A mirandelense, que exerce funções na empresa TECSAM - prestação de cuidados médicos a doentes insuficientes renais em tratamento de hemodiálise - diz ter sido “uma agradável surpresa e é sempre o reconhecimento do nosso trabalho e do nosso esforço”.
Sónia Casado explica como surgiu a ideia de avançar para este projeto. “Um dos problemas dos doentes com insuficiência renal crónica a fazer hemodiálise é que sofrem de um enfraquecimento muscular de uma forma generalizada. O exercício físico já está recomendado há muitos anos, mas ainda assim há um grupo específico de músculos respiratórios que não são tratados com o exercício físico habitual, como a caminhada ou a pedaleira, que são os músculos respiratórios envolvidos na inspiração e na expiração que precisam de um treino específico e que nestes doentes estão particularmente enfraquecidos podendo provocar a diminuição da capacidade funcional e que depois começam a ficar mais dependentes para as tarefas do seu dia-a-dia, e isso é sempre uma questão que nos preocupa, porque queremos que os nossos utentes sejam o mais autónomos possível e que tenham a máxima qualidade de vida possível”, refere.
Sendo um grupo muscular tão específico (treino dos músculos inspiratórios), Sónia entende que “terá de haver treino muito específico, técnicas e equipamentos específicos e foi precisamente um projeto nesse âmbito que elaboramos”, acrescenta.
O projeto, que tem a parceria da TECSAM e do Instituto Politécnico de Bragança, ainda está na fase de aquisição de material. No global, “terá um custo de 60, 70 mil euros e recentemente fizemos uma candidatura e estamos a pedir um financiamento na ordem dos 26 mil euros para a aquisição de outros equipamentos que ainda não temos disponíveis, sendo que o restante é suportado pelas instituições envolvidas e temos a expetativa de no início do próximo ano começar a implementar este projeto”, acredita Sónia Casado.
E este prémio da Bolsa de Investigação no valor de dois mil euros já tem destino. “Servirá para comprar um expirómetro que é um equipamento que serve para avaliar os volumes pulmonares que é precisamente um dos critérios que temos de avaliar nestes utentes”, conta.
Este é também um projeto inovador na península ibérica. “Já há alguns estudos a nível internacional, aliás, foi nesses estudos que nos baseamos para construir este treino, mas ainda há muitas coisas por investigar nesta área do treino dos músculos inspiratórios, e em Portugal e em Espanha não há estudos publicados nesta área, pelo que este será um estudo inovador e se tivermos resultados favoráveis, ou seja, se os utentes efetivamente tiverem melhorias, como é expetável, esperamos que seja o início para se poder alargar a outras clínicas a outras instituições”, diz a enfermeira mirandelense, acreditando que este foi só “um primeiro passo para um longo caminho que temos para percorrer nos próximos anos”.
Sónia Casado já tinha sido distinguida com outros prémios de projetos relacionados com a área da reabilitação respiratória.
Estima-se que a Doença Renal Crónica possa afetar 1 em cada 10 portugueses. A evolução da gravidade da doença renal implica que cerca de 13 mil portugueses realizem hemodiálise.
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