segunda-feira, 30 de junho de 2025
Mirandela prepara-se para celebrar as 𝐅𝐞𝐬𝐭𝐚𝐬 𝐝𝐚 𝐂𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐞 𝐝𝐞 𝐍. 𝐒𝐫𝐚. 𝐝𝐨 𝐀𝐦𝐩𝐚𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝟐𝟎𝟐𝟓. De 𝟐𝟓 𝐝𝐞 𝐣𝐮𝐥𝐡𝐨 𝐚 𝟎𝟑 𝐝𝐞 𝐚𝐠𝐨𝐬𝐭𝐨, a cidade do Tua recebe mais de 40 espetáculos gratuitos.
𝐏𝐞𝐝𝐫𝐨 𝐀𝐛𝐫𝐮𝐧𝐡𝐨𝐬𝐚 & 𝐃𝐢𝐨𝐠𝐨 𝐏𝐢𝐜̧𝐚𝐫𝐫𝐚, 𝐏𝐫𝐨𝐟𝐉𝐚𝐦, 𝐃𝐚𝐯𝐢𝐝 𝐀𝐧𝐭𝐮𝐧𝐞𝐬, 𝐉𝐨𝐬𝐞́ 𝐀𝐥𝐛𝐞𝐫𝐭𝐨 𝐑𝐞𝐢𝐬, 𝐌𝐚𝐧𝐢𝐧𝐡𝐨, 𝐀́𝐭𝐨𝐚, 𝐉𝐨𝐚𝐧𝐚, 𝐌𝐮𝐧𝐝𝐨 𝐒𝐞𝐜𝐫𝐞𝐭𝐨, 𝐅𝐞𝐫𝐧𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐂𝐨𝐫𝐫𝐞𝐢𝐚 𝐌𝐚𝐫𝐪𝐮𝐞𝐬 𝐞 𝐁𝐚𝐭𝐞𝐮 𝐌𝐚𝐭𝐨𝐮 são alguns dos artistas que integram a programação de umas das maiores festas do país.
Consulte toda a programação AQUI.
Comboio Turístico 2025
As partidas ocorrerão no Castelo de Bragança no periodo da manhã, às 10h00 e 11H00 e no periodo da tarde da Avenida João da Cruz, às 15h00 e 16h00.
30% de área arborizada reduz mais de 60% das horas de calor extremo nas cidades
A mitigação do calor extremo e do escorrimento das águas da chuva pela superfície do solo aumenta se for ampliada a área ocupada por infraestruturas verdes urbanas, nomeadamente a área arborizada em zonas residenciais.
Os impactes positivos do aumento das infraestruturas verdes urbanas nos microclimas e na hidrologia são corroborados pelo artigo “Mitigation potential of urban greening during heatwaves and stormwater events: a modeling study for Karlsruhe, Germany”, publicado na revista Nature, que modelou e quantificou o efeito potencial deste aumento na mitigação dos efeitos das ondas de calor e das inundações pluviais – e a sua relação com as situações de seca –, na cidade alemã de Karlsruhe.
Esta é uma cidade do sudoeste alemão, com 173,4 km2, que abrangem 27 freguesias ou zonas residenciais e onde vivem cerca de 304 mil habitantes. Com um clima temperado e níveis elevados de humidade, é caracterizada por verões quentes e invernos amenos. Apesar de ter a norte uma zona mais florestada, nenhuma das zonas residenciais conta com 30% de área arborizada.
Refira-se que 30% de zonas verdes, em especial arborizadas, é a percentagem que tem sido indicada como referência base em termos de adaptação urbana às alterações climáticas. Esta percentagem é um dos requisitos da Regra dos 3-30-300, proposta por Cecil Konijnendijk, co-fundador do Nature Based Solutions Institute, que estabelece que:
– Cada cidadão deve ver pelo menos três árvores a partir da sua casa, local trabalho ou de estudo.
– Cada bairro deve ter 30% da sua área coberta por copas de árvores.
– A distância máxima até ao principal espaço verde público mais próximo não deve ultrapassar os 300 metros.
Estes são considerados os critérios mínimos de bem-estar para o acesso à natureza nas cidades. Foi, por isso, a percentagem indicada para o bairro que o estudo simulou, considerando o aumento necessário de área arborizada em cada freguesia para chegar aos 30%. Por cada 1% adicional de cobertura arbórea, os investigadores consideraram também um acréscimo de 0,67% na área de solo permeável.
Redução das temperaturas que põem em risco a população mais vulnerável
As conclusões indicam que a implementação destes 30% de área arborizada nas 27 zonas residenciais poderia levar, em média, à redução em 64,5% do número de horas anuais com Índice de Calor superior a 31° C. Esta é a temperatura a partir da qual aumentam significativamente os riscos de saúde para a população, em particular o risco de mortalidade para a população idosa, mais vulnerável aos efeitos destas horas de calor extremo.
Aumentar a fração de cobertura arbórea pode reduzir a temperatura em diferentes graus consoante o período do dia, refere o estudo, que indica reduções de até:
5,5 °C entre a meia-noite e as 6 horas da manhã;
1,9 °C entre as 6 da manhã e o meio-dia;
4,0 °C entre as 12 e as 18 horas;
4,7 °C entre as 16 e as 24 horas.
Adicionalmente, ao diminuir o aquecimento das superfícies impermeabilizadas (como as estradas, que retêm a água à superfície) ao longo do dia, o efeito da sombra proporcionado pelas copas das árvores estende-se de modo indireto ao período noturno. Como estas superfícies absorvem menos radiação durante o dia, as emissões (ondas de radiação longas emitidas a partir da superfície terrestre) durante a noite são também menores, o que promove uma diminuição mais acentuada da temperatura.
Aumento da área arborizada promove infiltração
Considerando que o aumento da área arborizada é acompanhado pelo incremento da área de solo permeável, não é de estranhar que as simulações efetuadas indiquem também um contributo para a redução do escoamento superficial e uma promoção da infiltração, o que reduz as inundações durante fenómenos de chuvas intensas. Os resultados apontam para uma redução média de 58% no volume de escorrência superficial nos 27 bairros da cidade onde decorreu o estudo.
A influência das condições prévias de secura foi também analisada e, no caso do escoamento das águas pluviais, a infiltração de água no solo quando há secura é superior à que acontece quando o solo e as copas já estão húmidos. No entanto, este efeito pode ter uma importância marginal, referem os investigadores, uma vez que as condições de saturação do solo são raras (ocorrem apenas em altura de elevada precipitação) e os solos não saturados tendem a drenar a uma taxa superior àquela a que ocorre a precipitação.
Já na variação das temperaturas, o efeito da secura prévia é inverso: reduz a mitigação do calor proporcionado pelas árvores durante períodos muito quentes.
Modelo quantificável e aplicável a praticamente qualquer cidade
Embora vários destes benefícios das zonas verdes urbanas sejam já reconhecidos, até agora não tinham sido quantificadas as relação causa-efeito da sua presença e aumento em bairros com diferentes densidades populacionais.
Foi isto que fez a equipa multidisciplinar de investigadores que realizou este estudo, quantificando o efeito do aumento da infraestrutura verde urbana (da área arborizada e das zonas permeáveis) na redução do calor extremo e do escoamento pluvial.
A equipa desenvolveu uma estrutura de análise capaz de avaliar os serviços de ecossistema inter-relacionados com a humidade do solo e a sua influência na mitigação do escoamento das águas pluviais e do calor extremo, em diferentes cenários climatológicos e de cobertura do solo.
Usou o modelo hidroclimático integrado i-Tree HydroPlus, que lhe permitiu simular diferentes cenários – reais e projetados – partindo de dados de precipitação e temperatura (entre outros) relativos a cinco anos (2017-2021). Adicionalmente, realizou trabalho no terreno para avaliar e medir fenómenos reais de calor elevado e de chuva intensa.
Embora o estudo esteja indexado às condições específicas da cidade analisada, os seus princípios e metodologia podem ser extrapolados a outras cidades, adaptando as estratégias às respetivas condições climáticas, geográficas e sociodemográficas.
“A experiência adquirida deverá servir para ilustrar opções de análise e gestão aplicáveis à maioria das cidades”, refere o artigo, sublinhado que o modelo de hidroclimatologia aplicado pode ser utilizado para, com base no balanço hídrico e energético à escala da cidade, avaliar em que medida a área arborizada pode reduzir o calor extremo e o escoamento de águas pluviais.
O estudo reforça que as infraestruturas verdes devem ser integradas no planeamento urbano e desenhadas estrategicamente, a partir da análise da ocupação do solo, da cobertura arbórea e dos níveis de impermeabilização dos bairros residenciais, com o objetivo de reduzir estes fenómenos meteorológicos extremos prejudiciais à resiliência das cidades e à saúde das suas populações.
Lembra ainda que é necessária esta abordagem integrada para saber quais os locais (bairros) onde é prioritário implementar projetos de infraestruturas verdes que reforcem os serviços dos ecossistemas e que esta abordagem deve também privilegiar os locais onde se encontra a maioria da população vulnerável, que poderá retirar maiores benefícios de saúde destas intervenções.
HUGO RIBEIRO E ANGÉLICA ANDRÉ FORAM OS VENCEDORES DO OPEN DE PORTUGAL MIRANDELA 2025
Hugo Ribeiro do C.P Ferreira Zêzere voltou a destacar-se e sagrou-se campeão de Portugal dos 5 km em Mirandela e realizou a prova em 55.44,9 minutos. A Gustavo Marques foi atribuído o segundo lugar e a Filipe Cardoso o terceiro.
Nas provas femininas a grande vencedora foi Angélica André do FC Porto, que realizou a prova em 57.55,2. Helena Rodrigues e Joana Cardeal alcançaram o segundo e terceiro lugares, respetivamente.
A competição foi composta por uma prova no período da manhã, a prova de 5 kms e a prova de 750 metros que estava prevista para o período da tarde foi cancelada.
A competição foi organizada pela Federação Portuguesa de Natação em parceria com o Município de Mirandela e a Associação Regional de Natação do Nordeste.
Este evento permite evidenciar o potencial do Rio Tua e de Mirandela para a realização de atividades de desporto ao ar livre, bem como para competições nacionais.
MALHADAS, EM MIRANDA DO DOURO , ACOLHE CONCURSO CONCELHIO DE BOVINOS DE RAÇA MIRANDESA E CHEGA DE TOUROS 2025
O programa foi organizado pelo Município de Miranda do Douro em conjunto com a ACBRM – Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa, sob a orientação técnica da DGAV e da Direção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes. O evento teve como objetivo uma estratégia de dinamização sociocultural, decorrente do reconhecimento da raça como conservação da identidade mirandesa.
O encontro, juntou criadores de Bovinos da Raça Mirandesa de todo o concelho, com o objetivo de incentivar os agricultores a continuarem a trabalhar e estimular a produção de animais, que leva a uma produção de carne de qualidade, com denominação de origem protegida (DOP).
O município, pretende manter e proteger as Raças Autóctones, salvaguardando os métodos tradicionais de produção, que são passados de geração em geração, garantindo a sobrevivência dos padrões de qualidade e exigência, que são um marco importante no património e identidade de Miranda do Douro.
14.ª EDIÇÃO REDBURROS FLY-IN JÁ TEM DATA MARCADA
O dia vai começar cedo, no Aeródromo Municipal de Mogadouro com a movimentação de aeronaves. Porém, o espetáculo acrobático terá lugar na área do Castelo de Mogadouro a partir das 14h00.
O show é gratuito para pilotos e público em geral. As principais atrações são as Patrulhas Acrobáticas Nacionais, paraquedismo e animação em terra e no ar.
ERVEDOSA RECEBEU A XXV FEIRA DOS PRODUTOS DA TERRA
O certame já conta com 25 edições e é um evento de grande importância para a freguesia e para o concelho, promovendo os produtos locais, a gastronomia tradicional e o convívio entre a comunidade. Um dos objetivos é a dinamização de territórios de baixa densidade, a valorização da produção local e a preservação das tradições culturais.
Durante o dia, os visitantes puderam desfrutar de um programa diversificado que incluiu um concurso de doçaria, almoço comunitário, tarde recreativa e animação musical com o rancho folclórico, gaiteiros da região, concertinas, atuação do artista Manuel Campos, da Banda Filarmónica de Rebordelo e o tradicional baile com a Banda Mega Watt.
FREIXO DE ESPADA À CINTA RECEBEU INICIATIVA DOURO ON2WHEELS ESTE SÁBADO
A 3.º edição de Douro On2Wheels aconteceu nos dias 28 e 29 de junho. Guiados pelas propostas do projeto Passaporte Douro, a organização desafiou os mototuristas a desfrutarem de um percurso circular pela região, com passagem e controlo em pontos de interesse (Carimbo do Passaporte).
Centenas de mototuristas chegaram concelho de Freixo de Espada à Cinta, entre o fim da manhã e o inicio de tarde de sábado, dia 28 de junho, e tiveram oportunidade de carimbar o Passaporte Douro e receber uma simbólica lembrança oferecida pelo Município de Freixo de Espada à Cinta.
Durante os dois dias o Douro On2Wheels, percorreu 540 quilómetros, passando pelos 19 Municípios da Comunidade e atravessou 3 Patrimónios da Humanidade, tendo como grande objetivo homenagear o Douro, levando os participantes à descoberta da paisagem, cultura, património e gastronomia durienses, bem como promover o convívio.
IPSS que prestam serviço domiciliário no Interior vão receber mais apoio
As instituições que prestam serviço de apoio domiciliário, no Interior do país, vão receber mais apoio por parte do Estado, já que percorrem centenas de quilómetros para o fazer.
A promessa foi deixada pela secretária de Estado da Ação Social, Clara Marques Mendes, que esteve, no sábado, no concelho de Bragança. “No último acordo de cooperação que foi celebrado com os representantes do setor social tivemos a preocupação de fazer essa diferenciação, que vai começar a fazer-se sentir nos pagamentos. Temos consciência de dificuldades acrescidas que há, designadamente a questão das deslocações. Portanto, nós entendemos que, efetivamente, temos de estar ao lado das instituições porque elas estão sempre ao lado das pessoas”.
A governante esteve em Espinhosela, na celebração dos 30 anos do Centro Social e Paroquial Santo Estevão. O presidente da direção, padre Bruno Dias, assinala que as respostas ali prestadas, serviço de apoio domiciliário e centro de dia, são fundamentais para atrasar a institucionalização e, por isso, os apoios são fundamentais. Aqui, vendo as nossas distâncias, demoramos a chegar e fica-nos longe. Isso pesa no desgaste dos carros e nas contas. E era bom termos em atenção que há idosos que querem ficar em suas casas e que querem e precisam dos nossos serviços”.
Nos últimos dias, nas redes sociais, foram muitas as vozes de protesto, por causa da construção de balneários para a comunidade cigana de Penhas Juntas, no concelho de Vinhais. Clara Marques Mendes assinalou que a sociedade não se pode esquecer que há fiscalização e que os apoios sociais não são dados apenas porque são pedidos. “Não nos vamos desviar deste caminho e vamos continuar a distribuir aquilo que tem de ser distribuído. A desinformação é combatida com todos os agentes políticos a estar mais próximos da sociedade e a ajudar a passar a informação real. Não podemos deixar de acolher. Somos um Estado social, que não pode deixar de ajudar quem precisa”.
A secretária de Estado esteve no sábado, no concelho de Bragança.
Feira de São Pedro de portas abertas até domingo
Celebrando os 40 anos de feira, este ano há várias novidades, como sendo um espaço gamming, para atrair os mais jovens, sem perder a sua essência, vocacionada para o sector agrícola, esclareceu Benjamim Rodrigues, presidente da câmara de Macedo de Cavaleiros. “A nossa política não é, propriamente, investirmos tanto dinheiro nesta feira. Não é que ela não mereça, é por uma questão de contenção de custos. Obviamente que, ao inovarmos e querermos uma festa grande, tivemos de aumentar o investimento, até porque dirigimos um setor de uma nave para a juventude”.
A feira, este ano, é dedicada à água. O espaço que irá acolher o seminário foi reformulado, o que fez com que se reduzisse ao número de expositores. “Quisemos um salão mais arejado e diminuímos cerca de 60 expositores. Andaremos à volta de cem expositores este ano”.
Luísa Diz, de Vimioso, é uma das artesãs presentes na feira, que decorre até dia 6. Participa pela terceira vez e está com grandes expetativas no que toca a vendas. “Faço mala em fio torcido, ráfia e pano. Tenho uma loja em Vimioso. Das outras vezes não tive queixa no que toca a vendas. Gosto de fazer as feiras, não só por vender mas também pelo convívio”.
Paula Noira, de Mirandela, participa há vários anos. Assinala que quando o cartaz musical é bom há muita gente e, por isso, bons negócios. “Depende do ano e dos cantores que aqui vêm. Se forem bons vem gente… se não forem não vem tanta”.
A Feira de São Pedro abriu portas no sábado, dia em que subiu a palco Daniela Mercury. Hoje é a vez de Emanuel cantar em Macedo de Cavaleiros. Amanhã sobem a palco os Calema mas a festa só termina no domingo, com o dia do agricultor e com a atuação de Cristiana Pereira.
Expo Vila 4.0 acontece de 10 a 13 de julho e terá lotação esgotada com expositores
Decorre de 10 a 13 de julho a quarta edição da Expo Vila. O certame de valorização da economia local e da cultura regional, recebeu, este ano, mais de 200 inscrições. O presidente da câmara de Vila Flor, Pedro Lima, diz que a procura se deve ao sucesso da feira. “Em termos de espaço, estamos completamente lotados, em todas as áreas. Tivemos muito mais pretendentes aos espaços do que espaços existentes. É uma prova de que a Expo Vila está a ser muito solicitada porque, com certeza, que as últimas três edições foram de sucesso. As pessoas só voltam quando gostaram e quando realizaram negócio”.
Para os dias de feira, a hotelaria, em Vila Flor, está esgotada e, por isso, o certame traz também um grande retorno aos concelhos vizinhos. “Já não se consegue onde comer e onde dormir em Vila Flor, nesses dias. Durante a Expo Vila enchemos Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Alfândega da Fé, Mirandela. A feira é representativa para Vila Flor mas também para os nossos vizinhos”.
A Expo Vila começou há quatro anos, substituindo a Terra Flor. O certame mudou de nome e de espaço. O presidente diz que é uma aposta ganha. “A Terra Flor foi uma promoção territorial, no início inovadora, mas que, depois, foi esmorecendo. A Expo Vila foi uma injeção de adrenalina no coração de Vila Flor”
A feira custa cerca de 400 mil euros à câmara, que espera pagar grande parte deste investimento com os lucros obtidos no aluguer de espaços aos expositores e na bilheteira. A nível musical, no dia 10 sobe a palco Cuca Roseta, dia 11 Nininho Vaz Maia, no dia 12 é a vez de Pedro Abrunhosa e no dia 13 é Barbara Tinoco que canta para Vila Flor. O custo dos bilhetes é de 5 a 8 euros por pessoa. O acesso para os quatro dias fica em 20 euros e ainda há um bilhete especial para famílias.
CAMPO DE FÉRIAS 2025
Prepara-te para viver momentos inesquecíveis, cheios de aventura e aprendizagem.
Durante os Campos de Férias vais adquirir conhecimento, estimular a tua curiosidade, estabelecer uma relação de proximidade e respeito pela natureza, ultrapassar os teus limites e desenvolver competências físicas, psicológicas e sociais. Tudo isto, num só lugar!
Inscrições de 4 a 10 de julho no Balcão Único.
🌿CAMPANHA DE SENSIBILIZAÇÃO DA RESÍDUOS DO NORDESTE E MUNICÍPIO
A Resíduos do Nordeste e o Município de Vila Flor têm 30 compostores para oferecer gratuitamente! Este projeto de educação ambiental promove a compostagem doméstica e comunitária, contribuindo para:
- A redução dos resíduos enviados para aterro
- A valorização de restos alimentares e de jardim
- Um ambiente mais sustentável
- Reduza os resíduos e produza fertilizante natural para o seu jardim!
- Inscrições obrigatórias e limitadas ao número de compostores disponíveis (30).
- A entrega inclui também um guia de compostagem para ajudar no processo.
Inscreva-se AQUI.
MAU TEMPO CAUSA PREJUÍZOS NAS CULTURAS E NAS HORTAS COMUNITÁRIAS DA EPA DE CARVALHAIS
Cerca de meia hora de trovoada que trouxe chuva, granizo e vento foi o suficiente para estragar o trabalho de muitas horas de quem tem as hortas comunitárias em Carvalhais. "Houve um temporal com pedras, com granizo, como bolas de ping-pong, durante cerca de meia hora. Nunca vi uma coisa assim, embora natural da Angola e de ter visto lá vários temporais tropicais, como aqui nunca vi.
Destruiu completamente as hortas, não há aproveitamento possível de qualquer hortaliça ou verdura, e não só nas hortas, mesmo nas árvores de fruto, figueiras, destruiu completamente tudo, assegura João Ribeiro, um dos utilizadores daquelas hortas.
Também outras culturas pertencentes àquela escola profissional foram muito afetadas. "As nossas culturas que tínhamos no outro espaço, em frente às hortas comunitárias, sobretudo abóboras, melancias, melões, as próprias batatas que vamos ter que fazer a apanha o mais breve possível, depois de deixar secar o solo, porque foi um prejuízo muito grande que tivemos", revela o diretor da EPA de Carvalhais.
"As hortas comunitárias estão completamente degradadas, todas as várias culturas agrícolas que lá estavam infelizmente também sofreram danos muito grandes. As pessoas estão com tanto trabalho a ver as suas coisas e as suas plantações, iam agora recolher todo o trabalho e depois vir assim uma intempérie num domingo ao final da tarde, como é evidente, ninguém pode ficar satisfeito", lamenta Marcelino Martins.
domingo, 29 de junho de 2025
sábado, 28 de junho de 2025
A 27 de junho de 1976, os portugueses elegeram pela primeira vez em democracia, e por sufrágio direto e universal, o Presidente da República.
Em Évora, durante um comício, enfrentou tiros e manteve-se firme de pé num carro descapotável, em defesa da liberdade e da participação cívica.
Com o apoio do PS, PSD e CDS, e com um discurso centrado na responsabilidade, Eanes obteve 61,59% dos votos, tornando-se o primeiro Presidente eleito em democracia e, com apenas 41 anos, o mais jovem a ocupar o cargo desde a fundação da República.
HÁ TARDES ASSIM
Há tardes que chegam descalças, pousam os passos leves no soalho gasto do tempo, encostam-se à janela, escutam o silêncio das memórias, e fazem do entardecer um colo onde repousam as saudades. Nessas tardes, tudo parece estar no seu lugar — o relógio não corre, a alma não pesa.
Outras vezes a tarde chega, nervosa, ansiosa, e espalha rebeldia pelos cortinados de casa, como se os ventos de dentro quisessem rasgar os tecidos da rotina.
Há qualquer coisa de estranho nessas tardes— um cheiro de chuva distante, um eco de risos que já não se ouvem. Os móveis parecem confidenciar entre eles, e o ranger das paredes murmura nomes que deixámos de dizer em voz alta. Nessas horas, a realidade veste-se de névoa e os pensamentos escorrem pela penumbra.
Hoje, senti a tarde, sentar-se ao meu lado. Cobriu-me com uma manta de silêncio, despenteou-me as certezas, e acordou fantasmas adormecidos.
As tardes, têm destas manias: vestem-se ora de ternura, ora de tempestade. E eu, frágil marinheira do próprio peito, deixo-me levar, embalada, ou naufragada, entre o que foi, o que não foi, e o que gostaria que tivesse sido.
No fundo, a tarde só quer ser ouvida. E eu, tão humana, só quero recordar, mesmo que doa, mesmo que passe.
Maria da Conceição Marques, natural e residente em Bragança.
Tempo das Profecias
As cidades têm ruas e casas, avenidas, becos, gente anónima, gente feliz, gente que morre de tristeza, gente com pão e gente que conta os cêntimos na imensidão dos meses que não têm fim.
As cidades têm loucos que sorriem e bêbados que se embebedam para, ao entardecer, poderem dizer todas as verdades que nenhum santo disse, e gritarem aos transeuntes que acordem e se convertam… o fim do mundo está perto…
Depois bebem mais e mais, no aconchego da taberna… que nostalgicamente resiste entre a sueca, o chincalhão e dois copos dos últimos clientes.
As cidades têm gente muito séria que passa pela vida sem pecado original… vão à missa das seis… ao mês de Maria… à reunião da comissão política do partido… e são gente de bem… e tão felizes...
…Depois morrem… e talvez sorriam… pela primeiríssima vez… talvez sorriam da pasmaceira da vida da gente séria…
As cidades a nordeste envelhecem… e Deus perpassa por entre o silêncio…
E um dia, as casas, as ruas, os becos, as avenidas serão somente ruas, casas, becos e avenidas…
E não haverá nem gente feliz, nem gente triste, nem ricos, nem pobres, nem gente séria…
Somente a cidade e o silêncio.
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
"ALTARES DE PALAVRAS E FUMO"
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
Há um cenário urbano contemporâneo. Um mundo movimentado. E uma vida quotidiana a desenrolar-se com pressa e sem distração. Não é um palco de grandes heróis. Apenas uma humanidade que anda perdida. Uma humanidade ausente de uma qualquer direção com um brilho que seja mais forte do que a luz dos seus tantos dispositivos.
E eis a terra fértil de inquietações onde nascem os gurus de si mesmos. Distribuidores gratuitos de palavras generosas a qualquer alma que ouse respirar sem um entusiasmo contagiante. Ali está ele ou ela, no café da esquina, no escritório ao lado, no jantar dos amigos, o colega de trabalho, a vizinha simpática, o parceiro inesperado da fila do supermercado, o parente cheio de opiniões, a amiga sonsa. O pregador da felicidade instantânea, disponível para curar o mundo, não porque o mundo lhe pediu para ser curado, mas porque há algo de profundamente terapêutico em cuidar das dores dos outros enquanto se ignoram as próprias ruínas.
Diante de qualquer situação menos boa que diga respeito a terceiros, as suas antenas omniscientes erguem-se captando, de imediato, o que julgam ser o "verdadeiro" problema e, com a confiança de quem nunca tropeçou, ou a sábia experiência de uma vida aos tropeções, desfilam prognósticos, conselhos e soluções como se o mundo fosse um puzzle que só a sua superior inteligência sabe montar ou desmontar.
Diagnosticam e apontam a infelicidade com a precisão de uma roleta e infelizes são todos os que não seguem os seus certeiros conselhos transformadores.
“Ama-te mais”, “sê a tua melhor versão”, “o que precisas está dentro de ti”, “o teu propósito é tudo”… Ai quanto alívio, dizem eles, se os outros se entregassem à simplicidade destes seus mantras pré-fabricados, reciclados e infalíveis e das promessas de que o universo, elemento em voga, conspira sempre a favor de quem pensa positivo, rodeado de boas vibrações. Afinal, é tudo uma questão do mindset adequado e a felicidade é só um estado de espírito, já ali, ao virar da esquina!
E há toda uma espiritualidade secreta por trás dos cânticos sagrados destes especialistas, não no autoconhecimento, mas no conhecimento profundo das fissuras alheias. Observam com olhos aguçados as rachadelas das vidas de quem os cerca e, como sábios profetas que se julgam, decretam soluções com a autoridade de quem nunca se engana. Os mestres prontos a iluminar o caminho de quem nunca pediu para ser iluminado, num ato de promoção pessoal disfarçado de compaixão. O passatempo insaciável de quem transforma cada interação num púlpito!
São tantos os messias das almas perdidas! E quem precisa de olhar para dentro quando a vida imperfeita dos outros é tão mais fácil de resolver? A beleza tragicómica desta compulsão para restaurar o que não lhe pertence, motivada por uma genuína - e equivocada - certeza de soberania!
Por isso, um dia, num desses encontros metafóricos que acontecem por obra do acaso, alguém perguntou a um dos mestres: “Mas e tu, és feliz?”. “Não sou, mas posso parecer! Afinal, vivemos na era dos sacerdotes da pequena glória e a vida é um teatro sublime, um espetáculo de proporções divinas!”.
Saberão eles que é tão fácil, aos mais atentos, reconhecer no brilho dos seus olhos a exaustão de quem não pratica nem vive o que prega? A fachada do conhecimento, da confiança, do bom senso e da retidão, a esconder amargas e profundas inseguranças?
Há algo de poeticamente irónico nestes salvadores das gentes que os rodeiam: a maioria deles não consegue encontrar o próprio caminho nem com uma bússola. Um detalhe particularmente interessante é que a sua luz não parece iluminar muito bem as suas próprias sombras. As suas vidas são um mosaico de escolhas pessoais erradas e de problemas emocionais não resolvidos. Generosidade curiosa, esta, de tentar salvar os outros enquanto o próprio barco tem um rombo de grandes dimensões, sem solução à vista!
Afinal, talvez a suposta preocupação e ajuda sejam menos altruísmo e mais uma anestesia para as próprias dores. Porque, verdade seja dita, é muito mais fácil constatar os defeitos alheios do que se encarar ao espelho. É muito mais fácil pregar a virtude, a honra e a empatia, do que colocar os olhos e a atenção no seu próprio caos. É infinitamente mais fácil proclamar o amor universal do que lidar com o facto de nunca ter sido amado verdadeiramente por alguém e nem sequer ter conseguido, alguma vez, amar-se a si mesmo. Mas a “sapiência” deste mais comum dos mortais é acreditar que isso não importa, pois se pensa dizer as coisas certas com arrojo suficiente, até a própria incoerência lhe soa como verdade! E quem precisa de confrontar os seus abismos quando há tanto trabalho a fazer na alma do vizinho?
Na ausência de um propósito claro para as suas vidas, autoproclamados voluntários nos propósitos humanos, a pregarem o desapego e a leveza, estes apóstolos da bem-aventurança, tão necessitados de se sentirem úteis e indispensáveis, mas reféns do seu desejo íntimo de aprovação e aplauso, vão continuando a sua dança para serem admirados e, principalmente, invejados. “Que pessoa sensata!”, alguém murmura, e o ego do iluminado cresce uma fração invisível. Demasiado ocupados a erguer catedrais de aparência, são prisioneiros num ciclo de vaidade, onde o reconhecimento por parte do outro é a única coisa que valida as suas existências.
Mas quando as luzes da ribalta se apagam e as telas ficam escuras, a vida continua indiferente ao brilho que os seus egos tentaram emular.
O tempo, como sempre, é o juiz mais honesto. Os conselhos dados com tanta certeza, as certezas cheias de superioridade, tudo isso desaparece no ar como fumo de um incêndio esquecido. As pessoas que um dia ouviram esses gurus da sabedoria continuam a seguir o seu caminho, com ou sem as respostas por eles oferecidas, e assim seguem adiante, acumulando novas estórias para interpretarem e novas dores para explicarem.
Porque, no final, o mundo é um palco demasiado grande para atores tão pequenos. Pois o que existe para aplaudir, quando a ovação é o som mais desnecessário? Quem sabe, um dia entendam, numa qualquer nota de rodapé do livro infinito da história humana, estes senhores das frases feitas que soam a máximas milenares, das poses, das observações quase divinas, que a fé não é uma marca registada sob o nome de alguém, assim como a felicidade, sobretudo a alheia, não é um projeto que eles possam completar. A vida e o seu percurso são compostos por valores que se pretendem ser sentidos por cada um, na luz e escuridão que a cada um pertencem. E resta apenas o que sempre esteve ali: uma pessoa comum, com os seus medos e esperanças.
Talvez aceitem um dia, estes iluminados, as escuridões - as deles e as de todos. E que aqueles silêncios desconfortáveis, mas repletos de significados, sejam mais úteis do que qualquer um dos seus conselhos mal formulados. E percebam eles que o maior ato de bondade não é salvar o outro da sua vida, mas simplesmente caminhar ao lado dele, ao mesmo ritmo. Porque o imperfeito, mas real, por si só, já é perfeitamente suficiente.
… E era uma vez uma humanidade que andava perdida, desintegrada no silêncio do tempo, como pó levado pelo vento.
Paula Freire - Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal.
Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e do Autoconhecimento, bem como à prática de clínica privada.
Filha de gentes e terras alentejanas por parte materna e com o coração em Trás-os-Montes pelo elo matrimonial, desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, onde se descobre nas vivências sugeridas pelos olhares daqueles com quem se cruza nos caminhos da vida, e onde se arrisca a descobrir mistérios escondidos e silenciosas confissões. Um manancial de emoções e sentimentos tão humanos, que lhe foram permitindo colaborar em meios de comunicação da imprensa local com publicações de textos, crónicas e poesias.
O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021, “Cultura Sem Fronteiras” (coletânea de literatura e artes) e “Nunca é Tarde” (poesia), e da obra solidária “Anima Verbi” (coletânea de prosa e poesia) editada pela Comendadoria Templária D. João IV de Vila Viçosa, em 2023. Prefaciadora dos romances “Amor Pecador”, de Tchiza (Mar Morto Editora, Angola, 2021), “As Lágrimas da Poesia”, de Tchiza (Katongonoxi HQ, Angola, 2023), “Amar Perdidamente”, de Mary Foles (Punto Rojo Libros, 2023) e das obras poéticas “Pedaços de Mim”, de Reis Silva (Editora Imagem e Publicações, 2021) e “Grito de Mulher”, de Maria Fernanda Moreira (Editora Imagem e Publicações, 2023). Autora dos livros de poesia: Lírio: Flor-de-Lis (Editora Imagem e Publicações, 2022) e As Dúvidas da Existência - na heteronímia de nós (Farol Lusitano Editora, 2024, em coautoria com Rui Fonseca).
Em setembro de 2022, a convite da Casa da Beira Alta, realizou, na cidade do Porto, uma exposição de fotografia sob o título: "Um Outono no Feminino: de Amor e de Ser Mulher".
Atualmente, é colaboradora regular do blogue "Memórias... e outras coisas..."- Bragança e da Revista Vicejar (Brasil).
Há alguns anos, descobriu-se no seu amor pela arte da fotografia onde, de forma autodidata, aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza.
Depois da chuva, que cheiro é este que sentimos a terra molhada?
![]() |
| Foto: Pedro Pina |
Chove e apercebemos-nos de um odor inconfundível que paira no ar, mas o que provoca afinal esse cheiro e porque é que o identificamos de forma tão imediata? António Gomes da Costa, especialista em comunicação de ciência ligado à Gulbenkian Cultura, nota que a procura de explicações para este enigma começou num passado distante. Já Plínio o Velho, um naturalista da Roma Antiga nascido há cerca de 2000 anos, identificava esse aroma da terra molhada como o resultado da “respiração do Sol e da Terra”.
Apesar do interesse que despertava, foi só em 1964 que o mistério foi finalmente desvendado graças ao trabalho de dois cientistas australianos, Isabel Joy Bear e Richard G. Thomas, que decidiram descobrir qual seria a origem do fenómeno. Os dois “mostraram que se deve a compostos libertados pelas rochas e solos quando molhados pela água da chuva. Deram-lhe o nome de Petricor, a partir do grego “petri” = rocha + e “ichor”, nome dado na mitologia grega ao sangue etéreo dos deuses”, explica António Gomes da Costa.
Os dois cientistas demonstraram que a origem deste cheiro é “claramente biológica”: na sua origem está um composto orgânico batizado de geosmina, produzido em grande parte por microrganismos do género Streptomyces (ou streptomicetos). Esta geosmina, que se acumula no solo em períodos de seca e é depois libertada quando cai a chuva, não é todavia a única responsável. Os streptomicetos produzem igualmente outras substâncias identificadas por Isabel Bear e Richard Thomas, isopropyl metoxipirazina e metil-isoborneol, que contribuem para esse odor.
![]() |
| Foto: Andychoinski/Pixabay |
Quanto à geosmina, por sua vez, não é produzida apenas pelos streptomicetos. Esse papel, acrescenta o mesmo responsável, é desempenhado também pelas “cianobactérias, algumas algas e musgos, a beterraba, alguns fungos e milípedes”. As batatas e ervilhas, aliás, produzem também pirazina. “Não é de admirar que muitas vezes associemos o aroma de ervilhas e batatas a um ‘cheiro a terra’. E essa afirmação ainda é mais notória quando falamos de beterraba!”
Existem outras curiosidades associadas ao petricor. Embora este odor seja reconhecível em qualquer lado do mundo, pois os seus compostos químicos são comuns, não será sempre sentido de forma exatamente igual. “Como qualquer ‘perfume’, o que o nosso nariz deteta é o conjunto de compostos voláteis que se desprende da terra molhada, e que inclui óleos vegetais libertados por folhas e outros compostos produzidos por seres vivos, como fungos, que diferem entre diferentes terrenos e zonas geográficas.”
António Gomes da Costa compara essas variações com o que acontece, por exemplo, com o aroma também inconfundível do chocolate. Sabemos sempre do que se trata, mas o aroma pode ser muito diferente, dependendo do que estiver misturado com o cacau: baunilha, ou avelãs, ou outros ingredientes.
O resultado único da trovoada
Também a trovoada pode influenciar – e muito – o cheiro que sentimos após uma chuvada. O ozono, por vezes produzido durante as descargas elétricas dos relâmpagos, possui um aroma muito próprio que conduz a um resultado “único” quando se une com o odor a geosminas, explica este bioquímico, que enumera ainda outras características das trovoadas que provocam um odor singular a terra molhada.
![]() |
| Foto: diegotankograd/Pixabay |
Em primeiro lugar, estas acontecem muitas vezes em períodos de calor e após períodos de seca, quando já se acumularam muitas geosminas no solo, e dessa forma libertam-se muitos desses compostos aromáticos quando a chuva cai. Essas descargas elétricas são igualmente acompanhadas, em muitos momentos, por chuvadas curtas e fortes, que se despenham em grossos pingos de água. “Isto é o ideal para a chuva penetrar no solo e libertar os compostos aromáticos, e a intensidade e tamanho das gotas de água vai provocar uma grande agitação ao nível do solo e provocar aerossóis carregados de compostos aromáticos; por fim, a duração curta significa que esses aerossóis se podem espalhar e permanecer durante longo tempo no ar.”
Somos super detetores de geosminas
António Gomes da Costa nota ainda que os humanos são “particularmente sensíveis” ao aroma das geosminas, uma vez que temos a capacidade de “detetar a sua presença em quantidades extremamente pequenas, de cinco partes por trilião”. Os cientistas não têm ainda certezas sobre quais serão as causas da nossa forte sensibilidade, mas desconfiam que pode estar relacionada com segurança. É que “as geosminas podem aparecer em alimentos onde microrganismos estão a desenvolverem-se em quantidade e que, portanto, podem estar impróprios para consumo.”
Em contrapartida, lembra o mesmo responsável, “há sem dúvida uma sensibilidade muito grande ao aspeto mais agradável desta substância, o tal cheiro a terra molhada, que pode ser devido a uma relação desenvolvida culturalmente que nos permite identificar uma terra ‘saudável’, ou presença de água após períodos de seca.”
![]() |
| Foto: Paula Côrte-Real |
Ainda assim, não somos os únicos seres sensíveis ao odor das geosminas, que são detetadas por alguns insetos, sabem hoje os cientistas. O cheiro repele algumas espécies, como acontece com as abelhas, “possivelmente porque este composto sinaliza microrganismos potencialmente perigosos”; já alguns mosquitos parecem ficar atraídos, o que poderá dever-se ao facto de se tratar de um sinal de presença de água.
Da próxima vez que se deparar com uma chuvada inesperada e sentir o aroma inesquecível da terra molhada, lembre-se de que este fenómeno aparentemente tão simples e primaveril contém em si o reflexo de um mundo microscópico e singular, complexo e fascinante, que para a ciência tem sido uma fonte de novas perguntas e conhecimentos.
➖➖➖
A série Ciência no Jardim é publicada em parceria com o Jardim Gulbenkian.
➖➖➖
Apresentada a revisão da Estratégia Nacional da Biodiversidade
A proposta de revisão da Estratégia Nacional foi apresentada ontem numa sessão pública no Ministério do Ambiente e Energia, na Sala “O Século”, em Lisboa.
“Está em linha com a versão anterior, detalhando e atualizando informação, integrando a evolução do conhecimento científico, das políticas públicas e dos compromissos ambientais”, segundo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). O novo documento “ambiciona dar resposta às novas realidades ambientais, aos compromissos internacionais, às necessidades nacionais identificadas desde a elaboração da anterior versão em 2018”.
A Estratégia Nacional da Conservação da Natureza e da Biodiversidade 2030 é um documento que enquadra a conservação da natureza e da biodiversidade no país ao longo de 12 anos. Foi publicada em Maio de 2018 através da Resolução do Conselho de Ministros nº55/2018. Veio preencher um vazio desde que a versão anterior, aprovada em Conselho de Ministros a 20 de Setembro de 2001, deixou de estar em vigor, em 2008.
Agora foi apresentada uma revisão, cuja publicação em Diário da República estará para breve, avançou o presidente do ICNF, Nuno Banza, citado pelo Azul. Dez dias depois, a revisão será posta em consulta pública no site do ICNF e no portal Participa durante três meses.
O ICNF adianta que esta actualização, “num contexto de maior urgência climática e ecológica”, contém 33% de novas medidas, 42% de medidas com redação revista e 25% de medidas fundidas.
A implementação da estratégia revista visa alcançar “a melhoria do estado de conservação de espécies e habitats em Portugal; o restauro de 30% dos ecossistemas degradados até 2030; a maior integração da proteção da biodiversidade no desenvolvimento económico e territorial; o fortalecimento dos mecanismos de governança e de participação e o cumprimento dos compromissos internacionais assumidos por Portugal”.
Segundo a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade 2030, Portugal é “um país rico em património natural”, com “uma grande variedade de ecossistemas, habitats e paisagens”. Estima-se que ocorram em Portugal 35.000 espécies de animais e plantas, ou seja, 22 % da totalidade de espécies descritas na Europa e 2 % das do mundo.
Essa riqueza natural pode ajudar o desenvolvimento do país, segundo a Estratégia. “Portugal deve-se posicionar na vanguarda da valorização económica da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas, encarando-os como ativos estratégicos essenciais para a coesão territorial, social e intergeracional.” E são vários os caminhos a seguir, desde a própria conservação da natureza até à agricultura, floresta, mar e turismo.
Mas há problemas – como as alterações climáticas, o despovoamento dos territórios e as espécies exóticas invasoras -, que estão a provocar a perda da biodiversidade no país. Esta é uma tendência que é preciso “estancar”.
Cavalos semi-selvagens ajudam a reduzir risco de incêndios, segundo novo estudo
![]() |
| Grande Vale do Côa. Foto: Rewilding Portugal |
Ao longo de três anos, uma equipa de investigadores estudou o impacto do da transição do pastoreio extensivo de gado tradicional para o pastoreio de cavalos semi-selvagens na paisagem do Grande Vale do Côa, mais concretamente em duas áreas rewilding, Vale Carapito e Ermo das Águias. Estas áreas foram adquiridas pela Rewilding Portugal em 2020 e 2021, respectivamente.
As organizações que participaram no estudo incluíram o MARETEC da Universidade de Lisboa, a Rewilding Portugal, a Rewilding Europe e o Hill and Mountain Research Centre of Scotland’s Rural College.
As parcelas em ambos os locais – exclusivamente pastoreados por cavalos Sorraia, uma raça autóctone portuguesa adaptada a viver em condições selvagens ou semi-selvagens e que está reduzida a cerca de 200 indivíduos em todo o mundo – foram vedadas e usadas como locais de controlo sem pastoreio.
Os resultados do estudo mostraram que o pastoreio de cavalos nessas duas áreas reduziu a altura e a quantidade de vegetação e, por isso, o risco de incêndios florestais.
![]() |
| Grande Vale do Côa. Foto: Rewilding Portugal |
Mas se os cavalos ajudaram a controlar as gramíneas, tiveram pouco impacto na vegetação lenhosa, que também é facilmente combustível.
Por isso, os co-autores do estudo sugerem que uma combinação de diferentes herbívoros – como cavalos, veados, bisontes europeus ou gado extensivamente pastoreado – pode ser ainda mais eficaz na redução do risco de incêndio em paisagens mediterrânicas, porque diferentes espécies pastam em diferentes tipos de vegetação, promovendo uma maior função e resiliência do ecossistema.
A investigação concluiu também que o pastoreio por cavalos Sorraia aumentou a proporção de plantas com flor na paisagem o que, por sua vez, pode aumentar a quantidade de alimento disponível para insectos polinizadores, como abelhas e borboletas.
Outro benefício apontado neste estudo é que o pastoreio natural pelos cavalos também aumentou a quantidade de matéria orgânica no solo – que é fundamental para aumentar a biodiversidade do solo – e apoiou o crescimento de diferentes espécies de árvores autóctones. Este segundo impacto é particularmente importante em locais onde a natureza selvagem está a recuperar de incêndios intensos e recorrentes, como é o caso de Ermo das Águias.
Desde a sua fundação em 2011, a Rewilding Europe reintroduziu e reforçou populações de cavalos semi-selvagens em muitas das suas paisagens, desde os cavalos de Przewalski em Espanha, aos cavalos Konik e Karakachan nas Montanhas Rhodope da Bulgária e ainda o cavalo Sorraia no Grande Vale do Côa.
“Através do seu pastoreio natural e de outras interações com as paisagens e a sua vida selvagem, os cavalos selvagens e semi-selvagens desempenham um papel ecológico essencial, razão pela qual é tão importante restaurar as populações em toda a Europa”, defende a Rewilding Portugal.
Foi em Maio de 2021 que uma primeira manada de dez cavalos Sorraia chegou ao Vale Carapito, no concelho do Sabugal. Um ano depois chegou outra manada, desta vez ao Ermo das Águias, no concelho de Pinhel.



































