O Governo de Portugal decidiu decretar três dias de luto nacional pela morte do Papa Francisco, acontecida no dia 21 de Abril e que suscitou homenagens no mundo inteiro.
A Associação 25 de Abril, embora não aceite que um Estado laico tome esta decisão devido à morte de um chefe religioso, no caso presente da Igreja Católica, não questiona a declaração de luto nacional, por três dias, pela morte de um Chefe de um Estado amigo, por mais inédita que possa ser.
Lamenta, contudo, que a decisão se concretize na escolha do período desse luto, aliás muito divergente ao procedimento que o próprio Estado do Vaticano pratica – o luto no Vaticano só se iniciará após o funeral do Papa Francisco…
Essa decisão do Governo de gestão português fez com que o período de luto atinja o dia 25 de Abril, dia em que Portugal festeja o acontecimento que lhe abriu as portas à liberdade, ao fim de uma longa guerra e ao início da paz, mas também à construção do actual regime democrático e de direito, que vigora em Portugal há mais de 50 anos. Decisão que constitui uma enorme surpresa, porque contrária à vontade dos portugueses que teimam em celebrar todos os anos a passagem de cada aniversário do “dia inteiro inicial e limpo, onde emergimos da noite e do silêncio”, como afirmou Sophia de Mello Breyner.
Perante as declarações do Governo, ao afirmar que os seus membros não participarão em actos previstos de comemoração dos 51 anos do 25 de Abril, não podemos deixar de o questionar sobre quais os actos previstos em que deixará de participar.
O facto é que desconhecemos que, para além da sessão solene na Assembleia da República, onde o Governo se limitará a fazer o papel de corpo presente, existam quaisquer outros actos comemorativos oficiais, com uma prevista participação do Governo.
Convictamente, afirmamos:
Se o Papa Francisco fosse um militar português em 1974 decerto seria um Capitão de Abril, porque toda a sua vida e todo o seu percurso apostólico se fundamentaram na defesa da Liberdade, Paz, Democracia, Igualdade e Justiça Social.
Se fosse civil, o Papa Francisco seria sempre um cidadão, um Homem de Abril.
O que o levaria sempre a comemorar o 25 de Abril.
Pela sua natureza pessoal, fortemente demonstrada numa vida onde nunca se escondeu, o Papa Francisco, amante da alegria e da festa, fá-lo-ia sempre com a alegria que o povo português traz para as ruas em todos os aniversários da data que assumiu plenamente como sua.
Francisco, para os que acreditam na vida eterna, estará certamente desgostoso e triste pelas faustosas cerimónias fúnebres que o Vaticano não deixa de promover, mas certamente ficaria não menos triste, ao constatar que, em seu nome e com o pretexto de uma falsa e oportunista homenagem, há quem queira condicionar as festas da celebração de um acto de Liberdade e de Paz, que certamente ele teria toda a honra em poder protagonizar em vida.
Estamos certos que o Governo terá a sua devida resposta, da parte dos portugueses que, respeitando a memória de Francisco, festejarão mais um aniversário do dia que lhes garantiu e garante a Liberdade, a Paz e a Democracia.
Enquanto democratas e membros da Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril, convidamos e exortamos todos, todos, todos, a participarem no Desfile Popular a realizar na Avenida da Liberdade em Lisboa na tarde do 25 de Abril. Como exortamos todos, todos, todos, onde quer que estejam, a comemorarem o 25 de Abril com a alegria e o entusiasmo que certamente o Papa Francisco gostaria de ver.
25 de Abril, sempre!
Descanso em Paz, a Francisco!
Viva Portugal!
O Presidente da Direcção
Vasco Lourenço
Vasco Lourenço

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