terça-feira, 24 de setembro de 2024

Viticultores admitem deixar uvas nas videiras devido à pouca procura

 Na Região Demarcada do Douro há viticultores que admitem deixar parte da produção de uvas nas videiras


A procura pelos produtores de vinho tem sido muito inferior à de outros anos, deixando os lavradores sem soluções para entregar toda a colheita ou parte dela.

Perante a incerteza, há quem ainda nem tenha começado a vindima, quando noutros anos já a estaria a acabar. 

Manuel Fernandes, em Ervedosa do Douro, é um exemplo. “O ano passado quando começou a Vindouro a 1 de Setembro já tinha cinco dias de vindima e nesta altura já estava pronta”, contou.

Este ano, a única certeza que tem, é que começa no dia 6 de Outubro a vindimas as uvas que já vendeu. “O vinho do Porto são 20 pipas, o resto está mais ou menos apalavrado, mas certezas poucas”, disse.

Em 2023, Albano Fernandes começou a vindima a 26 de agosto e terminou a 20 de Setembro. Este ano tudo acontece a conta-gotas. “Estou a vindimar a conta-gotas, porque nem sabem as que querem e algumas irão ficar nas figueiras. Quem não as tiver vendidas vai ser difícil e algumas são vendidas a preço de saldo”, lamentou.   

Para se perceber o preço de saldo, Manuel Covas faz as contas. “Um quilo de uvas produzidas por mim custa-me, no mínimo, 1,2 euros, se multiplicar por 700 quilos dá-me 900 euros, o que é impensável qualquer agricultor do Douro receber este ano por qualquer uva que seja. A média vai ser abaixo dos 350 euros, logo o prejuízo que os viticultores vão ter”, apontou.

No início do mês, um grupo de 20 viticultores do Douro foi a Lisboa para um encontro com Marcelo Rebelo de Sousa. Saíram de Belém com alguma esperança, que está a esmorecer:

O que o Douro precisa é de uma revolução, defendeu Joaquim Monteiro.

Contra um Douro do avesso, em que quem produz uvas é quem vive pior, a Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense prevê novas manifestações para breve, avisa o dirigente Vítor Herdeiro. “Estamos a pensar fazer uma ou duas simbólicas e depois iremos fazer uma grande manifestação. Vamos ver como vai correr a venda do tinto, para ver como vamos intervir”, disse.

Intervir através de manifestações contra a crise que assola a Região Demarcada do Douro. Região onde se produzir o vinho do Porto e onde os agricultores lutam com cada vez mais dificuldades.

Escrito por Rádio Ansiães (CIR)
Foto: Rádio Ansiães (CIR)

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