(Colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
RECEITA PARA CONFECIONAR PENSAMENTOS DIÁRIOS
(passatempo de gente muito estranha)
1. Pega num cérebro enferrujado (pode ser o teu, que está há anos a repetir-se e a curvar-se sem nunca perguntar porquê).
2. Limpa, cuidadosamente, a acumulação de obediência.
3. Deixa-o a marinar, sem pressa, num molho concentrado de consciência, ao qual deverás ter acrescentado, primeiro, 2 gotas de essência da razão.
4. A seguir, agarra numa ideia selvagem e lava-a bem das opiniões alheias (especialmente das mais persuasivas, daquelas que cospem certezas sem terem certeza de nada).
5. Corta em fatias finíssimas os “sempre foi assim” e os “toda a gente faz” (são demasiado duros e causam indigestão mental).
6. Adiciona os ingredientes principais: pensamento e ousadia - em doses necessárias para ultrapassar os próprios limites.
7. Substitui o medo por curiosidade insultuosa, junta 3 gramas de insurreição e uma pitada de ironia.
8. Mexe energicamente. Questiona bastante. Incomoda muito.
(a ignorância é sensível e azeda com facilidade)
9. Cozinha em lume forte até que comece a emanar um agradável aroma a liberdade.
10. Consome diariamente, quentinho e com entusiasmo.
Partilha esta receita.
Contamina outros.
Pensar é a coisa mais perigosa e mais bela que existe!
_____________
Advertência:
Não esperes aplausos nem agradecimentos. E, se sentires um ligeiro incómodo, não caias na tentação de fugir. Aprende a viver com o facto de seres, agora, fartamente pesado na maioria dos ambientes. As sociedades consideram o Pensar como um ato suspeito, de subversão, e não apreciam aqueles que despertam mesmo quando precisam urgentemente deles.
- Paula Freire -
Paula Freire - Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal.
Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e do Autoconhecimento, bem como à prática de clínica privada.
Filha de gentes e terras alentejanas por parte materna e com o coração em Trás-os-Montes pelo elo matrimonial, desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, onde se descobre nas vivências sugeridas pelos olhares daqueles com quem se cruza nos caminhos da vida, e onde se arrisca a descobrir mistérios escondidos e silenciosas confissões. Um manancial de emoções e sentimentos tão humanos, que lhe foram permitindo colaborar em meios de comunicação da imprensa local com publicações de textos, crónicas e poesias.
O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021, “Cultura Sem Fronteiras” (coletânea de literatura e artes) e “Nunca é Tarde” (poesia), e da obra solidária “Anima Verbi” (coletânea de prosa e poesia) editada pela Comendadoria Templária D. João IV de Vila Viçosa, em 2023. Prefaciadora dos romances “Amor Pecador”, de Tchiza (Mar Morto Editora, Angola, 2021), “As Lágrimas da Poesia”, de Tchiza (Katongonoxi HQ, Angola, 2023), “Amar Perdidamente”, de Mary Foles (Punto Rojo Libros, 2023) e das obras poéticas “Pedaços de Mim”, de Reis Silva (Editora Imagem e Publicações, 2021) e “Grito de Mulher”, de Maria Fernanda Moreira (Editora Imagem e Publicações, 2023). Autora dos livros de poesia: Lírio: Flor-de-Lis (Editora Imagem e Publicações, 2022) e As Dúvidas da Existência - na heteronímia de nós (Farol Lusitano Editora, 2024, em coautoria com Rui Fonseca).
Em setembro de 2022, a convite da Casa da Beira Alta, realizou, na cidade do Porto, uma exposição de fotografia sob o título: "Um Outono no Feminino: de Amor e de Ser Mulher".
Atualmente, é colaboradora regular do blogue "Memórias... e outras coisas..."- Bragança e da Revista Vicejar (Brasil).
Há alguns anos, descobriu-se no seu amor pela arte da fotografia onde, de forma autodidata, aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza.


Sem comentários:
Enviar um comentário