sábado, 7 de dezembro de 2024

A coroça de palha

 A coroça (croça) é constituída por uma capa e uma sobrecapa executadas em palha, pela técnica da cestaria.


A sua função não é agasalhar, mas deixar escorrer a chuva e, por vezes, a neve, repelindo a humidade.

De fácil, rápida e económica manufatura, este traje perdurou até aos nossos dias pela sua funcionalidade.

A coroça é um dos exemplares de traje regional português de mais remotas origens.

Como é sabido, durante o neolítico e na fase denominada de pré-tecelagem, o homem utilizava fibras vegetais para se cobrir e para isolar, por camadas, os tetos das suas cabanas.

Este revestimento revelou-se tão eficaz que resistiu às influências de culturas e civilizações diversas ocorridas durante milénios.

A coroça tem a configuração de um grande espantalho a que, por vezes, se acrescenta um carapuço solto e umas grevas que protegem igualmente as pernas das intempéries.

É interessante salientar a semelhança e o paralelismo entre este abafo humano e a cobertura dos denominados palheiros, também composta pela sobreposição de fiadas de palha.

A visualidade do homem que enverga esta indumentária remete para uma profunda integração na paisagem.

Esta imagem supõe a perfeita relação e dependência do homem com a natureza.

Por outro lado, constituía seguramente uma das mais antigas formas de camuflagem e de proteção natural contra os predadores.

MBT


COROÇA

– Capa composta por cabeção e «saia» de junco, disposto paralelamente no sentido longitudinal, ligado entre si por um entrelaçado encardoado em espaços regulares.

POLAINICOS – De junco disposto paralelamente no sentido longitudinal, entrelaçado em espaços regulares.

CHAPÉU – Feltro preto, fita de tecido (tafetá) de seda e fita de tecido (veludo) de algodão, pretos. Chapéu de aba larga guarnecida com fita de veludo; copa redonda decorada com fita de seda. Remata no interior com fita de couro de cor natural. Forro: Tecido (tafetá) de algodão azul;

TAMANCOS (PAR) – Couro de cor natural com taxas de metal prateado; cunha, salto e solas de madeira de cor natural.

Fonte: “Trajes Míticos da Cultura Regional Portuguesa”

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