(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Incursões para os mais crentes, para os menos crentes ou para os que não crêem em coisa nenhuma…
Há quase quatro séculos, a Imaculada Conceição foi consagrada como Padroeira e Rainha de Portugal. Aqui trazendo este dogma da Igreja, não apenas pelo dia feriado, mas porque essa consagração foi feita por uma figura que carregava «sangue Braganção». Tal como já por aqui o trouxe, há uma semana, D. João IV, tal como toda a posterior Dinastia de Bragança, carregava, por via inicialmente feminina, genes bragançanos. Vale o que vale, todavia tenho imenso orgulho nisso! Porque não serão todas as terras a poderem afirmar o mesmo…
Naturalmente, arriscar-me-ei a mais umas incursões de gente que confunde «Bragançãos» com «Bragançanos», que confunde «Bragançãos» com «Casa de Bragança», ou «Ducado de Bragança», ou «Dinastia de Bragança». Também correrei o risco de ver D. João IV tratado por «caçadorzinho», ou outras coisas provindas do destilar de sabe-se lá o quê… Porém, conscientemente corro o risco, isso não me inibindo de continuar a partilhar umas «coisecas» com os meus conterrâneos (e com não conterrâneos, pelos vistos).
O distrito de Bragança possui uma longa história ligada ao culto da Imaculada Conceição. Embora, em termos da lista de «títulos de Nossa Senhora» por aqui invocados, apenas ocupe o quarto lugar. Contudo, não deixa, sob o título de Nossa Senhora da Conceição, de ser a padroeira de, pelo menos, duas paróquias no distrito, havendo o registo da existência de mais de duas dezenas de capelas a si dedicadas. Havendo, igualmente, o registo histórico de meia dezena de confrarias ou irmandades com a sua designação.
Curiosamente, são muitas as igrejas que, não tendo a Imaculada Conceição como padroeira, por lá contêm uma invocação a Nossa Senhora da Conceição. Estranho sendo que, até não há muito tempo, os concelhos mais a sul, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo, não obstante haver o registo de algumas capelas, não tinham, nas suas dezenas de igrejas, qualquer invocação à Imaculada Conceição. Curiosidades, apenas…
Não irei contar aqui a história do culto à Imaculada Conceição em Portugal. Já vem de muito longe… Nem que, há quase 550 anos, a sua celebração foi inscrita no calendário litúrgico. Nem que, há quase 380 anos, o monarca com sangue Braganção lhe consagrou Portugal. Nem que, há pouco mais de 170 anos a Imaculada Conceição foi definida como dogma, pela Igreja.
Num distrito, tal como num país, de marcada devoção mariana, independentemente dos cultos religiosos que cada um terá o direito de advogar, é inevitável não trazer aqui um facto que (talvez) muitos não terão ainda pensado. Recentemente, trazia aqui um texto intitulado «A sublime «pobreza» do distrito de Bragança». Dentro dessa «sublime pobreza» inclui-se o facto de a sede dos Marianos da Imaculada Conceição, em Portugal, se situar… no distrito de Bragança! Num local paradisíaco, mágico, soberbo…
Era só isto…
Um excelente feriado para todos!
Rui Rendeiro Sousa – Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer.
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas.
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana.
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros.
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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