quarta-feira, 21 de agosto de 2024

A nova mercearia de Lisboa que tem alma transmontana

 Pastéis e folares de Chaves, fumeiro do Barroso, azeites, queijos DOP e vinhos DOC formam este Pitéu Transmontano, mercearia recente de Lisboa que aplaude os pequenos produtores de Trás-os-Montes e Alto Tâmega.

(Fotografia de Reinaldo Rodrigues)

Sara Lopes é natural de Coimbra, mas é na aldeia transmontana de Meles, arredores de Macedo de Cavaleiros, que se reúnem grande parte das suas memórias e raízes familiares. Numa vontade de homenagear as origens a nordeste, em conjunto com o namorado, João Martinho, abriram em dezembro o Pitéu Transmontano, a mercearia da Estefânia que dá primazia aos pequenos produtores de Trás-os-Montes, do Alto Tâmega e do Barroso, ainda que haja espaço para outras criações nacionais.

Uma curadoria afinada, eclética e pouco óbvia, que permite trazer novos produtos à loja de forma frequente e que privilegia os processos artesanais. “Mais de 90% dos nossos produtos não se vendem em grandes superfícies comerciais”, explica João Martinho. “Fazemos várias viagens para conhecermos todos os nossos fornecedores”, adianta Sara.

Várias vezes ao dia, há fornadas de pastéis de Chaves. (Fotografias de Reinaldo Rodrigues)

O Pitéu Transmontano também vende Folar de Chaves e de Gimonde.

No Pitéu Transmontano, fruto de uma renovação na decoração, na oferta e no nome de uma mercearia detida por um primo de Sara por dez anos, cabem produtos como cuscos de Vinhais, carne mirandesa certificada e um leque variado de fumeiro de Montalegre, Mirandela, Bragança, Vinhais e Vila Flor – como chouriço doce, alheira, sangueira, salpicão ou linguiça. Nos representantes flavienses, destaque para os clássicos pastéis e folar de Chaves, que podem ser comprados quentes, acabados de sair do forno da casa ou ultracongelados (no caso dos primeiros).

Nos azeites, há monovarietais transmontanos de Cobrançosa, Madural e Verdeal. Já no mel – rosmaninho, urze ou montanha – há criações de Valpaços e Macedo de Cavaleiros, e nos queijos destaque para o Terrincho DOP, a partir de leite cru de ovelha Churra. A garrafeira faz escalas por algumas regiões vínicas, mas foca-se nos vinhos DOC Trás-os-Montes e Douro. Pelas prateleiras e cestos, há ainda produtos como vinagre da Bairrada envelhecido em carvalho, compotas de Castelo Rodrigo, bolo finto do Alentejo, bombons de Oeiras, rebuçados madeirenses, gelados, refeições prontas a levar e finalizar em casa, além de fruta e legumes da época, ou até tábuas artesanais de servir à mesa.

A mercearia está situada na Estefânia, em Lisboa.

João Martinho e Sara Lopes são os responsáveis pelo espaço.

Com uma decoração pontuada por utensílios rurais e inspirada em materiais como o xisto, a oferta fica reforçada em breve com a chegada de licores feitos em Bragança e do arroz carolino do Baixo Mondego. Mais para a frente, chegarão as entregas ao domicílio. Antes disso, e durante pelo menos um sábado por mês, fazem-se provas gratuitas com a presença de um produtor na loja – seja de vinhos, queijos, chocolates, etc. Basta estar atento às datas nas redes sociais. Oportunidade para folhear na loja os livros com receitas transmontanas e nacionais, que pertenciam à família de Sara.

A ruralidade inspira grande parte da decoração da loja.

O mel é outro dos produtos em destaque no Pitéu Transmontano.

Nuno Cardoso

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