carta de Foral recebida a 6 de fevereiro de 1299, no tempo de D. Dinis. Vila e sede concelho, era relevante em termos de comunicações viárias, sendo entreposto do correio real com estalagem para muda de cavalos. Foi extinta como concelho em 1836, passando a pertencer ao de Izeda e, a partir de 1855, com a extinção deste, ao de Bragança. Além da Igreja Matriz, em Vale de Nogueira existe o Santuário do Divino Senhor da Agonia, no lugar de Chãos, na estrada Nacional N.º 15, e a capela de Santa Ana, no “Bairro” de Fernand.


A Igreja seiscentista de Nossa Senhora da Assunção apresenta frontispício com elementos do barroco, nomeadamente no frontão triangular: nicho vazado, concheado e jarro batismal; enquadrado por volutas e encimado por flor-de-lis; coroado por cruz da Ordem de Cristo. É ladeado por dois pináculos e dois óculos para entrada de luz para o cor-alto. A empena truncada do frontispício sobreleva campanário de duplo corpo. Quanto ao interior, além de coro-alto na parte fundeira, púlpito na nave e sacristia adossada à capela-mor, é de uma diversidade notável. Na nave, os primeiros altares confrontantes, de retábulo gémeo, em talha policromada e estilo rocaille, são dedicados a São Caetano, no lado do evangelho, e a Santo Estêvão, no da epístola. O de São Caetano, com o Menino ao colo, assenta em sotabanco, com frontal vidrado expondo o Senhor Morto; uma originalidade.

Seguem-se os altares confrontantes e gémeos junto do arco triunfal, estes de estilo barroco, dedicados a Santo António e a Nossa Senhora do Rosário. De eixo único e talha policromada e dourada, têm tribuna definida por pilastras e arcos recortados de volta perfeita, com colunas exteriores espiraladas, decoradas com vegetalismos e capitel coríntio.
Merece referência o sacrário tipo templete, com dossel festivo e porta ladeada por putti. Acrescente-se que no século XVIII Santo António teve Irmandade com 900 confrades, com bula pontifícia e jurisdição régia. A parte do tecto que confina com o arco triunfal apresenta caixotões emoldurados com pinturas hagiográficas. Os próximos do altar de Santo António aludem a episódios relativos ao Santo: Aparição de Jesus; Santo António com o Menino; pregação aos peixes; burro ajoelhado perante a Eucaristia. Os junto do altar de Nossa Senhora do Rosário dizem respeito à Anunciação, Visitação, Natividade de Belém e Apresentação do Menino no Templo. O arco triunfal, chanfrado e assente em colunas toscanas, é encimado por decoração festiva.
É apreciável a policromada beleza retabular e pictórica da capela-mor. O retábulo, do barroco joanino em cinco eixos, é composto por seis pilastras, decoradas a motivos vegetalistas, e seis colunas salomónicas de capitel coríntio, decoradas com pâmpanos, fénices e putti. O apainelado ático é definido por arquivoltas seccionadas por aduelas e rematado por um par de anjos a segurar coroa. O eixo central abre-se em tribuna com trono de três degraus, expondo pequeno crucifixo resplendoroso. É ladeado por dois painéis entre colunas contendo as imagens do Sagrado Coração de Jesus e de São Sebastião, do lado do evangelho e da epístola, respectivamente. Os eixos exteriores apresentam configuração retabular entre pilastras, com as imagens de Nossa Senhora da Assunção, Orago da Igreja, e de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Estão ‘protegidos’ por dossel circular com sanefas. As paredes da Capela-mor são forradas a caixotões de moldura dourada, com painéis pintados alusivos à paixão e crucificação de Jesus Cristo, que inclui instrumentos do martírio, do lado do evangelho, e cartelas legendadas referentes à Virgem Maria, do lado da epístola. De idêntico registo, no teto sobressaem 18 pinturas alusivas aos Apóstolos, Evangelistas e Santos.
Contemplamos, neste Templo, a Senhora da Glória, posicionada ao lado do seu Divino Filho!

Susana Cipriano e Abílio Lousada

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