segunda-feira, 29 de julho de 2024

Aldeia de Palácios reviveu segada manual com grande adesão de participantes

 A aldeia de Palácios, no concelho de Bragança, reviveu este fim-de-semana o ciclo do pão, desde a segada ao cozer do pão, sempre com animação musical


O Festival de Música e Tradição da Lombada decorreu entre sexta-feira e domingo e a segada foi o momento mais alto do evento.

Depois da reza, pega-se nas foices e começa-se a trabalhar. Olímpia Faiões foi uma das várias pessoas que reviveu a segada manual. Vestida a rigor, com saia e lenço na cabeça foi cortando o cereal. Com 76 anos lembra-se bem dos tempos que o fazia. “Era pequenina e já andava a segar, com 7 ou oito anos. Tínhamos de nos levantar muito cedo, porque aquecia muito. Matávamos o bicho em casa, depois íamos para as terras, levávamos o farnel. Ao meio dia a minha mãe ia com o burrito levar-nos o almoço e o lanche e dormíamos um bocado à sombra. É um trabalho muito difícil. É bom reviver, mas voltar não, não desejo isto para ninguém, eram tempos muito difíceis”, contou.

Já o pequeno Carlos Rodrigues nunca viveu estas andanças. Com 11 anos, faz questão de ver como se faz. “Vivo em Nogueira, mas vim às festas de Palácios. Nunca fiz a segada, nem sei como se faz”, disse.

Tradição que a Associação Cultural e Ambiental de Palácios quer preservar. O Festival de Música e Tradição da Lombada vai já na vigésima quarta edição. O presidente, Bruno Aliste, explicou que para os mais velhos é um momento importante. “Os mais idosos levam isto muito a sério. Para nós é um reviver, uma brincadeira, mas para eles não. Há pessoas que pegam na foice e tentam segar e eles vão logo explicar. Para eles pesou-lhe tanto ao longo de tantos anos, estarem em sol, com muito sacrifício, e hoje revivem isto com muito afinco”, referiu.

Depois da segada foi feita a malha, também manual. O transporte foi feito por burros. Numa aldeia com pouco mais de 20 habitantes, o festival vem trazer dinâmica, salienta o presidente da União das Freguesias de São Julião de Palácios e Deilão, Altino Pires. “Estamos a falar de uma aldeia onde vivem diariamente 26 pessoas. Ou seja, com um fim-de-semana destes estamos a quintuplicar a população que aqui vem. As casas de turismo rural estão todas cheias”.

A aldeia voltou assim a viver a tradição do ciclo do pão e a promover a cultura musical.

O Festival de Música e Tradição da Lombada contou ainda com workshops, jogos tradicionais, exposições e venda de artesanato e produtos da terra. Os grupos Charango, Fonte da Pipa e Brama animaram a aldeia. Para o ano comemora-se 25 anos do evento, que promete uma celebração em grande.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

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