Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Chegam sempre no tempo certo. O lume acesso. As memórias de tantos invernos apegam-se à pele e sente-se o frio antiquíssimo das chegadas e das partidas. E a mãe tão perto. Voltas sempre! E é quase novembro… só que hoje não virá ninguém para a nossa velada… na tua ausência!
… o pai chega sempre ao entardecer… apanhou cogumelos lá para os lados de Valguimbra!
… ainda o ano passado morreu uma família inteira… e os cogumelos amaciam no vagar do pote… e morre-se lentamente… no susto antes de morrer... no aperto do estomago…
E todos os anos se cumpre o ritual dos cogumelos… todos os anos se espera… acordar… todos os anos se diz: - Que cogumelos tão bons!
… morreste-me! Talvez digas um dia!... ou talvez não! Só morre quem Deus quer! Diz a tia Filomena na sua sabedoria secular!... Até lá vamos aos cogumelos no segredo dos montes, na frescura do pinhal e vamos repetindo mais um ano: - Que cogumelos tão bons!
… e discretamente rimo-nos da eternidade!
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.


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