segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Falta de engenheiros civis no distrito é dramática pela desigualdade de oportunidades de trabalho

 Ordem dos Engenheiros aponta que, em todo o país se foram cerca de 300 engenheiros, por ano, mas eram precisos perto de 800

Há falta de engenheiros civis em Portugal. Segundo contas da ordem, era necessário que, anualmente, se formassem cerca de 800, mas o número não passa dos 300.

Segundo Bento Aires, presidente do Conselho Diretivo da Ordem dos Engenheiros da Região Norte, no distrito de Bragança a situação é dramática. “Em cima do problema do país, agravamos o problema da coesão territorial e da equidade de oportunidades. O Interior tem de acordar,  despertar para a coesão territorial e conseguir atrair profissionais. A região tem de se levantar, de conseguir atrair talento, atrair os nómadas digitais. As tecnologias de informação são agnósticas, não têm região, não tem país. Por isso, o Interior tem um longo caminho a percorrer para conseguir atrair também estes profissionais”.

Apesar de a Engenharia Civil ter uma taxa de empregabilidade perto dos 100%, a procura pela licenciatura não é a desejada. Ainda assim, Bento Aires diz que, nos últimos tempos, há mais alunos a procurar a área, sobretudo no Litoral do país. E admite que a profissão é cada vez mais valorizada. “A nível regional lançámos, no início deste, o Pacto para a Qualificação e Valorização do Trabalho dos Engenheiros, que já foi subscrito por cerca de 30 empresas, que representam cerca de 4 mil engenheiros, e aquilo que podemos dizer é que de janeiro a junho conseguimos garantir que o salário médio da engenharia, onde se inclui também a construção, pelo menos subiu 5%, ou seja, num semestre subiu mais do que a taxa de inflação para um ano”.

Na sexta-feira, além de Bento Aires, de visita à Delegação de Bragança da Ordem dos Engenheiros esteve o bastonário da ordem. Fernando de Almeida Santos esclareceu que, além de ser necessário captar jovens para os cursos, é preciso criar condições para que não emigrem. “Temos, por exemplo, pouca gente a ir para os cursos de engenharia tradicionais. Temos de fazer um esforço com as escolas para captar mais gente para essas áreas de atividade. Depois temos muitas universidades a patrocinarem a externalização dos recém-formados para empresas no estrangeiro. Acho que o Estado português, aqui, tem de dar um sinal claro que se investe em universidades públicas e em conhecimento de portugueses, os primeiros anos têm de ser cá. E aqui tem de haver uma política que não é da ordem, a ordem tem alertado, pode co-ajudar, mas não é suficiente. E depois há a outra questão, que é o retorno do talento. Só na Holanda, numa empresa de 14 mil, há mais de mil engenheiros portugueses”.

Neste momento, uma das apostas é atrair jovens estrangeiros. “Precisamos, nos próximos 10 anos, de cinco mil engenheiros civis em Portugal, que não os temos. E esse é o drama. E, portanto, nós temos que ir buscar fora e a maior parte das vezes. Para dar um exemplo, as empresas de serviços de engenharia, mais de 10% dos quadros superiores, neste momento, já são de gente que vem ao abrigo de protocolos de reciprocidade, promovidos pela ordem dos engenheiros”.

A engenharia civil é a que passa os piores dias mas, segundo a ordem, sobretudo em Bragança, é fundamental despertar para as engenharias mais tradicionais, a agronómica e florestal.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

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