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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 1 de setembro de 2024

ao canto da memória...

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)


A Sara envelheceu ajudando a mãe a cuidar da sua ninhada… a lavar a roupa e a contar contas que tinham sempre um final feliz.
Os filhos nasciam e a casa era tão pequena… os serões longos… e os invernos assustavam…
… a Candidinha costureira morreu tuberculosa… e agora anda pelo povoado assombrando as noites.
… contava-se!
- Meu rei, vamos para nossa casa… não tenhas medo, meu rei…
… Sara, ouves a máquina da costura da Candidinha?!
- Não tenhas medo, meu anjo é só um ramo da parreira a bater na janela!
… adormecia e a noite serenava.
Às vezes ficavas muito triste… sentavas-te no banco de pedra da tua casa… memórias antigas… traziam lágrimas de orvalho.
- Sara, não quero que morras... nunca!
- Não morro, meu rei! E o abraço durava uma eternidade.
… um dia, ao entardecer, morreste… sem um queixume… sem uma lágrima…
Chorei… durante longos meses… lágrimas tantas… ribeiro manso…
… hoje regressei ao nosso banco, Sara e trouxe comigo a minha filha e as minhas netas para lhe dizeres que não morreste… que a felicidade existe… e estás tão viva como a nossa parreira… como a porta da nossa casa onde guardávamos os sonhos… ou como as contas mais bonitas que habitam, dolorosamente, ao canto da memória.
… é o eterno retorno, Sara… e tu sabias…
… porque te ris?!

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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