Nunca tinham ousado, apesar de ser notório que a vontade não lhes faltaria.
Companheiros, guardiões, dissuasores da aproximação de quem não conhecem mas imediatamente transformada em amizade com os que se apercebem que são bem-vindos.
Eles sabem bem mais destas coisas que nós. Nós, os inteligentes.
Pois hoje, 16 de Outubro de 2024, quebrou-se o protocolo.
O Raboto nunca tinha entrado na Adega. O Raboto está velho, manco e cansado. Está velho. Penso que teve a felicidade de ter aportado a bom porto… e encontrou alguma paz, amor carinho e respeito. Hoje quase rebentou com a porta da adega. Era onde estava o companheiro humano dele preferido.
Disse-me o humano: - Estava a coar a jeropiga só vi a porta quase a saltar e o Raboto a fugir para o fundo da adega.
Curiosamente, também eu quando ouvi o estrondo do primeiro trovão senti um impacto muito forte na porta de casa. Fui ver…
Será chuva? Será gente?
Gente não é certamente e a chuva não bate assim… (Augusto Gil).
Era o Joli que já estava no corredor da entrada de casa. O posto dele, não imposto mas assumido por ele, é o tapete da entrada de casa, no exterior.
Olhámos um para o outro. Eu, incrédulo (o Joli nunca tinha entrado em casa), ele temeroso, estendeu-me a pata, eu juntei a minha pata à dele e ele percebeu logo que podia ficar.
Depois de tirarmos a água, onde a havia a mais, retomou-se a normalidade. O Joli foi para a porta da entrada de casa. Talvez preferisse ter permanecido mas não fazia sentido. Estendemos as patas e ele saiu para a liberdade que aqui tem. É bem mais rico que os "primos" da cidade que só têm coleiras mais brilhantes...
O Raboto já estava à espera, na primeira linha, que eu lhe fosse abrir a porta da adega quando fosse tomar o meu cafézito e um bagaço…
Isto tudo para vos dizer que a trovoada foi forte. Mas também para, mais uma vez, ter a certeza, que os “animais são nossos amigos” se nós formos amigos deles.
Não lhes dou, nem darei, beijinhos na fuça como fazem as madames da cidade… Dou-lhes a minha pata, quando eles me estendem a deles.
O Raboto e o Joli, são cães que alguém não quiz... nem sabem o que perderam. Mas também não os mereciam.
Mas a minha mensagem também é para os donos do mundo. A mim não me lembra NUNCA, de ver estas incongruências no tempo…
Mas a minha mensagem também é para os donos do mundo. A mim não me lembra NUNCA, de ver estas incongruências no tempo…
Abraços a todos.
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