terça-feira, 9 de setembro de 2025

OS FIDALGOS - MEIXEDO


 Na parede do corpo da igreja matriz de Meixedo, concelho de Bragança,
lado do Evangelho, foi  aberto um elegante arco de granito para construir a Capela das Almas, assim chamada por ser hoje sede da Confraria das Almas. A capela é elegante, airosa, proporcionada, de tecto abobadado e apainelado em granito, com pinturas de personagens e cenas religiosas sem valor artístico, como igualmente o não tem a talha dourada do altar, onde se vê, a um canto, como que escondido, um baixo relevo que representa um frade dominicano içando por intermédio do seu rosário, à laia de guindaste, almas do Purgatório para o Céu. Está-se a ver, entre nós, a exemplificação da ideia do famoso Juízo Final de Miguel Ângelo.
No pavimento da Capela, toda também lajeada de granito, sob uma sepultura brasonada, há a seguinte legenda de letras inclusas e conjuntas em que o lapidário meteu por sua conta alguns rabiscos a mais:

«S[epultura] de Manoel da Nobreca de Azevedo abade de Meixedo»

Dos Estatutos da Confraria das Almas de Meixedo, que se conservam no arquivo paroquial desta freguesia, feitos a 30 de Maio de 1742, vê-se que o abade Manuel da Nóbrega de Azevedo, licenciado, pároco de Meixedo durante quarenta e cinco anos, fundou a capela em 1695 com encargo de três missas semanais, vinculando-lhe um grande casal constante de casas, terras, vinhas, prados e foros, do qual seriam administradores os párocos seus sucessores. Mais dispôs em testamento que seu sobrinho José da Nóbrega de Azevedo, abade que lhe sucedeu, com o produto da prata e móveis que deixou, lhe estabelecesse missa quotidiana.
Deste importante casal possuem apenas hoje os párocos de Meixedo as casas da residência, onde ainda vimos o escudo do abade fundador, agora depositado no Museu Regional de Bragança, aberto em madeira, a ornamentar a sala principal da casa, idêntico ao que existe na sua sepultura na capela indicada.
O abade Manuel da Nóbrega de Azevedo foi visitador na diocese pelo bispo D. André Furtado de Mendonça, em 1676.
Em 1674 representou o bispo da Guarda, D. Martim Afonso de Melo, que então possuía também o benefício de S. Vicente, em Bragança, ao fazer-se o Tombo dos bens desse benefício, que se encontra no Museu Regional de Bragança.

Ver o volume IV, pág. 336, destas Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança.

MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

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