terça-feira, 29 de outubro de 2024

Dos Acampamentos à Milícia

 
O contacto com a natureza, o ar livre e o desporto fizeram parte integrante da nossa juventude e adolescência.
A prática do campismo selvagem, não sabíamos que existia outro, tinha sempre uns dias reservados nas nossas férias escolares, nomeadamente nas férias da Páscoa (as árvores sem folhas) onde era raríssimo aparecerem “vizinhos” de tenda.
O Rio Baceiro, perto da localidade de Castrelos era um dos locais preferidos para acamparmos.
Tínhamos estratagemas para nunca passar fome, mas tenho de admitir que quando, aos Domingos, aparecia a D.ª Alice (mãe do Jaime), com uma “bruta panelada” de feijoada que dava para 3 dias, ficávamos mais radiantes do que se tivéssemos acertado no totobola.
As canas de pesca seguiam connosco mas os peixes não iam com as nossas iscas. Se bem que quero crer que o problema era mesmo a falta de jeito da nossa parte.
A nossa tenda era feita com panos sobrantes de tendas da tropa que, unidos com cordas, proporcionavam o conforto necessário para umas curtas horas de descanso. A porta da tenda era uma manta.
Mais tarde o Jaime conseguiu uma canadiana de dois lugares, das modernas, que, basicamente, nos servia de arrecadação e despensa.
Eram também os tempos da Milícia onde se preparavam os estudantes para um possível futuro que passasse pela carreira militar.
Dois dias por semana, na parte de tarde, lá íamos para o 30 (quartel militar que funcionava onde são agora as instalações do Município de Bragança). Fardados a rigor com a “eterna” G3 ao ombro, aprendíamos a marchar.
O Mário da Sarzeda, (arrotcho como carinhosamente lhe chamávamos), nunca teve botas da tropa, era o único.
Dizia ele, bonacheirão e com a ironia que o caracterizava, que ainda não tinha chegado o comboio especial que lhe trazia as botas. Não era fácil as forças armadas terem botas do n.º 52 disponíveis.
Mas a PSP deveria ter, já que foi essa a carreira que ele posteriormente abraçou.
Mais um a dignificar as nossas honestas e esforçadas gentes Bragançanas que são, sempre foram, símbolos de coragem e honestidade, nas grandes urbes.

Obs* Estes personagens... já pertencem todos aos empecilhos que após uma vida de trabalho e descontos parece, por vezes, que incomodam... às novas e já caquéticas pseudo-elites, aos menininhos.

HM

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