18.outubro.1848 – 2.maio.1851
MURÇA, 2.2.1811 – BRAGANÇA, 21.6.1872
Magistrado judicial.
Bacharel em Leis pela Universidade de Coimbra.
Governador civil de Bragança (1848-1851 e 1871-1872).
Natural da vila e concelho de Murça.
Filho de José de Sá Carneiro Vargas e de Maria Joaquina Rosa de Campos.
Casou com Emília Augusta de Castro Pereira, de quem teve quatro filhos: José Marcelino de Sá Vargas (n. 9.4.1853), que foi reitor do Liceu de Bragança e presidente da Câmara Municipal de Bragança; António Emílio de Sá Vargas; Maria Margarida de Sá Vargas (n. 30.6.1856); e Fortunata Augusta de Sá Vargas (n. 17.12.1858).
Avô de Diogo Albino de Sá Vargas, deputado e professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Bisavô de Francisco José de Sá Vargas Morgado, governador civil de Bragança entre 1968 e 1970. Sobrinho e afilhado de Diogo José da Silva, capitão-mor da vila de Murça.
Conselheiro de Estado, por decreto de 26 de dezembro de 1871 (ou por decreto de 26.12.1867).
Fidalgo cavaleiro da Casa Real. Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Comendador da Real Ordem de Isabel a Católica (Espanha).
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Matriculou-se no curso de Leis na Universidade de Coimbra em outubro de 1827. Após a sua conclusão, seguiu carreira na magistratura judicial.
Foi redator e um dos principais dinamizadores do Pharol Transmontano: periódico mensal de instrução e recreio, publicado em Bragança entre 1845-1846, com o objetivo de dar “notícia dos inventos, descobertas, e aperfeiçoamentos, que julgarmos de préstimo, nas ciências, nas artes, e na indústria: artigos sobre a história natural e política, com particularidade dos objetos peculiares a esta província”, e foi um dos fundadores e primeiro presidente da Sociedade Promotora dos Melhoramentos Industriais do Distrito de Bragança, em 1850, que teve os seus Estatutos publicados nesse mesmo ano.
Antes de assumir o cargo de governador, havia já sido secretário-geral do Governo Civil de Bragança, pelo menos desde 1846, assumindo interinamente o cargo de governador civil entre abril e maio de 1846, durante a eclosão da Revolta da Maria da Fonte, conservando-se do lado fiel ao Governo de Lisboa. Era secretário-geral quando, na sequência da Patuleia, foi obrigado a refugiar-se em Espanha, acompanhando o governador civil, Francisco Xavier de Morais Pinto, e a maior parte dos funcionários do Governo Civil de Bragança.
Foi governador civil de Bragança por duas vezes, a primeira vez em outubro de 1848, até maio de 1851, e segunda vez por decreto de 30 de março de 1871, cargo de que tomou posse a 1 de abril seguinte. O livro dos autos de posse do Governo Civil daquele distrito não menciona a data do decreto de nomeação nem a data de posse do primeiro mandato. No entanto, na mesma fonte aparecem as tomadas de posse de outros funcionários conferidas por Sá Vargas, “excelentíssimo governador civil”, entre 1848-1851.
No seu primeiro mandato, em 5 de setembro de 1849, o Governo louvou o “zelo e discernimento” de Sá Vargas pelo modo satisfatório com que resolveu a questão dos indivíduos do concelho de Vila Nova de Foz Côa que se encontravam refugiados no concelho de Moncorvo por motivos políticos, o que permitiu o seu regresso àquele município.
Carta de Diogo Albino Sá Vargas a apelar à recolocação de um antigo funcionário (1847)
6 de novembro de 1847.
Em cumprimento do ofício que da ordem de V. Exa. me foi dirigido pela 1.ª Secção do Ministério da Fazenda em 9 de outubro próximo passado, tenho a honra de devolver a V. Exa. a inclusa representação em que Joaquim Pedro Xavier Júnior pede ser empregado em algum dos lugares de fazenda vagos no Governo Civil de Lisboa, sobre cuja pretensão devo informar V. Exa. para ser presente a Sua Majestade a Rainha que aquele empregado tinha sido despachado para o lugar temporário deste Governo Civil, interinamente a meu cargo, até que pelos acontecimentos de maio de 1846, foi suspenso pelo governador civil Júlio do Carvalhal de Sousa Teles, que depois o tornou a admitir em outro lugar do quadro da Repartição de Fazenda, pela supressão do lugar que exercia. Foi novamente suspenso pelo governador civil Francisco Xavier de Morais Pinto nos princípios do corrente ano, em consequência do que se ausentou para a cidade do Porto, onde não sei se tomou parte na revolta.
Este empregado foi assíduo no desempenho de suas funções, e serviu regularmente enquanto ocupou o lugar, e por isso julgo que bem servirá se novamente for colocado, uma vez que o não seja nesta cidade em razão de antipatias e outras circunstâncias com que julgo ocioso cansar a atenção de V. Exa.
D. A. S. Vargas
Fonte: Arquivo Distrital de Bragança, Governo Civil de Bragança, Correspondência Expedida, cx. 10, liv. 34, fl. 103 v. 104.
Carta de Sá Vargas a denunciar o reitor de Lamas de Podence (16.12.1848)
Eclesiásticos, tenho a honra de passar às mãos de V. Exa. por cópia a informação que acerca do comportamento político do presbítero Bento José Ferreira, reitor de Lamas de Podence, me deu o respetivo administrador do concelho, da qual se depreende não convir ao Governo de Sua Majestade restituir o referido pároco às funções do seu ministério, por se haver esquecido durante a usurpação da sua alta missão, e ter-se tornado um denunciante e perseguidor e persistir na atualidade nas mesmas ideias de guerrear o sistema da ordem e da legalidade. Além do crédito que deve o predito magistrado, outras informações tenho havido na mesma conformidade. Todavia, Sua Majestade resolverá sobre esta matéria o que for do seu real agrado.
D. A. de Sá Vargas
Fonte: Arquivo Distrital de Bragança, Governo Civil de Bragança, Correspondência Expedida, cx. 10, liv. 34, fl. 112, v. 113.
Portaria do Governo louvando o governador civil de Bragança, Sá Vargas (1849)
Sua Majestade a Rainha, tendo-lhe sido presentes os ofícios do governador civil de Bragança, datados de 23 e 27 de outubro último, hoje recebidos, dando conta do modo satisfatório por que terminaram as dissensões com os indivíduos do concelho de Vila Nova de Foz Côa que se achavam refugiados no de Moncorvo, havendo-se todos eles recolhido aos seus lares, onde se congraçaram com aqueles com quem viviam em desinteligência e rixa por motivos políticos; tendo-se espontaneamente apresentado outros, culpados por crimes, a fim de serem julgados como for de direito na comarca de Meda, onde estão processados, manda significar ao mesmo governador civil que viu com o maior interesse todos os seus ditos ofícios sobre tão importante assunto, e do que já estava ciente pela participação feita pelo governador civil do distrito da Guarda; mas vendo igualmente a mesma Augusta Senhora a maneira prudente e muito sensata por que o sobredito magistrado dirigiu este negócio; e bem assim, que é ele governador civil de Bragança, que teve a principal parte naquela conciliação, devida à sua solicitude e perseverança e à eficácia dos meios que soube empregar para colher tão feliz êxito: manda outrossim comunicar-lhe que merece a sua plena aprovação quanto obrou a semelhante respeito, e que é digno de louvor e elogio o seu zelo e o discernimento com que se houve nesta conjetura, por isso que a fez terminar pela maneira a mais plausível e segundo os desejos do Governo; e que haja também de fazer constar ao segundo oficial da secretaria do Governo Civil a seu cargo, Paulo Cândido Ferreira de Sousa, que pelo mesmo governador civil fora o incumbido de pôr em prática as instruções que lhe deu para a referida conciliação, bem como às demais pessoas que para ela concorreram, que Sua Majestade viu com especial agrado o seu bom serviço, merecedor também de muito louvor, e que o tomou na devida consideração; e enfim, recomenda por esta ocasião ao mencionado governador civil, que continue com igual solicitude a vigiar pela conservação da boa ordem e do sossego público, empregando todas as medidas legais que o seu zelo lhe sugerir, para que se mantenha a boa harmonia que ora existe entre os moradores dos dois mencionados concelhos, obviando quanto ser possa a novas dissensões, sobremodo nocivas aos interesses e à quietação dos povos.
Paço das Necessidades, em 5 de novembro de 1849. – Conde de Tomar.
Fonte: Diário do Governo, 6.11.1849.
Fontes e Bibliografia
Arquivo Distrital de Bragança, documentos vários.
Relação dos estudantes matriculados na Universidade de Coimbra. 1834-1835. Real Imprensa da Universidade.
O Pharol Transmontano. Hemeroteca Digital de Lisboa (Disponível em http://hemerotecadigital.cm-lisboa.
pt/FichasHistoricas/OPharolTransmontano.pdf )
ALVES, Francisco Manuel. 2000. Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança, vol. VII. Bragança:
Câmara Municipal de Bragança / Instituto Português de Museus.
FONTE, Barroso da. 1998. Dicionário dos mais ilustres Transmontanos e Alto-Durienses, vol. I. Guimarães:
Editora Cidade Berço.
Geneall – Portal de Genealogia (disponível em geneall.net).
Publicação da C.M. Bragança
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