sexta-feira, 7 de março de 2025

Agricultores da região indignados com indicação técnica do Governo sobre cortes na horticultura

 A CNA e os agricultores pedem que o Ministério da Agricultura volta atrás na sua decisão e que os cortes, a serem feitos, que seja de forma “equilibrada”


A recente indicação do Governo de cortar os apoios às produções hortícolas em modo de produção integrada e agricultura biológica tem gerado forte indignação entre os agricultores, especialmente na região do Planalto Mirandês.

Jorge Morais, é um dos produtores da região. Com o pai, cultiva hortaliças no vale do Tua e lamenta que a decisão vá prejudicar ainda mais as suas margens de lucro, já fragilizadas pela concorrência estrangeira.

Jorge Morais, é um dos produtores da região. Com o pai, cultiva hortaliças no vale do Tua e lamenta que a decisão vá prejudicar ainda mais as suas margens de lucro, já fragilizadas pela concorrência estrangeira. “Já era complicado competir com os países vizinhos, e agora vai ser ainda mais difícil”, afirmou. Ele acrescenta que o aumento dos custos e as dificuldades de escoamento dos produtos se tornam mais evidentes, já que as produções de outros países, como as do Norte de África, são mais competitivas.

Para os agricultores que já tinham iniciado a plantação, como Jorge Morais, a situação é ainda mais difícil.

“Ainda não começamos a plantar, mas temos tudo encomendado, ou seja, plantas que estão a um preço exorbitante, por exemplo, vamos ter que ver como é que decorre e a única forma de ultrapassar isto é aumentar preços o que depois nos vai prejudicar no momento de escoar os produtos. Plantamos muito tomate, alface, tinha tudo encomendado para daqui a 15 dias, foi uma encomenda bastante grande que fizemos já no final do ano. Vamos ter que plantar, porque está tudo encomendado e não temos escolha de continuar ou não. Acho que é isso que é um bocado chato”, vincou.

À semelhança, Carlos Lopes, agricultor no Planalto Mirandês e técnico das Arribas do Douro, também mostrou descontentamento com a decisão abrupta do Ministério da Agricultura:

Carlos Lopes, é agricultor no Planalto Mirandês e técnico das Arribas do Douro, também mostrou descontentamento com a decisão abrupta do Ministério da Agricultura. "Já tinha comprado sementes, tanto de inverno como de primavera, e agora, a meio da campanha, mudam-se as regras", disse. Para ele, a falta de apoios põe em risco a sobrevivência das explorações, já que o “fundo maneio dos agricultores é quase nulo”.

Em comunicado, a Confederação Nacional de Agricultores expressou preocupação com os impactos financeiros nos pequenos e médios agricultores, devido aos custos elevados dos fertilizantes, sementes e combustível. Pedro Santos, dirigente da CNA, critica o governo por ter tomado esta decisão de forma “abrupta”, numa altura em que muitos agricultores já tinham planeado e investido nas suas produções, com base nos apoios que esperavam receber.

“Os agricultores já procederam às sementeiras, às compras que são necessárias, às próprias certificações por estarem neste modo. E o atual governo, através de uma orientação técnica, que nem sequer é uma portaria, mudou o grupo de apoio destas culturas e que resulta num corte dos apoios dos agricultores que estavam à espera. Isto quer dizer, não é forma de trabalhar, não é forma de dar previsibilidade aos agricultores e mais uma vez, sem ser discutido com os setores, com os agricultores, fomos todos surpreendidos por isto e consideramos que esta orientação técnica deve ser reformulada”, disse.

Pedro Santos afirma que a CNA sempre se mostrou disponível para conversas e criar condições de melhor controle, mas apela a que seja feito de forma “atempada”, ou seja, antes da campanha começar e ter em conta determinadas especificidades de cada agricultura e área.

Por isso, a CNA e os agricultores pedem que o Ministério da Agricultura volta atrás na sua decisão e que os cortes, a serem feitos, que seja de forma “equilibrada”.

Escrito por Brigantia 
Jornalista: Cindy Tomé

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