sexta-feira, 28 de novembro de 2025

12 concelhos do distrito de Bragança e um só objetivo


 Há momentos na história de um território nos pedem que os escutemos. O distrito de Bragança vive um desses momentos, silencioso, mas urgente. Doze concelhos espalhados por montes, vales e planaltos, todos diferentes, todos orgulhosos das suas raízes, mas todos confrontados com as mesmas fragilidades, os mesmos desafios e a mesma vontade de sobreviver com dignidade no mapa do país, e valorizando as suas Gentes.

Bragança, Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Vimioso, Mogadouro, Vinhais, Carrazeda de Ansiães, Alfândega da Fé, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta e Vila Flor: cada um guarda as suas histórias, as suas tradições e um sentido profundo de pertença. Mas cada um, também, carrega as mesmas dores, a perda constante de população, o envelhecimento acelerado, a falta de investimento, a dificuldade de acesso a serviços essenciais, a eterna promessa de desenvolvimento que teima em não chegar. Doze concelhos, doze realidades, mas uma só verdade, aquilo que enfrentam é comum.

É por isso que os objetivos também têm de ser comuns. Não há futuro possível se cada um continuar a lutar sozinho por migalhas, como se a vitória de um fosse a derrota do outro. O isolamento nunca trouxe prosperidade a ninguém. E o distrito já não tem margem para divisões artificiais ou rivalidades antigas que servem apenas para enfraquecer a nossa voz coletiva. Não há tempo, nem gente, a perder em disputas internas que só aprofundam o que já é frágil.

Precisamos de reconhecer, com humildade e coragem, que olhar apenas para o próprio umbigo é condenar-nos a um desaparecimento lento. A união não é um gesto simbólico, é uma necessidade vital. Significa traçar prioridades partilhadas, investir onde faz falta, criar estratégias que sirvam todos, defender com firmeza o que é nosso perante quem decide longe daqui. Significa também perceber que os “inimigos”, se essa palavra ainda tem algum lugar, não são os vizinhos do concelho ao lado, nem os poucos que ainda resistem e fazem esforço para manter viva esta região.

Os verdadeiros obstáculos estão muitas vezes noutro lado, nas estruturas nacionais dos partidos, que se alimentam de lógicas centralistas em decisões tomadas em Lisboa sem ouvir quem vive cá, em interesses que não conhecem nem as terras, nem as pessoas, nem a realidade do interior profundo. São essas estruturas, esses sistemas, que tantas vezes desviam a energia que deveria ser usada para construir soluções locais. Não somos nós os adversários uns dos outros, é a indiferença de quem não vê este território como prioridade.

Unir os doze concelhos é obrigatório para podermos ambicionar um futuro, é construí-lo com as mãos de quem cá vive. É reivindicarmos, juntos, melhores acessos, mais cuidados de saúde, incentivos reais à fixação de pessoas e empresas, escolas e serviços que não desertem, políticas pensadas para a ruralidade em vez de aplicadas a régua e esquadro desde a capital. É mostrar que ainda existe força, voz e visão no distrito de Bragança, e que essa força é coletiva.

Talvez este seja o tempo de deixarmos de pensar como pequenas ilhas espalhadas por um mapa e começarmos a pensar como um só território. Um território que não desiste, que não se resigna, que recusa ser tratado como margem ou rodapé. Um território que sabe o seu valor e exige que esse valor seja reconhecido.

A união não resolve tudo, mas sem ela nada se resolverá. É este o apelo que a terra nos faz, e que nós devemos fazer uns aos outros. Porque se não formos capazes de nos unir agora, o que restará para unir mais tarde? NADA, só terra de fogo.

A Capital do Distrito deve ser o timoneiro,  tem obrigações acrescidas neste apelo à união. Estes tempos novos são de esperança. Que não nos obriguem a desistir...

HM

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